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Clubes e FPF estudam reação após Dória "adiar" volta aos treinos em SP

Doria só libera treinos do futebol em SP a partir de julho e frustra clubes - Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Doria só libera treinos do futebol em SP a partir de julho e frustra clubes Imagem: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

José Eduardo Martins e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

17/06/2020 18h12

Surpresos e descontentes com a decisão do governador João Doria (PSDB) de só liberar a volta aos treinamentos a partir do dia 1º de julho, os clubes que disputam a Série A1 do Paulistão e a Federação Paulista de Futebol já estudam possibilidades de reação antes da reunião geral que acontece amanhã (quinta-feira), às 15h. Uma ala mais radical até já analisou a hipótese de buscar uma liminar na Justiça, mas este caminho ainda tem poucos adeptos.

Enquanto se preparam e dialogam à espera do encontro oficial de amanhã, os participantes do Paulistão se dividem. Cartolas de clubes não querem falar abertamente, mas alguns admitem até retomar, de forma cautelosa, as atividades, mesmo sem a liberação do governo do estado. A expectativa geral era de uma autorização imediata, com a retomada acontecendo no máximo a partir da próxima semana - pessoas ligadas ao clubes e à própria FPF chegaram a anunciá-la ontem.

O temor pela demora em voltar a treinar extrapola o próprio Campeonato Paulista. O estado de São Paulo tem cinco representantes na Série A do Campeonato Brasileiro, e existe o receio, endossado pelos departamentos de preparação física, de que o tempo crie uma desvantagem irreversível em relação a times de outros estados que já estão treinando - caso, inclusive, do atual campeão Flamengo.

Há também um descontentamento muito grande com o que clubes e FPF avaliam como falta de critérios claros para o adiamento da liberação. Todos os dirigentes ouvidos pela reportagem citam a reabertura de shopping centers e outras modalidades de comércio, e veem falta de respaldo científico, diante dessa realidade, na limitação a treinamentos físicos ao ar livre de atletas previamente testados e sob um protocolo de minimização de riscos elaborado por médicos.

É nessa comparação com os shopping centers que se apoia uma ala um pouco mais radical, e que já analisa a possibilidade de buscar a Justiça para obter uma autorização. Dirigentes ligados a dois clubes diferentes já citam essa possibilidade, mas a condicionam à adesão de mais equipes ou da própria Federação Paulista. Esse discurso, por enquanto, não ganhou força.

Alternativamente, o diálogo de amanhã servirá também para apresentação de outras potenciais soluções, mais conservadoras. Dentre elas, promover algumas alterações pontuais nos protocolos, como aumento na testagem e restringindo mais o número de pessoas que teriam contato com os jogadores. A partir disso, tentar reestabelecer o diálogo com o Governo do Estado de modo a acelerar a liberação.

A reunião entre clubes e FPF acontecerá de forma remota, por chamada de vídeo, às 15h desta quinta-feira.