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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Técnico brasileiro também faz sucesso em Portugal, mas só na 3ª divisão

Argel Fuchs (esq) dirige o Alverca desde o ano passado - Divulgação
Argel Fuchs (esq) dirige o Alverca desde o ano passado Imagem: Divulgação

18/04/2022 04h00

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Jorge Jesus fez história com um Flamengo que foi campeão brasileiro e da Libertadores em 2019. Abel Ferreira chegou ao Palmeiras no ano seguinte e já levantou cinco troféus por aqui, inclusive dois do torneio interclubes mais importante do futebol sul-americano.

Além do clube alviverde, outros três times da Série A estão hoje sob comando de treinadores portugueses: Fla (Paulo Sousa), Corinthians (Vitor Pereira) e Botafogo (Luís Castro).

Com a óbvia exceção de Portugal, nenhum outro país no planeta inteiro conta atualmente com tantos técnicos da terra de Cristiano Ronaldo trabalhando na primeira divisão do seu campeonato nacional.

Que os "professores" lusos estão na moda por aqui, isso não é novidade para ninguém que acompanha futebol. Mas, e o contrário? Será que existe algum treinador brasileiro fazendo sucesso na nossa antiga metrópole?

Até existe. Só que para encontrá-lo é preciso descer até a terceira divisão portuguesa.

Argel Fuchs, aquele ex-zagueiro que dirigiu o Internacional por quase um ano (de agosto de 2015 a julho de 2016) e também passou por Figueirense, Vitória, Criciúma, Coritiba, CSA e Ceará, entre tantos outros, comanda o modesto Alverca desde outubro passado.

Ele se mandou para Portugal, país onde já havia morado quando foi jogador do Benfica, no começo do século, depois de um trabalho de pouco brilho na Série C do Brasileiro à frente do Botafogo-SP.

À primeira vista, o Alverca parecia uma fria. O clube ocupava a penúltima colocação do seu grupo na Liga 3, o terceiro escalão do futebol de lá, e não tinha lá tantas pretensões assim de brigar por algo relevante na temporada.

Só que Argel, em seu primeiro trabalho como técnico fora do Brasil, deu muito certo. Logo saiu da parte de baixo da classificação, chegou a emendar nove vitórias em dez jogos e se classificou para a fase final do torneio com a segunda melhor campanha da sua chave.

Agora, na hora da decisão da terceirona, já obteve duas vitórias e duas derrotas. Faltando duas rodadas para o encerramento da competição, é o vice-líder do Grupo 1, com seis pontos, três a menos que o Torreense.

O campeão de cada chave descola uma vaga direta para a segunda divisão em 2022/23. Já o segundo colocado, posição ocupada atualmente pelo Alverca, participará de um playoff que irá definir sua promoção ou manutenção na terceirona.

Independente de conseguir ou não a promoção, Argel já descolou um novo contrato. No mês passado, assinou um vínculo se comprometendo a permanecer no clube até junho de 2023. "Eu estou feliz aqui e o trabalho está fluindo. Era uma vontade muito grande minha de permanecer, de acompanhar o projeto por muitos anos", disse.

Apesar de hoje estarem em baixa no cenário português, os técnicos brasileiros já fizeram muito sucesso por lá. Otto Glória foi cinco vezes campeão nacional no comando de Benfica e Sporting. Carlos Alberto Silva e Dorival Yustrich (ambos com o Porto) também faturaram o título.

As duas melhores campanhas da história da seleção lusa em Copas do Mundo também foram com treinadores tupiniquins em seu banco de reservas. Em 1966, Otto Glória levou a equipe à terceira colocação. Quarenta anos depois, Luiz Felipe Scolari recolocou os portugueses nas semifinais e terminou a competição no quarto lugar.