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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Como zagueiro da Dinamarca na Euro virou símbolo de luta contra homofobia

Zanka lidera movimento pela inclusão sexual no mundo do futebol - Getty Images
Zanka lidera movimento pela inclusão sexual no mundo do futebol Imagem: Getty Images

21/06/2021 04h00

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O zagueiro Mathias Jörgensen não está entre os jogadores mais importantes da seleção da Dinamarca que disputa a Eurocopa e, nas duas primeiras rodadas da competição, não saiu do banco de reservas.

Mas o defensor da equipe nórdica, que encerra sua participação na primeira fase do continental às 16h (de Brasília) de hoje, contra a Rússia, no Parken Stadium, em Copenhague, desempenha um importante papel social fora das quatro linhas.

Zanka, como é mais conhecido no mundo do futebol, é uma espécie de embaixador informal da causa LGBTQIA+ na modalidade e lidera várias campanhas de combate à homofobia nos gramados, nas arquibancadas e também na sociedade em geral.

"Acredito que o futebol precisa ser para todos e sou contra qualquer forma de discriminação. Simples assim. A comunidade LGBTQIA+ é uma parte importante da comunidade. Então, precisa ser uma parte importante do futebol também", disse o jogador, em 2017, ao site do Huddersfield Town, seu clube na época.

O envolvimento do atleta, que é contratado do Fenerbahce e defendeu o Copenhague na última temporada, com a causa começou um ano antes. Em 2016, o zagueiro enviou uma carta à Associação dos Jogadores de Futebol da Dinamarca cobrando que a entidade fosse mais ativa no combate à discriminação sexual.

De acordo com o defensor, que é negro e filho de mãe gambiana, a entidade tinha várias iniciativas contra o racismo, mas quase nada fazia para combater as ofensas homofóbicas recorrentes nos estádios e incluir o público homo e bissexual no ambiente do futebol.

Depois do puxão de orelhas dado por Zanka, muita coisa mudou. Incentivada pelo jogador, a seleção dinamarquesa passou a participar de inúmeras campanhas em favor da causa LGBTQIA+ e seus principais astros também começaram a se posicionar sobre o tema.

Jörgensen, o líder do movimento, faz frequentes doações para ONGs que trabalham com a inclusão sexual e continua sendo uma voz bastante ativa sobre o tema.

O zagueiro dinamarquês, no entanto, não é o único jogador da Eurocopa que milita pelo fim da homofobia no futebol. O goleiro alemão Manuel Neuer tem usado no torneio a bandeira do movimento LGBTQIA+ como braçadeira de capitão.

Ao longo da história, a torneio que reúne as melhores seleções do Velho Continente já teve pelo menos um jogador homossexual que a disputou. Thomas Hitzlsperger, meio-campista da Alemanha vice-campeã em 2008, tornou pública sua orientação sexual sete anos atrás, alguns meses depois de anunciar sua aposentadoria dos gramados.

Com duas derrotas nas duas primeiras rodadas do torneio, os dinamarqueses precisam necessariamente de uma vitória sobre os russos para sobreviverem e avançarem à próxima fase.

As partidas de hoje vão definir a classificação final dos grupos B (Bélgica, Rússia, Finlândia e Dinamarca) e C (Holanda, Ucrânia, Áustria e Macedônia do Norte). A primeira fase da competição vai até quarta-feira. E os playoffs decisivos começam no próximo sábado.

O sucessor de Portugal no posto de campeão europeu de seleções será conhecido no dia 11 de julho. O estádio de Wembley, em Londres (Inglaterra), receberá a decisão.

Originalmente, o torneio era para ter sido disputado no meio do ano passado. No entanto, a pandemia da covid-19 fez com que ele fosse adiado em 12 meses.

A novidade desta edição é que não há uma sede fixa. Para comemorar os 60 anos do continental, a Uefa decidiu realizar a competição em 11 cidades espalhadas por 11 países diferentes (alguns que nem classificaram suas seleções).

Além da Inglaterra, sede da última partida, a Euro-2020 (sim, ela manteve esse nome mesmo com o adiamento da data) também passará por Itália, Azerbaijão, Dinamarca, Alemanha, Escócia, Espanha, Hungria, Holanda, Romênia e Rússia.