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Presidente do Fortaleza sobre Rogério Ceni: "Não quero técnico normal"

Do UOL, em São Paulo

29/09/2020 17h11

O técnico Rogério Ceni completa hoje 1.000 dias no comando do Fortaleza e Marcelo Paz, presidente do clube, pretende aumentar a conta do tempo de trabalho com o treinador que ajudou seu clube a se manter na Série A do Brasileirão com uma boa campanha e disputar pela primeira vez a Copa Sul-Americana, mesmo com o assédio por parte de outros clubes e a especulação a cada vez que algum clube do sul e sudeste fica com o cargo vago.

Em entrevista ao programa Os Canalhas, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, Marcelo Paz elogia o profissionalismo de Rogério Ceni, a atenção aos detalhes por parte do treinador e se diz acostumado ao estilo dele, muitas vezes 'chato', como o próprio Rogério se define ao fazer alguma solicitação. O dirigente também elogia o futebol apresentado pelo time e diz que se quisesse um profissional comum, não teria buscado o ex-goleiro para comandar seu time em campo.

"Posso jogar com quatro atacantes contra o Santos na Vila? Posso, o Rogério jogou domingo. E jogou contra o Corinthians em Itaquera com quatro atacantes ano passado e contra o Inter no Beira-Rio. Claro que tem que se defender, quando pega um gigante tem que se defender, mas se defende com quatro atacantes. A gente está tentando fazer diferente dentro das dificuldades que existem e empoderando, o Rogério é um cara corajoso", afirma Paz.

"Se eu quisesse um treinador normal, teria contratado um cara muito mais barato do que o Rogério e eu teria tido os mesmos resultados de 100 anos que o Fortaleza teve, então a gente buscou algo diferente mesmo e tem que encarar dessa maneira", completa.

O presidente do Fortaleza afirma que Rogério se atenta a todos os detalhes, como um interruptor de gramada, as condições do gramado no CT ou até mesmo o mau comportamento de um profissional do clube em uma partida fora de casa. Por outro lado, além da exigência, Ceni também não se dá o conforto e se compromete com o clube mesmo em condições adversas.

"O Rogério é um cara exigente? É exigente, é metódico, presta atenção em tudo, do interruptor da tomada do CT novo à qualidade da grama, ao funcionário que viajou com o clube e não se portou corretamente quando estava na casa de um outro clube, ele observa tudo, porque ele é profissional, ele quer o melhor para o Fortaleza, para a instituição que ele veste a camisa, que ele honra realmente", conta Marcelo Paz.

"A palavra que mais define o Rogério é profissionalismo. Ele é absurdamente profissional, o Rogério desde que está aqui no Fortaleza nunca deixou de dar um treino por qualquer motivo, eu já vi o Rogério no sol com 40 graus de febre e dando treino, no sol, porque ele não queria deixar de dar o exemplo para os seus jogadores de que tem que estar lá no trabalho no dia a dia, o Rogério tem família em São Paulo, está em Fortaleza já há mil dias, e raríssimas vezes ele estendeu o final de semana de um jogo para voltar para cá e sempre que estende, ele chega na noite anterior ao treino, mesmo que o treino seja à tarde", conclui.

Chance na Copa do Brasil foi atrativo para Rogério no Cruzeiro

Apesar de estar completando mil dias no comando do Fortaleza, Rogério Ceni teve um hiato em sua relação com o clube cearense no ano passado, quando aceitou uma proposta para treinar o Cruzeiro, mas ficou por poucos jogos no clube mineiro, que acabaria rebaixado no Campeonato Brasileiro. O presidente do Fortaleza acredita que a possibilidade de conquistar uma Copa do Brasil teve influência na saída do técnico, que voltou pouco tempo depois com pedido dos próprios jogadores.

"O Cruzeiro daria possibilidades para ele, acho que ele viu muito a possibilidade de ganhar a Copa do Brasil. O Cruzeiro estava na semifinal, tinha perdido o primeiro jogo no Mineirão e o Rogério acreditou que poderia, que teria tempo de colocar a cara dele no time, ganhar o segundo jogo no Beira-Rio e conseguir uma Copa do Brasil, eu acho que ele focou muito nisso. Também ir para um clube que tem uma estrutura melhor que o Fortaleza, que tinha um elenco mais estrelado, acho que ele visualizou tudo isso, dar aquele up na carreira dele como profissional", conta o dirigente.

"Ele teve a humildade de voltar, o Fortaleza teve a humildade de abraçá-lo, de acolhê-lo, 'volta para cá e vamos fazer um grande trabalho junto'. O grupo de jogadores queria ele de volta, então fluiu e a campanha pós volta foi ainda melhor que no período antes de ir para o Cruzeiro", conclui.

Além de aspectos do trabalho de Rogério Ceni como técnico, Marcelo Paz também fala sobre a forma como sua gestão tem estruturado o clube, o incômodo com o assédio de outros clubes em contato direto ao técnico, a normalização por parte da imprensa do assédio a um treinador empregado, além da Lei do Mandante, a volta do público aos estádios e a polêmica do jogo entre Palmeiras e Flamengo, que chegou a ser suspenso e só foi garantido minutos antes do horário marcado.

Os Canalhas: Quando e onde?

O programa Os Canalhas vai ao ar toda terça-feira, às 14h, em transmissão ao vivo, disponível na home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte no Youtube e no Facebook e Twitter, com os jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana entrevistando personalidades importantes do esporte brasileiro. Inscreva-se no canal Os Canalhas no Youtube para conferir mais de João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana.