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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como futebol inglês tem tentado se desvincular de acusados de crime sexuais

Greenwood, do United, é acusado de ter agredido e estuprado sua namorada - Reprodução/Instagram
Greenwood, do United, é acusado de ter agredido e estuprado sua namorada Imagem: Reprodução/Instagram

06/02/2022 04h00

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O atacante Mason Greenwood, do Manchester United, passou 72 horas preso na semana passada depois que a então namorada do jogador publicou em suas redes sociais imagens de hematomas no seu corpo e o denunciou por agressões físicas e tentativas forçadas de ter relações sexuais (estupro).

O lateral esquerdo francês Benjamin Mendy, do Manchester City, ficou 134 dias detido no segundo semestre do ano passado, só foi liberado depois do pagamento de fiança e será julgado em julho por oito acusações de estupro e uma de abuso sexual.

Já o meio-campista islandês Gilfy Sigurdsson, camisa 10 do Everton, está preso desde julho (e teve recentemente sua detenção preventiva estendida até abril) por supostamente ter tido comportamento sexual impróprio com menores de idade, o que configuraria crime de pedofilia.

Só nos últimos sete meses, três dos maiores e mais populares clubes da Premier League inglesa, o campeonato nacional mais badalado e invejado do planeta, tiveram de lidar com pesados escândalos de crimes sexuais envolvendo jogadores importantes dos seus elencos.

A diferença é que, ao contrário do que acontecia em um passado nem tão distante assim e que continua rolando em outras partes do mundo (basta lembrar a tentativa do Santos de contratar Robinho, no ano passado), as inglesas não estão mais aliviando para os possíveis agressores.

Os três clubes tomaram a mesma decisão e afastaram os atletas acusados de terem cometido esses crimes. Além disso, estão tomando várias ações para tentar desvincular suas imagens da dos seus antigos atletas.

O United tem sido a equipe que tem se comportado de forma mais rígida. Apesar de Greenwood já ter deixado a prisão, o clube já fez questão de avisar que, pelo menos até o encerramento das investigações policiais sobre o caso, não existe nenhuma chance de ele voltar a ser aproveitado pelo técnico Ralf Ragnick.

A equipe de Manchester também adotou uma política de "recall" com as camisas do jovem atacante de 20 anos. Todos os torcedores que possuem um uniforme número 11 (o utilizado pelo jogador) poderão trocá-lo gratuitamente pelo modelo utilizado por qualquer outro atleta.

Uma das poucas crias das categorias de base do United que conseguiu se firmar no time de cima nos últimos anos, Greenwood já tinha 24 partidas nesta temporada e vinha sendo o titular da ponta direita do ataque dos "Diabos Vermelhos".

O outro clube importante de Manchester, o City está à espera do julgamento de Mendy para decidir qual será o futuro do francês, uma das dez maiores contratações da sua história (custou 57,5 milhões de euros, ou R$ 350,8 milhões).

O lateral não joga desde agosto e, de acordo com a equipe comandada por Pep Guardiola, continuará sem sequer treinar com seus companheiros até que haja uma definição judicial sobre todas as acusações que recaem sobre ele. Seu contrato com o líder do Inglês vai até o fim da próxima temporada.

A situação de Sigurdsson no Everton não é muito diferente. Como é investigado em um caso de pedofilia, o islandês nunca teve seu nome diretamente divulgado pelo clube ou pela Premier League.

Só que a equipe de Liverpool tratou de tornar pública a descrição do jogador que estava afastado das atividades por conta da suspeita de crime. E apenas o meio-campista correspondia às informações que foram divulgadas.

O contrato de Sigurdsson termina em junho, provavelmente antes do encerramento das investigações sobre seu comportamento sexual e de um veredicto sobre sua culpa ou inocência no caso. Como não deve ter o vínculo renovado, o jogador não deve mais voltar a defender o clube do uniforme azul.