Dinamarca é o retrato bem acabado do fracasso do eurocentrismo colonizador

A Dinamarca, de Christian Eriksen, passou vergonha contra a Ausrália: fiasco lembra que o planeta bola não se limita a Europa - Claudio Villa/Getty Images — A Dinamarca, de Christian Eriksen, passou vergonha contra a Ausrália: fiasco lembra que o planeta bola não se limita a Europa Imagem: Claudio Villa/Getty Images

Colunista do UOL

30/11/2022 19h24Atualizada em 30/11/2022 19h24

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Da série "viva a memória", vamos de 7 (o número da mentira) lembranças e constatações:

1) A Dinamarca venceu a França na Liga das Nações ("Nations League", como preferem os colonizados, ou "Nations", para os íntimos). E, quando valia, na Copa do Mundo, apanhou da mesma França. Como apanhou da Austrália e empatou com a Tunísia, de quem merecia ter apanhado.

2) A Dinamarca, apontada por parcela considerável da crítica e do respeitável público, como a possível "surpresa" positiva da Copa do Mundo foi um fracasso completo e terminou na lanterna do Grupo D, atrás da Tunísia e da Austrália!

3) A Dinamarca não é a exceção que confirma a regra. Não se tratou de uma excepcionalidade. No Grupo B, País de Gales, de Gareth Bale, ficou na lanterna, atrás de Irã e da classificada seleção estadunidense! Ou seja, o representante europeu ficou atrás de um representante asiático e de outro da Concacaf. E a Polônia só avançou no Grupo C, o da Argentina, por ter um saldo de gols melhor que o do México, com quem empatou em 0 a 0.

4) O futebol europeu, da primeira linha é, sempre foi e continuará sendo de primeira linha. Tanto País de Gales quanto Dinamarca deram adeus em grupos liderados por europeus, respectivamente, Inglaterra e França. A última vez que um sul-americano venceu foi o Brasil, em 2002. De lá para cá, só deu Europa (Itália-2006, Espanha-2010, Alemanha-2014 e França-2018) e, pois, não se trata de ridicularizar ou minimizar a importância e a força do Velho Mundo no planeta bola.

5) Se faz falta para seleções de outras regiões não enfrentar europeus, a recíproca também é verdadeira! A tal da Liga das Nações não serve para nada, nem mesmo para medir a força entre eles. Prova disso é o que aconteceu no supracitado duelo entre Dinamarca e França. A Espanha enfiou 6 a 0 na Alemanha na Liga das Nações (eu me recuso a ser colonizado a ponto de tratar por "Nations") e, no Mundial, foi 1 a 1.

6) A Holanda, que vai enfrentar os Estados Unidos nas Oitavas, só empatou com o Equador porque o lixo maldito do VAR operou o time sul-americano ao inventar um impedimento passivo. A Laranja Mecânica estaria mais pronta para o duelo se, além de europeus, tivesse no período preparatório enfrentado também sul-americanos, africanos, representantes da Ásia, África e Oceania.

7) O Brasil passou por Sérvia e Suíça sem enfrentamentos contra representantes do Velho Mundo no ciclo. E, mesmo jogando toda hora contra Uruguai, tenho certeza que, se pudesse escolher, não escolheria a Celeste antes da Coreia do Sul ou de Gana....

Leia as colunas dos jogos da Copa do Mundo do Qatar

País de Gales 0 x 3 Inglaterra e Irã 0 x 1 Estados Unidos

Holanda 2 x 0 Qatar e Senegal 2 x 1 Equador

Portugal 2 x 0 Uruguai

Brasil 1 x 0 Suíça

Coreia do Sul 2 x 3 Gana

Sérvia 3 x 3 Camarões

Espanha 1 x 1 Alemanha

Croácia 4 x 1 Canadá

Bélgica 0 x 2 Marrocos

Japão 0 x 1 Costa Rica

Argentina 2 x 0 México