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Rafael Reis

REPORTAGEM

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'Rei do cartão', Abel já chegou a ficar 4 anos sem expulsão quando jogador

Abel Ferreira discute com o árbitro Raphael Claus; cena é recorrente aqui no Brasil - Alexandre Schneider/Getty Images
Abel Ferreira discute com o árbitro Raphael Claus; cena é recorrente aqui no Brasil Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

06/10/2022 04h00

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Líder disparado do Campeonato Brasileiro e a caminho da conquista do seu 11º título da primeira divisão nacional, o Palmeiras recebe o Coritiba, hoje (6), às 19h (de Brasília), sem a presença de Abel Ferreira no banco de reservas.

O treinador português não poderá trabalhar perto dos seus jogadores no Allianz Parque nesta noite e terá de ser substituído por um dos seus auxiliares porque irá cumprir suspensão automática pelo acúmulo de três cartões amarelos.

Essa situação está longe de ser uma novidade para o Palmeiras. Muito pelo contrário, tem sido algo cada vez mais recorrente. Afinal, seu vitorioso técnico é também uma máquina de receber punições da arbitragem.

Desde que desembarcou no Brasil para assumir o clube paulista, em novembro de 2020, Abel já levou 30 cartões amarelos e cinco vermelhos. Nenhum jogador do seu elenco foi sancionado tantas vezes nesse período.

O curioso é que, em menos de dois anos trabalhando como treinador no futebol pentacampeão mundial, o português já conseguiu igualar o número de expulsões que teve durante toda sua carreira como jogador profissional.

Ex-lateral direito, passou 14 temporadas atuando por times como Penafiel, Vitória de Guimarães e Braga. E, ao longo de 386 jogos disputados, recebeu cinco cartões vermelho, uma marca não muito fora do comum para um defensor.

Abel chegou a ficar quatro anos e quatro meses sem ser expulso uma única vez. Ele foi retirado de campo pela arbitragem durante um empate sem gols do Braga contra o Moreirense, em 16 de janeiro de 2005, e só voltou a ser presenteado com um vermelho no dia 16 de abril de 2009, na vitória por 2 a 1 do Sporting sobre o Marítimo.

Se continuar colecionando desavenças com os apitadores, não demorará muito para o treinador alcançar também sua marca de amarelos recebidos enquanto atleta -foram 56, de acordo com o "Transfermarkt".

As seguidas desavenças entre Abel e os árbitros são um assunto decorrente nos programas sobre futebol na televisão brasileira, nas redes sociais e até mesmo dentro do Palmeiras. O próprio técnico falou sobre o tema, há cerca de dias, em uma participação no podcast "Buzz Talk".

"Eu tenho uma paixão por carros antigos, gosto de carros clássicos. Comprei um aqui no Brasil que estou montando, é um Mustang 1966. Ela [Ana Xavier, sua esposa] ainda não fez isso aqui [no Brasil], mas ela diz que cada vez que eu for expulso vai vender um carro. Ela já fez isso lá em Portugal", disse.

A suspensão que Abel irá pagar hoje é decorrente do amarelo recebido na vitória por 3 a 1 sobre o Botafogo, na segunda-feira, que completou uma sequência de três advertências no Brasileiro (o que gera a ausência automática em uma partida).

De acordo com a súmula da partida, o treinador recebeu cartão por "reclamar/protestar (verbalmente ou por gestos) ostensiva e ofensivamente contra decisão da arbitragem; deixar sua área técnica para protestar acintosamente contra as decisões da arbitragem."

A indignação de Abel persistiu depois o final do jogo no Rio de Janeiro. Durante a entrevista coletiva pós-vitória, ele destratou o repórter Guilherme Gonçalves, da TV Litoral News. No dia seguinte, o comandante alviverde ligou para o jornalista, pediu desculpas pelo ocorrido e justificou sua atitude alegando que estava "estressado com a arbitragem".