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Flamengo de Santiago lamenta troca de local da final da Libertadores

Time infantil do Flamengo do Chile posa antes de partida pela liga amadora - Reprodução/Facebook
Time infantil do Flamengo do Chile posa antes de partida pela liga amadora Imagem: Reprodução/Facebook

Alexandre Araújo e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

06/11/2019 04h00

A mudança da decisão da Copa Libertadores de Santiago (CHI) para Lima (PER) frustrou especialmente um grupo de admiradores chilenos que representam, ao seu modo, o nome do finalista brasileiro na competição. Mesmo que agora o Rubro-Negro tenha de desbravar a América em outro lugar, o Fla tem um legítimo representante em território chileno desde 1978. Antes mesmo de os cariocas conquistarem o continente e o mundo, um grupo de amigos e vizinhos fundou o Club Deportivo Flamengo, que disputa uma liga amadora local e usa as cores do xará mais famoso.

O rubro-negro do Chile tem times de diversas faixas etárias, mas sua realidade difere muito da fartura de que desfrutam os jogadores que atuam na "matriz". Sem aporte financeiro oficial, resta o apoio dos próprios jogadores e simpatizantes para a agremiação manter suas atividades. Em meio ao caos social no qual o Chile está mergulhado, ficou uma ponta de tristeza com a troca, mas a certeza de que as reivindicações do povo chileno por melhorias estão acima de qualquer outro assunto neste momento.

"Sem a Copa, imagine a tristeza que é para todos nós. Há pessoas que já compraram até ingresso, é uma pena. Mas, como chilenos, sabemos que hoje em dia a prioridade é ter uma vida mais digna, e estamos lutando por isso", disse o jornalista Miguel Arenas, um dos diretores da versão chilena do Fla.

A história do pequeno clube chileno teve início em 1968, quando amigos que moravam na Villa Artuto Pratt decidiram montar uma equipe. Inicialmente, o time foi batizado com o nome de Elson Beyruth, homenagem a um ídolo brasileiro do Colo Colo. Em busca de "personalidade jurídica", que permitisse ao grupo ser reconhecido como um ente social, Domingo Pacheco, fundador e presidente, decidiu homenagear o "Mais Querido". Daí em diante, o vermelho e preto foi incorporado ao visual da turma, substituindo um uniforme inspirado na seleção brasileira.

Elson Beyruth, time que antecedeu o Flamengo chileno - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

"Nosso clube se financia mediante múltiplas atividades, seja por prêmios por ganhar campeonatos ou pelo valor pago pelos jogadores para jogar competições. Há também rifas e iniciativas que buscam gerar ingresso de dinheiro. O amor pelo clube foi imediato e se contagiou aqui no Chile. Sempre buscamos formas de assistir os jogos, seja pelo Facebook ou pela TV a cabo", completou ele

A homenagem não se traduz em apoio financeiro - algo que nunca foi solicitado pelos chilenos. Já a oportunidade de ver o Flamengo de perto aconteceu em 2016, mas as lembranças não foram boas: derrota por 1 a 0 para o Palestino local. De lá para cá, muitos de seus "hinchas" já estiveram em partidas no Maracanã e na Ilha do Urubu.

Flamengo do Chile em partida do clube carioca - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Flamengo do Chile em partida do clube carioca
Imagem: Reprodução/Facebook

O bom momento dos cariocas empolga os "hermanos", que creem em um final feliz para a temporada de 2019. Mesmo à distância, Arenas acredita que Lima será cenário para uma conquista rubro-negra.

"O Flamengo tem demonstrado superioridade para ganhar a Libertadores. Esperamos que assim seja. Tivemos a má sorte de perder a Copa Sul-Americana (em 2017), mas esse ano temos a experiência e os jogadores necessários para alcançar os objetivos".

Em tempos de multiplicação de sósias nas arquibancadas, o Flamengo tem um "clone" para chamar de seu no Chile. Ainda que mais longe da decisão, os rubro-negros chilenos estarão na torcida contra o River Plate. Seja aonde for, uma vez Flamengo, sempre Flamengo.