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Coluna do PVC

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

A história mal contada dos técnicos estrangeiros da seleção brasileira

Colunista do UOL

14/06/2023 04h01

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O Brasil nunca teve um técnico estrangeiro na seleção.

É verdadeiro ou falso?

Falso, triplamente falso.

Assim como também não procede que só o argentino Filpo Nuñez dirigiu o Brasil no amistoso de inauguração do Mineirão, contra o Uruguai, porque era o treinador do Palmeiras e o clube paulista representou a seleção.

Filpo foi um de três homens nascidos no exterior e que dirigiram o Brasil.

O primeiro, Ramon Platero, técnico uruguaio campeão carioca pelo Fluminense (1919) e Vasco (1923 e 1924), trabalhou junto com Joaquim Guimarães em seis partidas de 1925. Duas vitórias contra o Paraguai, um empate contra o Corinthians, outro contra o Newell's Old Boys, outro com a Argentina, além de uma goleada sofrida por 4 a 1, também contra os argentinos.

O pesquisador da CBF Antônio Carlos Napoleão cataloga dois treinadores nesse Campeonato Sul-Americano de 1925: Joaquim Guimarães e Ramón Platero. É a pesquisa oficial da Confederação. Livros importantes, como "TODOS OS JOGOS DO BRASIL", publicado como selo Placar, entendem que Joaquim Guimarães era quem selecionava e escalava. Mas Platero estava lá, na campanha do vice-campeonato da seleção na Copa América de 1925.

A segunda vez foi em 1944. Os dois primeiros jogos de Flávio Costa como técnico — iria até a Copa do Mundo de 1950 — tiveram a companhia de Jorge de Lima, o Joreca. Como a seleção mesclou cariocas e paulistas para enfrentar e vencer o Uruguai por 6 x 1 e 4 x 0, em São Januário, escolheu-se o técnico campeão carioca pelo Flamengo, Flávio Costa, e o campeão paulista de 1943 pelo São Paulo, Joreca.

Português radicado no Brasil, Joreca nasceu em Lisboa, foi árbitro da estreia de Leônidas pelo São Paulo, no Pacaembu, em 1942, foi jornalista esportivo e, depois, treinador.

O terceiro foi Filpo Nuñez, argentino, que só dirigiu a seleção em um jogo, porque era treinador do Palmeiras, que representou o Brasil contra o Uruguai, nas cerimônias de inauguração do Mineirão.

É muito difícil que Carlo Ancelotti aceite dirigir a seleção brasileira neste ano. Se o próximo treinador for estrangeiro, será o quarto.

De 1.148 partidas da seleção, entre as consideradas oficiais pela Fifa, contra seleções, e as não oficiais, como contra clubes, nove delas tiveram técnico estrangeiro à beira do gramado. Filpo sozinho, Joreca e Ramón Platero acompanhados.