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Rodrigão diz que relação com Hortência ajudou na carreira: 'baixava a bola'

Rodrigão ao lado de Hortência; casal ficou junto por cinco anos - Julia Moraes/Folhapress
Rodrigão ao lado de Hortência; casal ficou junto por cinco anos Imagem: Julia Moraes/Folhapress
Vanderlei Lima e Augusto Zaupa

Do UOL, em São Paulo

24/09/2022 04h00

Os 19 anos de diferença não foram empecilho para o relacionamento entre Hortência e Rodrigo Fernandes Alflen, o Rodrigão. O casal esportivo teve um relacionamento que durou cinco anos e se encerrou em 2010. Mesmo assim, o ex-centroavante do Santos, Palmeiras e Internacional, entre outros tantos clubes, ainda tem carinho pela Rainha do Basquete. Tanto que afirmou que a ex-companheira foi fundamental em determinado momento de sua carreira.

"Ela me ajudou bastante a crescer como esportista, porque eu nunca tinha razão, como que eu vou discutir? O atleta tem muito disso. Dizia que eu não estava jogando porque o treinador não gostava de mim, porque o preparador físico não me treinava, porque eu não sabia quem também não gostava de mim... E aí ela falava: 'Rodrigo, ninguém gosta de ti, cara. Não é possível, tu já parou para pensar que você pode estar errado também?", recordou o ex-jogador de 44 anos, em entrevista ao UOL Esporte.

"Uma vez eu estava no veneno porque o time perdeu e eu também não joguei bem. Ela falou: 'não discute comigo, porque eu conquistei tudo na minha profissão'. E daí o que acontecia? Eu não discutia. Eu baixava a bola e tinha de escutar. Isso me credenciou a ser um atleta melhor, um ser humano melhor. Ela foi muito importante nesse sentido", acrescentou.

Talvez por falta de paciência, Rodrigão rodou, e muito, no futebol. Ao longo de cerca de duas décadas de carreira como jogador profissional, foram quase 20 clubes no currículo. O ex-atleta natural de Santos recordou que, se a Rainha do Basquete estivesse entrado na sua vida antes, não teria feito "tanta besteira".

"Ela brincava comigo. Falava que, se tivesse chegado antes, não teria feito tanta besteira. Quando a gente é mais jovem, por mais que tenha uma estrutura familiar, você não tem uma estrutura profissional e na minha carreira as coisas aconteceram muito rápido, como acontece com os atletas. Eu fiz besteira pra caramba. Hoje eu estou tendo a oportunidade de trabalhar com jovens e citar exemplos. Você só consegue orientar uma pessoa, um jovem, por aquilo que você viveu. Não adianta eu chegar para um jovem e falar: 'pedala cinco vezes para um lado, cinco vezes para outro e faz um gol de letra. Ele vai chegar pra mim e vai falar: 'você já fez?' Eu vou falar não", analisou Rodrigão.

Rodrigão, ex-atacante com passagem pelo Santos  - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Rodrigão em ação pelo Santos
Imagem: Reprodução/Instagram

'Santos precisa de pessoas capacitadas'

Atualmente trabalhando no departamento de futebol do Jabaquara e também em uma empresa que agencia a carreira de atletas, Rodrigão tem know-how para analisar a atual situação do Santos, somado ao fato de que atuou por duas ocasiões com a camisa do Alvinegro praiano, entre 1999 e 2001. Até por isso, apontou que o presidente Andrés Rueda não soube se cercar com profissionais capacitados para gerir o departamento de futebol.

"Ele entrou no ano passado. O Santos passa até hoje por um momento muito difícil, muito mais economicamente. Ele arrumou as contas, entende de economia. Agora, ele tem que trazer ou tinha que ter trazido, enfim, pessoas que entendessem de futebol e dar autonomia para elas trabalharem. O que nesse momento está acontecendo descredencia ele. Em menos de dois anos vieram quatro, cinco treinadores, e trouxe jogadores que, de repente, acabaram não dando certo. Então, é um empresário que teve sucesso no ramo dele e está ajeitando as contas do clube. Agora, levando isso para o futebol, ele precisa trazer pessoas capacitadas que entendam de futebol", analisou.

