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Rafael Reis

Brasileiro lutou em guerra por jogar pela Ucrânia: verdade ou lenda?

Nascido no Brasil, Edmar disputou 15 partidas pela seleção ucraniana - Gleb Garanich/Reuters
Nascido no Brasil, Edmar disputou 15 partidas pela seleção ucraniana Imagem: Gleb Garanich/Reuters

29/10/2020 04h20

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O paulista Edmar só queria defender uma seleção e quem sabe até disputar uma Copa do Mundo quando aceitou o convite para se naturalizar ucraniano. Mas, por causa da cidadania adquirida durante a carreira, acabou tendo de lutar em uma guerra.

O ex-volante do Internacional, que fez sucesso com a camisa do Metalist Kharkiv, foi convocado pelo exército da Ucrânia para defender o país em conflitos separatistas, em 2014, e precisou pegar em armas para combater forças ligadas à Rússia.

Bem, pelo menos essa é a história que circula pelas redes sociais e que é frequentemente reproduzida por perfis especializados nas curiosidades da bola.

Mas será que Edmar realmente foi para a guerra? Ou essa é apenas mais uma das várias lendas urbanas que tanto fazem sucesso no dia a dia do futebol, como o autismo de Lionel Messi e a transexualidade de Marco Verratti?

De fato, o brasileiro, que se naturalizou ucraniano em 2011 e atuou 15 vezes pela seleção do país do Leste Europeu, chegou a ser convocado pelo exército para participar do conflito armado.

Só que Edmar não precisou efetivamente ir à guerra. Dirigentes do Metalist, seu time na época, intervieram e conseguiram fazer com que ele fosse dispensado do combate. O próprio jogador explicou essa questão em entrevista publicada pelo UOL há seis anos.

"O pessoal do clube já resolveu minha situação. Eles entraram em contato com o exército, e eu não vou precisar comparecer. Acredito que alguns homens da minha faixa etária, até por tudo que está acontecendo, tenham sido chamados. Mas o presidente ligou lá e conseguiu a dispensa", afirmou, na época.

A Guerra Civil no Leste da Ucrânia, também chamada de Guerra em Donbass, é um conflito armado iniciado em 2014 e que prossegue até hoje. Para resumir: trata-se de uma tentativa de cisão comanda por cidadãos locais de origem russa. O desejo dos separatistas é fazer com que a região deixe de pertencer à Ucrânia para ser anexada à Rússia.

O conflito teve um grande impacto sobre o futebol ucraniano. O Shakhtar Donetsk, maior campeão nacional deste século, com 13 títulos, foi expulso devido à guerra e tem atuado longe de sua cidade e torcida há seis anos -atualmente, manda seus jogos na capital Kiev.

Edmar, que começou a carreira no Independente de Limeira, passou pelo Paulista, jogou no Inter gaúcho e desembarcou na Ucrânia em 2002, atuou profissionalmente até o ano passado e se aposentou nos Estados Unidos.

Aos 40 anos, o ex-volante hoje mora na Flórida e está se lançando na carreira de empresário de jogadores. Ah, um detalhe: ainda continua escrevendo em ucraniano na maior parte dos seus posts nas redes sociais.

Afinal, ainda que quase o tenha levado para a guerra, a Ucrânia foi o país que deu a Edmar a oportunidade de vestir a camisa amarelinha de uma seleção.