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"Constrangido" por (outro) erro, Hamilton sabe que precisa vencer em Sochi

Lewis Hamilton no cockpit da Mercedes durante a classificação em Sochi  - Mercedes
Lewis Hamilton no cockpit da Mercedes durante a classificação em Sochi Imagem: Mercedes

Colunista do UOL

25/09/2021 13h45

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O caminho parecia livre para Lewis Hamilton dar um grande passo neste sábado para retomar a liderança do campeonato da Fórmula 1, já que a Mercedes vinha demonstrando, como de praxe, um excelente desempenho em Sochi, na Rússia, e seu rival Max Verstappen ia para a classificação já sabendo que largaria nas últimas posições do grid por conta de uma punição pela troca do motor. Mas um sábado de muita chuva terminou com Lando Norris marcando sua primeira pole position da carreira, Carlos Sainz em segundo e George Russell em terceiro.

Hamilton ainda está em vantagem em relação a Verstappen, largando em quarto enquanto o holandês vai alinhar em último, mas saiu da pista de Sochi decepcionado com sua classificação, em que bateu no muro dentro dos boxes e depois rodou. "Não é algo que se espera ver de um campeão do mundo. É constrangedor", disse o piloto.

A decepção tem motivo: o inglês está vendo o filme da última corrida, na Itália, se repetir. Há duas semanas, em outra pista em que a Mercedes estava andando bem, Hamilton largou em segundo na sprint (em um fim de semana no qual a F1 testou um formato diferente para definir o grid, com uma minicorrida no sábado), mas cometeu um erro no acionamento da embreagem na largada e perdeu posições, abrindo a chance de o rival Verstappen ser o pole. Eles, ao longo da corrida, se encontraram na pista e tiveram um acidente que acabou com a corrida de ambos.

Já na Rússia, Hamilton vinha muito bem na classificação até um momento crucial, quando a pista começou a secar e os pilotos estavam trocando os pneus de pista molhada pelos de pista seca. O primeiro a fazer isso foi George Russell, ainda que meio sem querer: o inglês, que será companheiro de Hamilton ano que vem, disse pelo rádio que a Williams deveria preparar os pneus de pista seca, mas pensando em colocá-los mais adiante na sessão. E eles o chamaram para os boxes imediatamente, entendendo que esse era seu pedido. "Eu quase bati logo na saída dos boxes, mas coloquei na cabeça que a melhor volta do pneu não seria a primeira, e que teria que aquecê-los para estar bem no final."

Foi essa oportunidade que Hamilton não teve após o erro na entrada do box, que fez com que ele tivesse de trocar a asa dianteira. E, pior, a equipe primeiro trocou seus pneus e tirou a asa, mas optou por empurrá-lo para frente para dar lugar a Bottas, que também estava parando para trocar os pneus. Com este processo, os pneus dele ficaram fora do cobertor, que mantém a temperatura próxima da necessária para que os compostos funcionem bem, por mais de um minuto. Então, a temperatura caiu tanto que ele não conseguiu aquecê-los na única volta que teve para fazer isso antes de o cronômetro zerar, e não melhorou seu tempo.

Para sua sorte, só três pilotos melhoraram - justamente aqueles que arriscaram colocar os pneus de pista seca mais cedo. Para Norris, a pole sob condições difíceis é uma redenção após o acidente sofrido na classificação da Bélgica, quando ele também andava bem antes de bater. E o mesmo pode ser dito de Sainz, que vem de uma série de batidas e disse ter feito "uma das melhores voltas da carreira." Já Russell, segundo na classificação sob chuva na Bélgica, já estava de olho na corrida, já que o terceiro colocado geralmente tem boas chances inclusive de pular na ponta em Sochi, uma vez que a primeira freada é apenas na segunda curva, ou seja, são 890m metros até lá, o que dá uma grande chance de pegar o vácuo do pole position.

Isso também serve, é claro, para Hamilton, que, tudo indica, terá ritmo para se recuperar durante a corrida. Mas também é verdade que o inglês sofreu para superar a McLaren de Norris na Itália nas retas: ambos têm o mesmo motor e o carro do time inglês oferece pouco arrasto, o que ajuda nas retas.

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Max Verstappen largará em último lugar no Grande Prêmio da Rússia
Imagem: GettyImages

Para Hamilton, é imprescindível vencer neste domingo, já que há mais pistas em que a Red Bull deve estar melhor daqui até o final da temporada do que circuitos como Sochi e Monza, que favorecem a Mercedes.

Largando em último, Verstappen não quis colocar uma meta de resultado para o GP, mas tem como exemplo o que aconteceu em 2018, quando largou em 19º também por uma punição pela troca de motor e chegou em quinto. Desta vez, o holandês tem um carro superior em mãos, além de ter tido a possibilidade de acertar seu carro apenas para a corrida, enquanto os demais tiveram de fazer um comprometimento (já que a regra impede mudanças de acerto entre a classificação e a corrida).

De qualquer maneira, as equipes vão relativamente no escuro para a corrida em termos de desempenho. A pista da Rússia é conhecida por ter uma grande evolução ao longo do fim de semana, mas com toda a chuva que caiu neste sábado, a tendência é que o asfalto esteja verde neste domingo, dificultando a escolha dos pneus por parte das equipes. Isso, lembrando que, como a classificação foi realizada sob chuva, todos os pilotos podem escolher os compostos com que largarão, e a expectativa é de que não chova neste domingo em Sochi.