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Fla diz que laudo aponta racismo de Ramírez. B. Henrique não ouviu "negro"

Bruno Henrique, do Flamengo, e Ramírez, do Bahia, discutem - Reprodução TV Globo
Bruno Henrique, do Flamengo, e Ramírez, do Bahia, discutem Imagem: Reprodução TV Globo

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/12/2020 17h56Atualizada em 22/12/2020 20h23

Rodrigo Dunshee, vice-presidente Geral e Jurídico do Flamengo, afirmou, no fim da tarde de hoje (22), que o clube pediu a especialistas do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) uma análise do vídeo em que Ramírez, do Bahia, aparece discutindo com Bruno Henrique. Segundo o dirigente, o laudo apresentado pelo centro nacional de referência na área da surdez no Brasil apontou que houve ofensa racial e a prova será apresentada ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e à polícia.

Procurada pela reportagem, a assessoria de Bruno Henrique informou que o jogador não ouviu Ramírez chamá-lo de "negro", como aponta o laudo do Ines.

A discussão entre os dois aconteceu no segundo tempo do duelo do último domingo, pouco após o fato relatado por Gerson, que garantiu que o jogador do Tricolor baiano falou "cala a boca, negro" a ele. O vídeo do bate-boca entre Ramírez e Bruno Henrique viralizou nas redes sociais no decorrer do dia de hoje.

"O Flamengo encomendou a especialistas do INES - INSTITUTO DE EDUCACAO DE SURDOS, uma leitura labial da situação do Ramirez com o Bruno Henrique momentos antes do que se passou com o Gerson. A prova revelou que teria havido a ofensa, vamos apresentar ao STJD e entregar a polícia", publicou.

Mais cedo, Gerson que prestou depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI), no Centro do Rio de Janeiro. Dunshee acompanhou o volante e entregou material em áudio e vídeo para a polícia.

Uma estratégia dos rubro-negros foi verificar todos os registros de áudio captados no gramado do Maracanã. Segundo apurou o UOL Esporte, nenhum deles, no entanto, apresentou com clareza a ofensa de Ramírez a Gerson.

"Estou aqui na delegacia, vim falar sobre o ocorrido. Quero deixar bem claro que não vim aqui só para falar por mim, mas também para falar por minha filha, que é negra, meus sobrinhos, que são negros, meu pai, minha mãe, amigos também, e a todos os negros que têm no mundo. Sobre o fato que aconteceu, hoje, graças a Deus, tenho um status de jogador de futebol, onde tenho voz ativa para poder falar e dar força para outras pessoas que sofrem de racismo ou outro tipo de preconceito", declarou Gérson em vídeo divulgado pelo Flamengo.