Corinthians: polícia investiga se suposta 'laranja' teve documento furtado
"A senhora teve seus documentos furtados?" Essa é uma pergunta importante na tentativa de elucidação da suspeita de uso de laranja em transferências feitas pela intermediária do contrato entre Corinthians e VaideBet.
A Polícia Civil de São Paulo pretende endereçar a questão para Edna Oliveira dos Santos, que recebe o Bolsa Família e mora em uma comunidade pobre no litoral de São Paulo.
No papel, ela é a dona da Neoway Soluções Integradas, empresa que recebeu transferências da Rede Social Media Design, que tem direito à comissão parcelada pela intermediação do contrato de patrocínio master do Alvinegro.
A polícia quer saber se Edna ficou sem seus documentos de alguma forma na tentativa de descobrir quem são os responsáveis por abrir a Neoway. Ela desconhecia ser a dona da empresa. Isso sugere que tenha sido usada como laranja.
Após receber do Corinthians R$ 1,4 milhão dos R$ 25,2 milhões a que tem tem direito como comissão, a Rede Social fez transferências para a Neoway. As operações foram reveladas pela coluna do jornalista Juca Kfouri, no UOL.
Como mostrou reportagem do UOL, a Neoway foi aberta com apresentação de cópia de documentos e assinaturas atribuídas à Edna.
Respondendo a questionamentos do UOL, a Junta Comercial do Estado de São Paulo afirmou que a Neoway foi aberta de forma remota. Foi utilizado um certificado digital registrado no CPF de Edna e foi apresentada uma cópia do documento de identidade dela.
Segundo a mesma publicação, duas alterações no contrato social da empresa foram feitas de forma física, por meio de documentos de Edna.
Investigação
Ao ler a reportagem assinada por Kfouri, o delegado Delegado Tiago Fernando Correia, da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), decidiu agir.
Na última segunda (27), ele determinou a instauração de uma VPI (Verificação de Procedência das Informações), também tratada como Investigação Preliminar Sumária. O objetivo é conseguir um conjunto mínimo de provas para justificar a necessidade de instauração de Inquérito Policial.
Alex Cassundé, dono da Rede Social, também está entre as pessoas que a polícia pretende ouvir.
Nessa fase preliminar, já vamos fazer investigações. Vamos procurar saber quem são os sócios da Neoway, vamos diligenciar na sede dessa empresa. Queremos saber quem efetivamente intermediou o contrato. Queremos ouvir o Cassundé. Vamos entrar em contato com a Edna. Delegado Tiago Fernando Correia
A Investigação Preliminar Sumária não resulta necessariamente em inquérito. Mas a probabilidade de isso ocorrer é alta.
A assessoria de imprensa do Corinthians informou que a agremiação "não irá se manifestar sobre a investigação, pois o clube também pediu esclarecimentos internos [sobre o caso]".
O caso envolvendo o pagamento de comissão pelo contrato da VaideBet com o Alvinegro chamou a atenção do delegado porque a mesma delegacia investiga possíveis lavagens de dinheiro em gestões passadas do Corinthians.
A investigação ocorre desde o ano passado, após pedido do Ministério Público, que recebeu denúncia anônima. Os casos serão tratados de forma independente.
—>
—>
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.