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Formiga celebra recorde de público no Brasileirão feminino: 'Luta de anos'

Formiga, que participou de oito Copas do Mundo, celebra momento do futebol feminino - Lucas Figueiredo/CBF
Formiga, que participou de oito Copas do Mundo, celebra momento do futebol feminino Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Do UOL, em São Paulo

23/09/2022 04h00

Anunciada como parte do time de comentaristas da TV Globo para a Copa do Mundo, Formiga celebrou os recordes de público que vêm sendo quebrados semanalmente no futebol feminino. No último fim de semana, o jogo de ida da final entre Internacional e Corinthians recebeu mais de 36 mil pessoas, o maior público da história da competição no Brasil.

A marca, no entanto, já foi atingida antes mesmo do jogo de volta, que acontecerá no sábado (24) na Neo Química Arena. O Corinthians anunciou na quarta-feira (21), quatro dias antes da partida, que 39 mil ingressos já haviam sido vendidos. Para Formiga, que jogou todas as oito Copas do Mundo femininas -ela foi convocada na primeira delas, em 1991, e seguiu na seleção brasileira até 2019- o momento é histórico.

"É uma luta de anos, e não só minha. Cheguei ao futebol na década de 1990, mas, antes de mim, já havia muitas mulheres brigando por esse espaço. As verdadeiras pioneiras certamente estão honradas", declarou a ex-atleta, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Me deixa muito feliz saber que todo o nosso trabalho não tem sido em vão. Sinto que, um dia, todos os nossos jogos vão estar lotados. A partir disso, teremos uma estrutura melhor para que o país abrace totalmente o futebol feminino"

Foram 40 anos de proibição do futebol feminino no Brasil, como ressalta a jornalista e colunista do UOL Esporte Milly Lacombe. Com esse contexto histórico, não tem como não celebrar cada barreira que as atletas mulheres vêm rompendo. É nessa toada que a Globo apresentou, pela primeira vez em sua história, mulheres narrando e comentando a Copa do Mundo: Natália Lara, Renata Silveira e Ana Thaís Matos representarão a emissora no Qatar.

Milly comenta o momento: "É um grande ano, a final de sábado deve ser histórica. Acho que teremos 40 mil pessoas —talvez até mais— e um estádio lotado torcendo pelo futebol feminino. Foram 40 anos de proibição e, mesmo depois de liberado, esse esporte teve de lutar contra inúmeros preconceitos para poder começar a se estabelecer. Ainda assim, foi daqui que saiu a maior jogadora de todos os tempos".

O futebol feminino deve ser comparado ao que ele era ontem. Essa é a associação justa. É ela que dá a medida de como o esporte evolui rapidamente. O futebol masculino existe há mais de 100 anos e nunca sofreu nenhum tipo de proibição ou preconceito. Hoje, tem premiações milionárias, ao contrário do feminino. Apoiar o futebol feminino, assistir, torcer e ir ao estádio é um gesto de confiança em um Brasil melhor e socialmente justo.

A primeira partida terminou em 1 a 1. O técnico alvinegro Arthur Elias apostou em um esquema tático de três zagueiras, com Jaqueline e Tamires fazendo as alas numa segunda linha de cinco. Maurício Salgado, treinador do Internacional, espelhou o esquema para as coloradas, bloqueando a saída de bola corintiana com três atacantes -o que dificultou bastante o primeiro tempo das 'brabas'.

O Corinthians busca o tetracampeonato, enquanto as Gurias Coloradas querem levantar a taça do Brasileirão pela primeira vez. Apesar da vantagem corintiana, que fez melhor campanha e pôde decidir o campeonato em casa, o jogo de ida mostrou que a competição está aberta: Internacional e Corinthians protagonizarão uma final acirrada. E histórica.