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Prisões, protestos e pressão nas regras: o que mudou após reação de Vini Jr

Do UOL, em São Paulo

23/05/2023 14h54

A resposta combativa de Vinícius Jr. no campo e nas redes sociais após ser vítima de atos racistas durante Valencia x Real Madrid tem impulsionado o combate ao racismo no futebol.

O que aconteceu

A repercussão dos ataques a Vinícius Jr. movimentou ações governamentais e de organizações do futebol. Confira abaixo exemplos de como a reação do jogador brasileiro impulsionou a tomada de providências, e quais os impactos efetivos até o momento.

La Liga quer poder de punição

A organizadora do Campeonato Espanhol solicitará formalmente mudanças nas leis do país. No momento, La Liga pode denunciar e identificar autores de atos racistas, mas precisa repassar ao Ministério Público para haver qualquer possibilidade de punição.

A entidade quer ter competência para punições como proibição do acesso nos casos de sócios/torcedores e aplicação de sanções financeiras, sem prejuízo de adoção de medidas provisórias ou cautelares que se configurem adequadas.

La Liga diz que 'denúncias são descartadas sem nem mesmo chegar aos tribunais', e lamenta 'como os procuradores de cada região não têm um critério padrão na hora de classificar esses atos'.

Federação cria campanha antirracismo

Federação Espanhola lança campanha de combate ao racismo. - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Federação Espanhola lança campanha de combate ao racismo.
Imagem: Reprodução/Twitter

A Real Federação Espanhola de Futebol lançou hoje um programa de combate ao racismo. A iniciativa foi uma resposta às críticas do Real Madrid sobre a falta de medidas contundentes.

Com o lema "Racistas, fora do futebol", a entidade quer erradicar o racismo dos estádios. Ela defende que insultos ou atitudes discriminatórias são intoleráveis e injustificáveis.

A campanha estreará hoje, na semifinal da Copa da Rainha, e aparecerá em todas as partidas até o fim da temporada. A Real Federação Espanhola de Futebol usará a #RacistasFueraDelFútbol em suas redes sociais.

Prisões

Sete suspeitos foram detidos nesta terça-feira pela Polícia da Espanha. Três em Valência, pelas ofensas proferidas a Vinícius Jr. no último domingo, e quatro em Madri, pelo episódio em janeiro quando torcedores do Atlético de Madrid simularam enforcamento de um boneco do brasileiro.

Os três presos em Valência foram liberados, segundo a TVE. Detidos sob a acusação de crime relacionado ao exercício dos direitos fundamentais e das liberdades públicas, os homens terão obrigação de comparecer ao tribunal.

Os quatro presos por causa do boneco que fazia referência ao atacante têm ligações com torcidas organizadas do Atlético de Madrid. Eles são jovens de 19, 21, 23 e 24 anos.

Governos se unem

Os governos do Brasil e da Espanha emitiram nota conjunta cobrando ações efetivas. O texto prega solidariedade a Vinícius Jr. e afirma que o esporte deve refletir valores de igualdade, respeito e diversidade.

"Insiste a obrigação de todas as instituições competentes responderem com a maior diligência para agir contra este e todos os casos que ocorrem no campo desportivo e que não podem ficar impunes, garantindo o acompanhamento, proteção e reparação das vítimas desses crimes", diz um trecho do texto.

Longo caminho pela frente

Vinícius Jr. cobrou mais de uma vez por medidas efetivas contra o racismo desde os ataques sofridos no último domingo. "O que falta para criminalizarem essas pessoas? E punirem esportivamente os clubes?", questionou o atacante em texto publicado no seu perfil no Instagram.

"Quero, sobretudo, inspirar e trazer mais luz à nossa luta", escreveu Vinícius Jr. sobre homenagem recebida no Cristo Redentor. "Tenho um propósito na vida e, se eu tiver que sofrer mais e mais para que futuras gerações não passem por situações parecidas, estou pronto e preparado", adicionou.