"Saindo um pouco do Rueda, hoje as categorias de base do futebol brasileiro cobram de um treinador resultado num sub-11 e sub-13. Pô, deixa a molecada brincar, não cobra resultado. Senão a gente vai bater no perfil. Hoje as categorias de base de times grandes têm tudo jogador alto. Por quê? Porque eles precisam de resultado para ganhar. Daí chega num sub-15, sub-16 e eles não têm qualidade técnica", completou.

Outros trechos da entrevista com Rodrigão:

Neymar é 'o cara' da seleção

"Eu te pergunto: se hoje a nossa seleção não tem o Neymar, você acredita que vai ganhar a Copa? E muita gente ainda critica ele, pô! O Neymar é isso, o Neymar é aquilo. Eu fico preocupado quando o Neymar parar de jogar, porque a gente está perdendo as nossas referências, a gente está perdendo os ídolos. Se sair o Neymar, quem é o nosso ídolo? A gente vai ficar carente. Estão surgindo novos jogadores, Vinícius Junior, Rodrygo, mas eles são jovens ainda. A gente não tem um ídolo. Mas por que isso? Vamos lá na formação, a gente está perdendo as referências de formação."

Rodrigão durante sua passagem pelo Palmeiras, em 2007 - Fernando Santos/Folha Imagem - Fernando Santos/Folha Imagem
Rodrigão durante sua passagem pelo Palmeiras, em 2007
Imagem: Fernando Santos/Folha Imagem

Diniz na seleção e Fluminense campeão

"Gostaria que o Fluminense ganhasse o Campeonato Brasileiro. Li que vão fazer ou fizeram um convite pro [Fernando] Diniz ser o novo treinador da seleção. Sou fã do trabalho dele. Ele tinha que ter um tempo maior para poder fazer isso e esse tempo maior só se tem na base, né? Por que time grande assim não tem esse tempo, é tudo o resultado a curto prazo. Alguns jogadores amigos meus já trabalharam com ele no Athletico-PR, no próprio Fluminense na outra geração, no Santos, elogiam demais ele. Ele faz o jogador jogar futebol. Eu gostaria de vê-lo com título em 2022. Eliminado na Copa do Brasil, sobrou o Brasileiro. Mas acho difícil porque teria que ter muitos tropeços do Palmeiras."

Diniz contra o modismo

"Virou um modismo porque dois técnicos, o Jorge Jesus e o Sampaoli, fizeram bons trabalhos aqui no Brasil. E daí veio o Diniz para sair deste modismo. Hoje as equipes, os gestores se protegem trazendo treinadores estrangeiros, porque quando você fala de um treinador brasileiro você já tem aquela desconfiança do torcedor. O treinador já chega com umas cobranças. Quando é um treinador estrangeiro, o torcedor fala em dar um prazo pra ele, porque daí ele traz os jogadores dele. Então, você tem dois, três meses de prazo pra torcida começar a cobrar. Acho que os clubes usaram isso como uma estratégia. Mas nós temos bons treinadores. O Dorival é um deles. O mais importante é você ser um gestor de pessoas."

Falta espaço para jogadores técnicos

"Criamos um modelo, um sistema querendo copiar muito a Europa, que é um sistema de perfil, jogador alto, jogador com força em todas as gerações. O goleiro sempre teve de ser alto, o zagueiro tem de ser alto, o centroavante tem de ser alto... Pô, eu quero ter um Rivaldo, quero ter um Giovanni, mas eu não posso esquecer que o Soteldo também é importante para o time. Ele tem uma qualidade técnica. Hoje os clubes, até por eu trabalhar em base, não dão oportunidade para esses jogadores [baixos]. Hoje o perfil do jogador de linha é acima de 1,80 m. Eu sei porque eu já passei por isso. Indiquei um jogador nosso do Jabaquara e a primeira pergunta do preparador de goleiros foi qual era a altura dele. Falei que era 1,84 m e ele me disse a média do time dele era 1,87 m.

Fé no Athletico na final da Libertadores

"Por ter o Felipão, treinador que está acostumado com esse tipo de competição, de um jogo decisivo, se torna um jogo em aberto. Pelo elenco e pelo que vem jogando, o Flamengo é favorito. Mas o Athletico se classificou em cima do Palmeiras, que também é um baita elenco, enfim, o Athletico chega com muita moral. O Athletico tem aquele túnel do tempo no CT do Caju e, se eu não me engano, tem o objetivo é ser campeão mundial até 2024. O resto já foi conquistado."