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Tales Torraga

REPORTAGEM

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Argentina pode alcançar hoje a maior invencibilidade da sua história

Argentina comemora gol contra a Venezuela na Bombonera - Divulgação AFA
Argentina comemora gol contra a Venezuela na Bombonera Imagem: Divulgação AFA

Colunista do UOL

29/03/2022 04h00

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As Eliminatórias estão terminando com um delicioso sabor de "dulce de leche" para a Argentina. Mais do que classificados para a Copa do Mundo do Qatar, os vizinhos se preparam para um jogo histórico às 20h30 (de Brasília) de hoje (29) em Guayaquil contra o Equador. O clima mútuo de festa é tamanho que a partida saiu da tradicional sede, Quito, justamente para lotar a maior capacidade do Estádio Monumental, que já vendeu 60.000 ingressos para festejar a ida equatoriana à Copa e ver Lionel Messi de perto.

Pelo lado argentino, o que vale é a chance de alcançar a maior invencibilidade da sua história. Sem perder há 1001 dias, a equipe comandada pelo técnico Lionel Scaloni soma 30 jogos sem saber o que é derrota. Não há seleção no mundo com tamanha série invicta. E se sair de campo sem perder nesta terça, a atual seleção vai alcançar um lugar de privilégio na história azul e branca.

Tudo porque a maior invencibilidade da Argentina em todos os tempos foi de exatos 31 jogos em perder. A série foi obtida de 1991 a 1993 e o então técnico era Alfio "Coco" Basile.

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Messi e Di María comemoram gol da Argentina na Bombonera
Imagem: Divulgação AFA

Puro êxtase

As Eliminatórias estão agradando até o mais exigente torcedor argentino. E não só por vitórias convincentes sobre Uruguai, Chile e Colômbia, por exemplo.

E sim pela tão exigida raça comprovada até mesmo nas partidas disputadas sem Lionel Messi — o craque abriu a temporada com covid-19 e pela primeira vez não integrou a lista de convocados no começo de um ano de Copa do Mundo.

A azul e branca não tem os famosos "titulares absolutos", e sim um coeso grupo de jogadores que dão alternativas ao técnico Lionel Scaloni tanto dentro de uma partida específica quanto ao longo de um campeonato, como demonstrado no título da Copa América.

Exagerados como de costume, os argentinos já veem esta seleção como uma "máquina de vencer", termo repetido à exaustão pelas rádios portenhas.

Elenco dos mais fortes

Esta Argentina que joga "com 15 ou 16", segundo as análises que correm em Buenos Aires, percebeu que Paredes, De Paul, Lo Celso, Nico González e Otamendi podem ser substituídos tranquilamente por Papu Gómez, Di María, Lisandro Martínez e Lucas Ocampos, que renderam bem quando precisam ser acionados nas Eliminatórias.

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Argentina perfilada para enfrentar a Venezuela na Bombonera
Imagem: Divulgação AFA

A seleção encontrou um funcionamento (como, aliás, é a característica do River Plate de Marcelo Gallardo, que troca os nomes sem abrir mão da sua maneira de jogar).

A quantidade de jogadores em bom nível é uma excelente notícia para o técnico Lionel Scaloni.

Com todos os titulares, a Argentina atua em um moderno 4-3-3 com Messi, Lautaro Martínez e Ángel Di María no ataque, embora Nico Gonzaléz e Ángel Correa sejam opções interessantes, aproveitando o entrosamento com os laterais Montiel, pela direita, e Acuña e Tagliafico, pela esquerda.

Outra opinião que circula com entusiasmo em Buenos Aires é a seguinte: faltam oito meses para o Mundial do Qatar. Para a Argentina, faria bem se fossem só oito dias.

Mesmo contra as poderosas seleções europeias os comandados de Scaloni podem se trancar, raspar, esperar e contra-atacar. Esta Argentina já mostrou que sabe mexer todas as peças do seu xadrez com eficiência.

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Técnico da Argentina, Lionel Scaloni caminha preocupado
Imagem: Divulgação AFA

A invencibilidade argentina

São 30 jogos, com 20 vitórias e 10 empates (77,7% de aproveitamento de pontos)

A lista:

Copa América-2019 (1 jogo. 1 vitória): 2 a 1 Chile

Amistosos (6 jogos. 3 vitórias, 3 empates): 0 a 0 Chile, 4 a 0 México, 2 a 2 Alemanha, 6 a 1 Equador, 1 a 0 Brasil, 2 a 2 Uruguai.

Copa América-2021 (7 jogos. 5 vitórias, 2 empates): 1 a 1 Chile, 1 a 0 Uruguai, 1 a 0 Paraguai, 4 a 1 Bolívia, 3 a 0 Equador, 1 a 1 Colômbia (3 a 2 nos pênaltis), 1 a 0 Brasil.

Eliminatórias-2022 (16 jogos. 11 vitórias, 5 empates): 1 a 0 Equador, 2 a 1 Bolívia, 1 a 1 Paraguai, 2 a 0 Peru, 1 a 1 Chile, 2 a 2 Colômbia, 3 a 1 Venezuela, 3 a 0 Bolívia, 0 a 0 Paraguai, 3 a 0 Uruguai, 1 a 0 Peru, 1 a 0 Uruguai, 0 a 0 Brasil, 2 a 1 Chile, 1 a 0 Colômbia e 3 a 0 Venezuela.

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Seleção argentina em 1993, quando atingiu sua maior série invicta da história
Imagem: Reprodução web

A última derrota foi na semifinal da Copa América de 2019: vitória do Brasil por 2 a 0 em 2 de julho, no Mineirão.

A série recordista de 31 jogos somou 18 vitórias e 13 empates, de 19 de fevereiro de 1991 (2 a 0 na Hungria) a 8 de agosto de 1993 (1 a 2 contra a Colômbia em Barranquilla).

Foram realizados também dois amistosos vencidos contra os então chamados "Combinados", sem reconhecimento da Fifa.

Escalação de hoje

Lionel Scaloni fará diversos testes no time titular. Ninguém na Argentina crava uma formação inicial, por isso a equipe só pode ser perfilada cheia de parênteses e possíveis substitutos. A equipe preparada para atuar em Guayaquil: Rulli (Musso); Montiel (Molina), Martínez Quarta (Pezzella), Otamendi e Tagliafico; De Paul, Paredes e Mac Allister ( Palacios); Messi, Julián Álvarez e Nicolás González (Ángel Correa).