Com turnê de despedida de Messi, Espanha vê triste fim da Liga das Estrelas

Ao longo dos próximos nove meses, Lionel Messi irá protagonizar uma melancólica espécie de turnê de despedida pelos estádios que o consagraram como um dos grandes jogadores da história do futebol mundial.
A provável última temporada do argentino com a camisa 10 do Barcelona é significativa. Ela marca também os últimos dias da ideia de "Liga das Estrelas" que o Campeonato Espanhol abraçou desde o início deste século.
A temporada 2020/2021 da competição começa amanhã (11) tendo Messi, que já declarou que vai fazer as malas em junho, como único verdadeiro astro de proporção global e sem nenhuma perspectiva imediata de voltar a exibir uma constelação.
O prêmio de melhor jogador do planeta tem tudo para ser sintomático. Não há nenhum nome que atua no país campeão mundial de 2010 com chances mínimas de ficar com o troféu neste ano. E é pouco provável que algum deles consiga até mesmo um lugar no pódio.
Só que a Espanha tradicionalmente domina a eleição organizada pela Fifa. Depois que Cristiano Ronaldo foi escolhido o craque do ano em 2008, quando ainda defendia o Manchester United, todos os vencedores do melhor do mundo atuavam na época por equipes espanholas.
A transformação do Campeonato Espanhol na "Liga das Estrelas" começou ainda no fim do século passado, com o projeto galáctico que encheu o Real Madrid de nomes do porte de Ronaldo, Zinédine Zidane e Luís Figo.
Já nesta década, Messi (Barcelona) e Cristiano Ronaldo (Real Madrid) foram os símbolos máximos dessa política. Mas, depois deles, tudo deu errado.
Os primeiros nomes a desembarcar na Espanha para serem os futuros substitutos do argentino e do português, Neymar e Gareth Bale, até tiveram momentos de brilho e chegaram a balançar as redes em finais de Liga dos Campeões. Mas não sustentaram essa responsabilidade.
O atacante brasileiro deixou o Barça em busca de protagonismo no Paris Saint-Germain e o conduziu até a final da última Champions. Já o galês ainda faz parte do elenco do Real, mas tem sérios problemas de relacionamento com o técnico Zinédine Zidane e só continua por lá porque não há clube disposto a bancar seu salário milionário.
As outras investidas catalãs para ter um novo astro de proporção mundial também não vingaram. Philippe Coutinho, Ousmane Dembélé e Antoine Griezmann custaram mais de 100 milhões de euros (R$ 530 milhões), cada, só que hoje são vistos como meros figurantes (com muitos críticos) no Camp Nou.
A tentativa madrilena de substituir Cristiano Ronaldo com Eden Hazard tampouco tem dado frutos. O belga até herdou a camisa 7 do antigo protagonista, mas só marcou um golzinho em sua temporada de estreia no Espanhol.
É claro que La Liga ainda tem grandes jogadores, como Sergio Ramos, Karim Benzema e Frenkie de Jong, mas nenhum deles faz parte daquele seleto clube de estrelas candidatas a serem o melhor do mundo.
E aqueles que um dia talvez possam alcançar esse status, casos de João Félix, Ansu Fati, Vinícius Júnior e Rodrygo, por exemplo, ainda são jovens e crus demais para carregar esse fardo tão pesado e justificar o apelido "Liga das Estrelas".
A rodada de abertura da nova temporada do Espanhol contará com a realização de apenas sete jogos. Os compromissos de Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madri e Sevilla foram adiados devido à participação desses clubes na reta final de competições continentais (Liga dos Campeões e Liga Europa), no mês passado.
Até o momento, não há uma definição sobre a transmissão do campeonato no Brasil. Até a temporada passada, o Grupo Disney (ESPN e Fox Sports) exibia as partidas da liga espanhola. Mas o contrato chegou ao fim e não foi renovado.
O Real é o atual campeão nacional. Mas é o Barça quem tem mandado na competição nos últimos anos - só deixou a taça escapar três vezes desde 2013.
Primeira rodada do Campeonato Espanhol
Granada x Athletic Bilbao (11/09, às 16h)
Eibar x Celta (12/09, às 11h)
Cádiz x Osasuna (12/09, às 16h)
Valladolid x Real Sociedad (13/09, às 11h)
Villarreal x Huesca (13/09, às 13h30)
Valencia x Levante (13/09, às 16h)
Alavés x Betis (14/09, às 16h)
Atlético de Madri x Sevilla (a definir)
Barcelona x Elche (a definir)
Real Madrid x Getafe (a definir)