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Liga dos Campeões 2019/2020

Nasser, Meunier e até Messi. Crise no PSG vai muito além de Neymar

Thomas Tuchel gesticula durante derrota do PSG para o Borussia Dortmund - PressFocus/MB Media
Thomas Tuchel gesticula durante derrota do PSG para o Borussia Dortmund Imagem: PressFocus/MB Media

João Henrique Marques

Do UOL Esporte, em Paris

20/02/2020 12h00

A derrota para o Borussia Dortmund confirmou que o Paris Saint-Germain vive uma crise de bastidores gerada por sucessivos episódios em menos de 48 horas. Se Neymar aparece no foco central após expor o descontentamento por ter sido preservado antes da estreia no mata-mata da Liga dos Campeões, outras figuras também contribuíram para o momento delicado.

O UOL Esporte apurou com fontes internas do clube que os problemas enfrentados pelo PSG envolvem jogadores, comissão técnica, departamento médico e até o presidente do clube. Entre os atletas, Meunier e Kimpembe viraram problema. Nasser Al-Khelaifi também agravou a crise, ao ser acusado de corrupção na Fifa. E até Lionel Messi prejudica o clube francês ao voltar a pedir a contratação de Neymar pelo Barcelona.

Neymar x departamento médico

Neymar comemorando seu gol contra o Borussia Dortmund  - Soccrates Images/Colaborador  - Soccrates Images/Colaborador
Imagem: Soccrates Images/Colaborador

O camisa 10 confirmou a irritação com o PSG por ser impedido de atuar nos quatro jogos que antecederam a derrota para o Borussia Dortmund. O clube alegou uma lesão na costela para afastar o jogador do time de partidas em que o brasileiro já se sentia em condições de atuar — o UOL tinha noticiado esse incômodo do jogador com o clube nas semanas que antecederam ao duelo.

"Isso (o veto) foi coisa decidida por clube e médicos, e tive que acatar. Tive várias discussões e não curti o que propuseram, mas respeitei. Isso acaba sendo ruim para mim e para meus companheiros", disparou Neymar, em entrevista ao Esporte Interativo após o revés.

A declaração provocou crise nos bastidores, principalmente envolvendo o departamento médico do PSG, que foi quem decidiu o veto segundo o treinador Thomas Tuchel. A rádio francesa RMC noticiou que há irritação dos dirigentes com a reclamação pública de Neymar e reproduziu o comentário de um representante do clube. "Se os médicos tivessem dado aprovação para o Neymar jogar e ele se machucasse, ele diria o que?", questiona a fonte ouvida pelo veículo.

Kimpembe x Tuchel

O zagueiro Presnel Kimpembe, do PSG e da seleção da França - REUTERS/Pascal Rossignol - REUTERS/Pascal Rossignol
Imagem: REUTERS/Pascal Rossignol

O irmão do zagueiro Presnel Kimpembe, Manu Kimpembe, utilizou sua conta pessoal no Instagram para criticar o técnico Thomas Tuchel e ofendê-lo após a derrota para o Borussia Dortmund. "Tuchel, espero que você esteja na m... seu filho da p..., vá à m...", postou.

Segundo o jornal esportivo francês L'Equipe, o post levou Kimpembe a pedir desculpas a Tuchel assim que o jogador chegou ao treino de ontem (19). Impedir declarações contra o clube é uma das tarefas que mais tem dado trabalho para Leonardo, diretor esportivo do PSG. Em entrevista recente, o pai de Cavani também atacou o clube.

A suspensão de Meunier

Haaland (esq.), do Borussia Dortmund, e Meunier, do PSG, durante partida da Liga dos Campeões - Joachim Bywaletz/Xinhua - Joachim Bywaletz/Xinhua
Imagem: Joachim Bywaletz/Xinhua

O caso do lateral belga é bizarro. Ele levou cartão amarelo contra o Borussia Dortmund e está suspenso do jogo da volta, em Paris. Só que, após o confronto, o jogador afirmou não saber que estava pendurado. A frase gerou duras críticas ao clube e ao jogador por parte da imprensa francesa.

"Se a frase é verdadeira ou falsa, se um membro do clube o lembrou ou não de ter cuidado... Independentemente disso, a sua atitude é uma insensatez sobre as questões disciplinares no clube", criticou o jornal francês Le Parisien.

Nasser Al Khelaifi x justiça

Mbappé ao lado do presidente do PSG, Nasser Al-Khelaïfi - Joao Henrique Marques (UOL Esporte) - Joao Henrique Marques (UOL Esporte)
Imagem: Joao Henrique Marques (UOL Esporte)

A Justiça da Suíça anunciou hoje que indiciou o presidente do PSG e do grupo beIN Media em caso de corrupção ligado à "atribuição dos direitos de TV da Copa do Mundo". O ex-secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke também foi indiciado.

Em um comunicado, o gabinete do procurador-geral suíço (MPC) informou que indiciou Al Khelaifi "no contexto da atribuição dos direitos de transmissão de diferentes Copas do Mundo e Copas das Confederações da Fifa".

Nesta temporada, o presidente do PSG já estava afastado nos bastidores do clube por conta de uma acusação pela Justiça Francesa de "corrupção ativa" na investigação relativa às candidaturas de Doha ao Mundial de Atletismo de 2017 e 2019. O caso segue em andamento.

Messi e o assédio a Neymar

Messi e Neymar comemoram classificação do Barça contra o PSG em 2017 - Xinhua/Hollandse-Hoogte/ZUMAPRESS - Xinhua/Hollandse-Hoogte/ZUMAPRESS
Imagem: Xinhua/Hollandse-Hoogte/ZUMAPRESS

O assunto Neymar e Barcelona é proibido nos bastidores do PSG. A ideia é evitar desgaste do jogador, que ainda tenta reconstrui sua imagem com a torcida após tentar forçar em vão o retorno para o ex-clube. Hoje, quem enlouqueceu o departamento de comunicação dos parisienses é o argentino Lionel Messi. Ele afirmou em entrevista ao jornal "Mundo Deportivo" que o brasileiro "fez muito" para viabilizar sua volta e, inclusive, pediria perdão para a torcida pela polêmica saída em 2017.

"Ele está com muita vontade de voltar. Sempre se mostrou arrependido. Ele fez muito para voltar, e isso (pedir perdão) seria o primeiro passo para tentar chegar", disse Messi.

O tema aparece em um momento delicado. Todos no PSG sabem que, em caso de eliminação para o Borussia Dortmund, a volta de Neymar ao Barcelona vai ganhar força nos bastidores.