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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como Casemiro sobreviveu a 'cemitério de craques' e deu um jeito no United

Volante Casemiro é peça central no êxito da reconstrução do Manchester United - Robbie Jay Barratt/Getty Images
Volante Casemiro é peça central no êxito da reconstrução do Manchester United Imagem: Robbie Jay Barratt/Getty Images

27/01/2023 04h00

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Cristiano Ronaldo, Paul Pogba, Ángel di María, Romelu Lukaku, Edinson Cavani. A lista de grandes jogadores que passaram pelo Manchester United ao longo da última década e que não conseguiram render tudo que se esperava deles é bem recheada.

Não à toa, o clube mais vitorioso da história do futebol da Inglaterra (20 títulos da primeira divisão, o último conquistado já muito tempo atrás, lá em 2012/13) passou a ser conhecido como uma espécie de "cemitério de craques".

Por isso, muita gente não entendeu os motivos que levaram Casemiro, um dos mais importantes volantes do planeta e vencedor de cinco troféus da Liga dos Campeões da Europa, a trocar a estabilidade do Real Madrid por Old Trafford no começo da temporada.

O brasileiro demorou só um semestre para mostrar que seu gesto de ousadia no Mercado da Bola pode ter sido tudo, menos loucura.

Casemiro não apenas sobreviveu à máquina de moer grandes jogadores instalada em Manchester, como conseguiu manter o mesmo nível de atuação que costumava ter na capital espanhola. E, para completar, deu um jeito no meio-campo do United.

Depois de temporadas e mais temporadas sofrendo sem um homem de confiança para jogar à frente dos zagueiros, o clube inglês encontrou no dono da camisa 18 uma peça que consegue aliar poder de marcação e capacidade técnica para começar a criar as jogadas lá de atrás.

Graças ao brasileiro, o técnico Erik ten Hag conseguiu fazer seus homens de defesa ficarem mais protegidos, o que fatalmente diminui a quantidade de erros que cometem, e tornou o time mais equilibrado, o que permite movimentações e trocas de passes mais ousadas no setor ofensivo.

O "efeito Casemiro" foi imediato. A média de gols sofridos pelo Diabos Vermelhos caiu de 1,41 por partida na temporada passada para 1 por jogo na atual.

O time também conseguiu sair do bloco entre a quinta e a oitava colocação pelo qual flutuou ao longo da última edição do Campeonato Inglês (terminou em sexto) para se consolidar na zona de classificação para a próxima Champions (ocupa a quarta colocação, com 39 pontos, mesma pontuação do Newcastle, terceiro).

O curioso é que Casemiro até que demorou um pouco para ganhar seu lugar no meio-campo do United. Ele só estreou como titular na décima rodada, contra o Everton. Depois, não saiu mais do time.

Segundo o "WhoScored?", site especializado nas estatísticas dos principais campeonatos de futebol do planeta, o brasileiro é o segundo melhor jogador do time vermelho na temporada. Com nota 7,27, ele só fica atrás do meia português Bruno Fernandes (7,29).

Ainda de acordo com a plataforma, o ex-Real é o quarto maior recuperador de bolas da Premier League, com média de 4,7 retomadas por partida. Todos os atletas à frente dele no ranking (João Palhinha, Tyler Adams e Cheick Doucouré) atuam em equipes menos expressivas no cenário inglês, que ficam menos com a bola e, consequentemente, possuem chances maiores de desarmar os adversários.

O crescimento do United depois da chegada de Casemiro já deixou o time perto da disputa de pelo menos um título na temporada. Com a vitória por 3 a 0 sobre o Nottingham Forest, quarta-feira, no primeiro jogo da semifinal da Copa da Liga Inglesa, os Diabos Vermelhos praticamente asseguraram a ida para a decisão do torneio —Newcastle e Southampton brigam pela outra vaga.

O próximo compromisso dos comandados de Ten Hag é amanhã, frente o Reading, pela quarta rodada da Copa da Inglaterra. Na sequência, na próxima quarta, acontece o confronto de volta contra o Forest.

O United só volta a campo pela Premier League em 4 de fevereiro, ante o Crystal Palace, em Old Trafford. Já os aguardados encontros pelo Barcelona, pela rodada de abertura dos mata-matas decisivos da Liga Europa, começam no dia 16.