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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Nem 'seleção de brasileiros' coloca China no caminho da Copa do Mundo

Ai Kesen (Elkeson) é titular absoluto da seleção chinesa - Reprodução
Ai Kesen (Elkeson) é titular absoluto da seleção chinesa Imagem: Reprodução

06/10/2021 04h20

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Ai Kesen, A Lan, Luo Guofu, Fei Nanduo e Gao Late nasceram, cresceram e iniciaram suas carreiras como jogadores profissionais de futebol no Brasil. Mas, nos últimos dois anos, assumiram a nacionalidade chinesa com o objetivo de levar o país mais populoso do planeta de volta a uma Copa do Mundo.

Com apenas uma participação no torneio da Fifa no currículo (caiu na primeira fase em 2002), a China resolveu adotar uma política de naturalização em massa de jogadores estrangeiros que atuam em sua liga nacional para tentar montar uma seleção artificialmente mais forte.

Os brasileiros Elkeson, Alan, Aloísio, Fernandinho e Ricardo Goulart (nomes ocidentais dos atletas citados no início da reportagem) foram os primeiros convocados para fazer parte desse projeto. Os ingleses (de raízes chinesas) Jiang Guangtai (Tyias Browning) e Li Ke (Nico Yennaris) também foram captados.

Só que nem mesmo esses reforços conseguiram transformar o nível da seleção chinesa, que largou mal na fase final das Eliminatórias Asiáticas da Copa do Mundo e dificilmente conquistará a classificação para o Qatar-2022.

Das 12 seleções ainda vivas no qualificatório da AFC, somente a China e o modestíssimo Vietnã foram derrotados nos dois primeiros jogos dos hexagonais decisivos do torneio.

A equipe dirigida por Li Tie estreou perdendo por 3 a 0 para a Austrália, fora de casa, e depois levou 1 a 0 pelo Japão, em jogo que tinha o mando de campo. Ou seja, além de estar zerada nas eliminatórias, ainda não conseguiu sequer balançar as redes.

Titular absoluto da seleção chinesa, Ai Kesen foi o único jogador nascido no Brasil que participou das duas partidas. A Lan e Luo Guofu entraram no segundo tempo do confronto contra os japoneses, enquanto Fei Nanduo e Gao Late nem sequer foram convocados.

O "Dragon's Team", como é conhecido, ainda não pontuou e ocupa a lanterna do Grupo B das Eliminatórias Asiáticas. O líder e o vice-líder do hexagonal se classificam diretamente para a Copa do Qatar, enquanto o terceiro colocado disputa uma repescagem contra a seleção que terminar em terceiro na outra chave.

Nesta data-Fifa, os chineses terão duas oportunidades de tentar reverter o início ruim e continuar vivos na briga pela vaga no Mundial. Amanhã, eles jogam contra o Vietnã, nos Emirados Árabes Unidos. Na próxima terça, o confronto é contra a favorita Arábia Saudita, na casa dos adversários.

A Copa-2022 será disputada fora do período habitual por causa do calor que faz no Oriente Médio no meio do ano. Por isso, o torneio começará no dia 21 de novembro e tem a final marcada para 18 de dezembro.

Essa será a última edição da competição da Fifa com o formato que vem sendo utilizado desde a França-1998, com a presença de 32 seleções. A partir do próximo Mundial, que será disputado em 2026 na América do Norte (Estados Unidos, México e Canadá), serão 48 participantes.

Uma nova mudança pode acontecer em breve. A entidade que gerencia o futebol vem tentando emplacar uma proposta para realizar a Copa a cada dois anos. Desde que foi criado, em 1930, o torneio é jogado com quatro anos de diferença de uma edição para a outra.

A única exceção aconteceu no período da Segunda Guerra Mundial, quando houve uma pausa forçada de 12 anos sem que a bola rolasse no torneio.