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Russell sonha com a 1ª vitória na F1, mas dá para bater a favorita Ferrari?

George Russell, o pole no GP da Hungria, acompanhado de Carlos Sainz (dir.) e Charles Leclerc, 2º e 3º no grid - Steve Etherington/Mercedes
George Russell, o pole no GP da Hungria, acompanhado de Carlos Sainz (dir.) e Charles Leclerc, 2º e 3º no grid Imagem: Steve Etherington/Mercedes

Colunista do UOL

30/07/2022 15h21

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O GP da Hungria é marcado como o palco da primeira vitória de vários pilotos. Damon Hill, Fernando Alonso, Jenson Button, Heikki Kovalainen, Esteban Ocon venceram pela primeira vez na Fórmula 1 em Hungaroring, escrita que o pole position George Russell pode manter na corrida que tem largada às 10h da manhã, pelo horário de Brasília, neste domingo. Mas quais são as chances reais do inglês depois da surpreendente primeira pole position da carreira?

Primeiro é preciso entender por que Russell conseguiu bater as favoritas Ferrari na classificação deste sábado. As equipes tiveram uma tarefa difícil de tentar preparar os carros para uma classificação com a pista ainda verde depois da chuva que caiu pela manhã, mas sem colocar muita carga nos pneus dianteiros, que costumam sofrer degradação termal na corrida.

Então é por isso que a Mercedes saiu da classificação não sabendo muito bem se fez as escolhas corretas. Como de costume nesta temporada, a equipe testou de tudo um pouco na sexta-feira, e fez várias mudanças no carro para o sábado. "Viramos o carro de cabeça para baixo, então é difícil prever o que vai acontecer. Nosso ritmo de classificação era bom, então isso pode querer dizer que vamos sofrer com os pneus na corrida", reconheceu Russell.

Isso porque ambos os pilotos da Ferrari, Carlos Sainz, segundo no grid, e Charles Leclerc, terceiro, relataram a mesma coisa. O carro estava muito bom até o Q3, quando eles sentiram que os pneus não respondiam da mesma forma. E a diferença para a última parte da classificação foi o aumento da temperatura.

Isso pode explicar por que um carro que geralmente sofre com o aquecimento dos pneus em uma volta lançada teve um rendimento muito melhor, lembrando que Lewis Hamilton também vinha forte, mas perdeu sua volta mais rápida por um problema no DRS.

Não está descartada a possibilidade de chover novamente no domingo, provavelmente antes da corrida, e as temperaturas deverão estar mais próximas daquelas do início da classificação. Isso pode ser uma preocupação para Russell especialmente na largada e nas primeiras voltas.

Depois, essa desvantagem da Mercedes começa a se tornar algo positivo, pois o carro tende a economizar mais pneus, o que faz com que o W13 seja o carro que mais cresce entre o sábado e o domingo. Para completar, o circuito da Hungria é travado e as ultrapassagens são difíceis. Ou seja, em termos de ritmo, embora as Ferrari sejam mais fortes, não dá para descartar a chance real de Russell. Tudo isso, claro, se a equipe não errou na mão no acerto do carro e prejudicou seu ritmo de corrida ao colocar carga demais nos pneus. Como disse Russell, é algo que ele só vai descobrir durante a prova.

Ferrari tem dois carros para contra-atacar

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Carlos Sainz, da Ferrari, durante o TL1 do GP da Hungria, da F1
Imagem: Francois Nel/Getty

O que pode ajudar a Ferrari é a possibilidade de jogar em 2 a 1 com a Mercedes na estratégia, antecipando a parada de um de seus pilotos para tentar obrigar Russell a responder chamando-o aos boxes. Com isso, o outro ferrarista seguiria na pista, ficando com pneus em condição melhor no final.

Existe sempre, na Hungria, a possibilidade de uma briga direta entre as estratégias de um e duas paradas, como no duelo entre Verstappen e Hamilton em 2019. Mas isso depende da vantagem dos carros na ponta em relação aos rivais, para que o piloto que para duas vezes não encontre trânsito. Uma vez que pilotos rápidos, mas que tiveram problemas na classificação, estão em posições intermediárias, esse espaço pode não existir. Além de Hamilton, Max Verstappen teve uma falha mecânica que interferiu na potência do motor, algo que a equipe acredita poder resolver. O inglês larga em sétimo e o holandês, líder do campeonato, é o décimo.

Apesar do problema, Verstappen estava animado com a melhora que sentiu no carro da sexta-feira para o sábado, e acredita que pode se recuperar. Em uma corrida sem intervenções do Safety Car, isso dependeria, ou de uma estratégia diferente, colocando-o com um pneu mais duro para ele demorar mais para parar e ter pista livre, ou em primeiras voltas agressivas. O fato é que a pista travada da Hungria não é o melhor lugar para se ter uma classificação ruim, mas a folga do holandês, de 63 pontos, é enorme, e ele sai da Hungria como líder independente do resultado.

Outra briga de 2 x 1 acontecerá um pouco atrás da disputa pela vitória, com Lando Norris largando em quarto e tendo as duas Alpine logo atrás. A McLaren do inglês tem se dado bem em pistas nas quais os pneus traseiros se desgastam primeiro e também onde a tração conta bastante, mas ele precisará contar com a ajuda de Daniel Ricciardo para que o time laranja retome a quarta posição no mundial.