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Torcedores filmam abuso de autoridade policial em jogo do Flu; PM investiga

Torcida do Fluminense durante derrota para o Fortaleza no Brasileirão - Thiago Ribeiro/AGIF
Torcida do Fluminense durante derrota para o Fortaleza no Brasileirão Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/10/2021 16h06Atualizada em 08/10/2021 19h19

O retorno da torcida do Fluminense ao Maracanã foi marcado por vaias, protestos e muita confusão na derrota para o Fortaleza, pelo Brasileirão. Para piorar, depois de 577 dias longe do estádio, torcedores filmaram uma ação truculenta de um policial do Bepe (Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios).

Na gravação, o agente ameaça um homem e duas mulheres na saída do setor sul.

"Desce logo ou eu vou te entupir de bala, seu filho da p... Desce logo", afirma. As imagens mostram o número de identificação do policial em seu batalhão, o 258.

O policial envolvido ainda está com a máscara no queixo, desrespeitando a Lei Federal 14.019 e a Lei Ordinária Estadual 8859, que obrigam o uso do acessório no combate ao coronavírus, além do Decreto 49.441, de 16 de setembro de 2021, da Prefeitura, que dispõe sobre as medidas de proteção à vida, de caráter excepcional, destinadas ao enfrentamento da pandemia de covid-19 em eventos-teste com público.

O UOL Esporte conseguiu contato com uma das torcedoras que aparece no vídeo. Dayana Santiago, de 24 anos, informou que a confusão foi por causa de uma foto após o apito final.

"Acabou o jogo e decidimos tirar fotos. Um dos stewards nos pediu para descer e sair do estádio. Pedimos cinco minutos para tirar fotos, já que fazia muito tempo sem ir ao Maracanã e além de tudo pagamos caro pelo ingresso, exame e todo o procedimento, sem contar o resultado do jogo. O homem que nos abordou concordou e ficou esperando ao lado. Depois, outro steward e o policial militar subiram completamente descontrolados e nos empurraram até a saída, com as ameaças que filmamos", contou.

As imagens foram publicadas no perfil de João Alves, torcedor de 19 anos que foi empurrado pelas escadas até a saída do setor sul do Maracanã. Seu relato foi postado junto do vídeo.

"VERGONHOSO! Descer a escada sendo empurrado de toda forma, ao ponto de quase rasgar a minha camisa e no final ter que escutar isso. Lamentável? Para esclarecer o porquê disso tudo. Apesar da derrota, foi gratificante poder voltar ao Maracanã depois de tanto tempo. Fomos tirar uma foto, o grupo nosso que estava ali, os policiais não quiseram esperar alegando que já tinha acontecido muita confusão e que eles não estavam mais com paciência. Um deles ainda virou pra nós e disse que nossa torcida era de merda, que só sabia arrumar confusão e entre outras coisas. Nisso começaram a nos empurrar até a saída, como mostra no vídeo e depois lamentavelmente veio esse outro policial".

Antes das filmagens, o policial já havia ameaçado Dayana e outra torcedora, que preferiu não se identificar. Após a publicação, mais torcedores relataram truculência deste e outros agentes no Maracanã.

Procurado pela reportagem, o tenente-coronel Hilmar Faulhaber, comandante do Bepe, informou que a demanda estava a cargo da Coordenadoria de Comunicação Social da PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro). A Polícia enviou uma nota oficial à imprensa.

"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que o Batalhão Especializado de Policiamento em Estádios (BEPE) teve acessos às imagens e instaurou um procedimento apuratório, no qual o policial envolvido será ouvido. A Polícia Militar reitera que não compactua com possíveis desvios de conduta por parte de seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos. Os canais da Corregedoria da Corporação para denúncias seguem à disposição dos cidadãos. O contato pode ser feito por telefone pelo número (21) 2725-9098 ou ainda pelo e-mail denuncia@cintpm.rj.gov.br. O anonimato do denunciante é garantido", informou.

O UOL questionou se o policial seguiria trabalhando em eventos durante o procedimento, mas não obteve resposta até o fechamento da reportagem.

O Grupo Sunset, que faz a segurança interna do Maracanã, também não atendeu às tentativas da reportagem até o fechamento desta publicação. O espaço está aberto para a manifestação da empresa, que opera as partidas do estádio desde sua reforma para a Copa do Mundo de 2014. Dois dos stewards que atendem o público nas arquibancadas também foram acusados de truculência pelos envolvidos.

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