Pole Position

Pole Position

Só para assinantesAssine UOL
Opinião

De quinto à primeira vitória: Norris se livra de apelido com ritmo e sorte

Lando Norris se livrou do apelido de "Nowins", sem vitórias, e ganhou pela primeira vez depois de 109 tentativas, no que foi a melhor corrida do ano até aqui. Norris teve a chance de ganhar algumas vezes. A mais famosa delas, quando decidiu ficar na pista enquanto chovia na Rússia em 2021 e perdeu uma larga vantagem que tinha na liderança. Mas também chegou perto em Singapura e no Qatar ano passado, poderia ter vencido na Itália em 2020, quando atendeu ao pedido da McLaren para segurar posição e garantir a dobradinha da última vitória da equipe britânica.

O próprio Norris lembrou que foi muito criticado por oportunidades perdidas e cometeu erros nestes seus cinco anos de carreira, e isso fez a primeira vitória ter um sabor especial. É claro que foram pouquíssimas oportunidades em que a McLaren teve qualquer chance de vencer desde que ele chegou na F1, mas o que estava faltando era Norris aproveitar a brecha, por mais pequena que ela fosse.

O ritmo dele foi impressionante. E a mentalidade, de vencedor. Quando ele se livrou de Perez, o engenheiro perguntou se eles deveriam focar em cobrir o mexicano ou focar em quem estava na frente, que era Sainz no momento. "Eu vou atrás dele", disse o inglês, que passou a voar na pista ao mesmo tempo em que conseguiu conservar seus pneus por mais tempo que os rivais, inclusive Verstappen.

A vitória vem em um momento oportuno. A McLaren trouxe um pacote de mudanças extenso, que estava 100% instalado apenas no carro de Norris. Eles conseguiram adiantar as alterações, que significam que praticamente todas as superfícies aerodinâmicas do carro agora são diferentes em relação ao carro que começou a temporada.

Digo oportuno porque Ferrari e Red Bull esperam trazer grandes pacotes de mudanças já na próxima etapa, em Imola, daqui a duas semanas. Então essa era a prova para a McLaren usar a vantagem das novas peças. Isso não parecia ser suficiente para uma vitória após os carros laranjas fecharem a terceira fila, sem conseguir impor seu ritmo na classificação. Mas a corrida acabou se desenhando de uma forma que mudou esse cenário.

O que aconteceu com Verstappen?

A sprint já tinha dado indicativos de que Max Verstappen não estava tendo um final de semana dos mais tranquilos, com Charles Leclerc mantendo-se perto do holandês durante a corrida curta. O holandês largou na frente no GP de Miami, mas não conseguiu abrir sua vantagem costumeira. E também não conseguiu preservar seus pneus por mais voltas que os rivais, outra marca da Red Bull nos últimos anos.

Isso deixou Verstappen vulnerável de uma maneira que ele não tinha estado ainda nesta temporada: ele não estava na liderança quando o Safety Car foi acionado, após um toque entre Kevin Magnussen e Logan Sergeant, e foi Lando Norris quem conseguiu fazer uma parada perdendo menos tempo atrás do Safety Car, mantendo a liderança que tinha conseguido justamente após as paradas de todos os rivais diretos.

Continua após a publicidade

Em outras corridas, Verstappen teria facilmente passado Norris e vencido, mesmo com pneus seis voltas mais usados. Mas os papéis pareciam estar invertidos: foi o piloto da McLaren que logo abriu mais de 1s de vantagem, impedindo que holandês usasse o DRS para tentar superá-lo.

Norris foi abrindo lentamente, sem ver uma resposta de Verstappen. O UOL Esporte apurou que ele teve um problema em sua unidade de potência depois da classificação e chegou a pedir para que fosse permitida uma troca de peças, mas isso não foi aprovado porque a FIA não estava convencida de que era um claro problema de confiabilidade, e sim algo mais relacionado à performance.

No entanto, Verstappen não citou nenhum problema nas entrevistas e disse que ficou faltando aderência nos pneus, o que impediu que ele adotasse um ritmo mais forte. Mesmo antes do Safety Car, ele já estava impressionado com o ritmo que Lando estava adotando mesmo sem ter parado. E, quando a corrida foi reiniciada, sentiu que não faria sentido tentar acompanhá-lo, pois o ritmo da McLaren era realmente superior.

Companheiro de Norris esteve na luta pelo pódio até toque

Charles Leclerc chegou em terceiro pela Ferrari, tendo passado Oscar Piastri com a estratégia de parar mais cedo nos boxes. O australiano teve uma disputa forte com Carlos Sainz por várias voltas, e acabou com danos na sua asa dianteira, saindo totalmente da disputa.

Outro sinal de que a Red Bull não estava em seus melhores dias foi a performance de Sergio Perez. Ele claramente segurou o ritmo de Norris no início da prova, parou uma vez a mais que os rivais diretos, usando o período de Safety Car, e mesmo assim terminou a corrida sendo pressionado por Lewis Hamilton, com uma Mercedes que não teve um bom desempenho por todo o final de semana, embora tenha demonstrado um ritmo de corrida melhor neste domingo do que na sprint.

Continua após a publicidade

Perez ficou com a quinta colocação, Hamilton com a sexta. Yuki Tsunoda, mais uma vez fazendo um trabalho consistente na RB, foi o sétimo, com George Russell, Fernando Alonso e Esteban Ocon completando o top 10. Foi o primeiro ponto da Alpine na temporada.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes