"UFC gosta de quem fala palavrão", diz brasileiro mais embalado do evento
Resumo da notícia
- Charles do Bronx desabafou em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. Dono de um perfil tranquilo, reclamou da falta de chances no topo.
- "O UFC gosta do cara que fala palavrão, que vende a luta xingando o outro. Para mim, esses caras são palhaços", disse.
- O brasileiro soma seis vitórias consecutivas e possui a melhor sequência entre os lutadores masculinos brasileiros.
- Charles mira um lutador top-5, mas não quer esperar para voltar ao octógono. Ele ainda não tem um combate agendado.
- Depois de nocautear Jared Gordon em novembro, o lutador aproveitou o tempo livre para visitar o sítio da família.
São seis vitórias consecutivas. Nenhum atleta masculino brasileiro se encontra em um momento tão bom no Ultimate Fighting Championship. Charles do Bronx alcançou a melhor sequência da carreira, mas ainda se encontra longe de disputar o cinturão da categoria leve. Mas, afinal, o que pode estar faltando para este paulista do Guarujá ganhar a chance de chegar ao topo. O próprio opinou sobre o assunto, em conversa com a reportagem do UOL Esporte.
Charles tem um perfil tranquilo. Quando está longe da academia ou do octógono, viaja com os pais para o sitio da família, localizado no litoral de São Paulo. Durante a preparação, não provoca, não xinga. Não vende a luta de maneira "tradicional". Esta postura mais low profile, para o brasileiro, é decisiva para as "coisas demorarem mais".
"O UFC gosta do cara que fala palavrão, que vende a luta xingando o outro. Para mim, esses caras são palhaços. Vou vender minha luta mantendo humildade, respeito. Gosto de olhar olho no olho durante a pesagem, você nunca vai me ver fazendo isso [provocando adversários]", afirmou o lutador.
Com seis vitórias seguidas no evento mais famoso de MMA do planeta, Charles do Bronx só possui retrospecto abaixo ao da multicampeã Amanda Nunes, que superou as últimas nove adversárias no evento.
Dentro desta sequência de seis triunfos, o paulista acumulou cinco premiações de performance da noite. Os resultados e desempenho justificam uma chance pelo topo, mas a postura mais contida fora do octógono joga contra o brasileiro dentro do mercado do UFC, segundo autoanálise.
"Demora muito para eu ter uma boa luta ou uma chance de cinturão, eu sei disso. Mas não penso em mudar meu jeito de vender um combate. Não vou mudar minha índole para disputar um cinturão. Vou disputar um dia e será do meu jeito, dando show lá em cima. Não adianta falar um monte de bosta de alguém para poder lutar", acrescentou.
As vitórias consecutivas aumentam o desejo por um combate ainda mais chamativo. Charles do Bronx mira alguém top-5 no ranking da divisão; entretanto, não quer esperar para lutar.
Assim, Conor McGregor, talvez o maior nome da categoria na questão midiática, ficará para o futuro. "Ele vai lutar agora, eu não vou esperar muito tempo. Eu mereço um cara top-5; são seis vitórias seguidas, mereço isso. Os meus resultados falam por mim."
"2020 promete"
Em constante evolução técnica e de resultados, Charles do Bronx expõe certa ansiedade pelo ano que vem pela frente. Ciente de que está perto da maior chance da carreira e vislumbrando o cinturão de longe, o lutador do Guarujá se refugia no próprio litoral para se afastar deste ambiente do UFC.
"Gosto de ir para meu sítio, ficar com os meus pais e mexer com o gado. Também gosto bastante de cavalo, andar lá. Sempre que posso, vou lá descansar e fugir da luta. Treino igual a um louco, mas sempre que posso vou para lá", contou à reportagem.
Durante os treinos como "um louco", Charles enxerga o momento de maturidade na profissão. Tanto que se mostra com grande expectativa para a próxima temporada de lutas. Quem sabe, em 2020, a chance pelo cinturão chega.
"Tenho que melhorar em tudo. Sempre penso que vencendo ou perdendo, tenho algo a mais para agregar. Os resultados estão vindo. Estou evoluindo e tendo resultados pelo que estou treinando. As coisas estão andando bem, e 2020 promete bastante", encerrou Charles do Bronx.
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