Neymar, Coutinho e Douglas: novo teste faz seleção ampliar repertório
Uma das críticas mais recorrentes ao desempenho da seleção brasileira nos amistosos do segundo semestre do ano passado foi a dificuldade para criar chances de gol contra adversários menos badalados e mais recuados. Após o título da Copa América foram duas derrotas (Peru e Argentina), três empates (Colômbia, Senegal e Nigéria) e somente uma vitória (Coreia do Sul).
Ontem, na primeira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, mais do que um resultado positivo era preciso mudar a má imagem deixada. Missão cumprida: completo domínio, 69% de posse de bola, 20 finalizações e o placar de 5 a 0 contra a Bolívia.
Em que pese a fragilidade da seleção boliviana, que vive uma crise institucional em sua federação e só mandou jogadores lado B da liga local ao país, o Brasil construiu sua vitória com autoridade, entregou resultado e desempenho e mostrou um repertório ofensivo que pode servir de lição para a sequência dos compromissos contra esse antigo trauma que é enfrentar retrancas.
Não à toa, o maior destaque em campo foi Neymar. Dúvida até horas antes de a bola rolar por causa de dores nas costas, o camisa 10 atuou "mais solto, central, com liberdade de movimentação para ir ao lado", nas palavras de Tite. Sem responsabilidade defensiva e com o campo alargado pelas presenças de Éverton Cebolinha (depois Rodrygo) na ponta direita e Renan Lodi na ponte esquerda, ele teve mais espaço para usar sua criatividade.
O saldo foi positivo: Neymar fez uma tabelinha com Renan Lodi, que deu assistência do segundo gol; deu passe para o terceiro com uma enfiada entre os zagueiros bolivianos; e ainda cruzou na medida para Philippe Coutinho fechar o placar em 5 a 0.
Coutinho, aliás, é outro elemento que se beneficiou da escalação de Renan Lodi espetado no ataque. Centralizado, mas com liberdade para cair pela esquerda, ocupar o espaço de Neymar e finalizar de média distância, ele foi outro destaque positivo da seleção em campo, com 86% de precisão nos passes, três finalizações e duas grandes chances criadas.
Esse sistema de jogo que dá liberdade a jogadores criativos como Neymar e Philippe Coutinho precisa de suporte. É o que Tite e sua comissão técnica chamam de "organização ofensiva sustentada" e que justificou a escalação de Douglas Luiz como titular. O volante do Aston Villa foi escalado na linha de três do esquema 2-3-5, mais recuado à esquerda para dar equilíbrio e permitir que o time ataque com cinco jogadores e, assim, amplie seu repertório ofensivo. Deu certo.
O próximo desafio da seleção brasileira será contra o Peru, na próxima terça-feira (13), às 21h, no estádio Nacional de Lima.
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