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Após duas tentativas, F1 já estuda rever formato de minicorrida aos sábados

Valteri Bottas na liderança do sprint do GP de Monza - ANDREJ ISAKOVIC / AFP
Valteri Bottas na liderança do sprint do GP de Monza Imagem: ANDREJ ISAKOVIC / AFP

Colunista do UOL

15/09/2021 04h00

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Depois de dois GPs em que uma corrida curta definiu o grid de largada —em Silverstone, em julho, e em Monza, no último final de semana—, a Fórmula 1 já está estudando o que pode tornar o novo formato de sprint mais atraente para a próxima temporada. A grande queixa é a falta de movimentação da corrida do sábado, que acabou tendo menos ação do que se esperava na Itália.

No formato atual, uma classificação tradicional é feita na sexta-feira definindo as posições de largada para o sprint, no sábado. E a corrida de meia hora serve para determinar o grid do GP no domingo. A ideia é que esse formato seja usado apenas em algumas etapas no ano, prioritariamente em pistas nas quais as ultrapassagens não são tão difíceis. E, depois dos testes em Silverstone e Monza, a próxima prova a receber o sprint será o GP de São Paulo, em novembro.

Em Monza, o diretor de prova, Michael Masi, disse que é possível que ajustes sejam feitos já para a etapa de Interlagos, dependendo da avaliação da Federação Internacional de Automobilismo em conjunto com a chefia da F1.

"Vamos colher os dados nos próximos dias. Mas ter algo significativo na sexta-feira, como a classificação, é algo positivo. E, em relação à sprint, vamos dar uma olhada. Vi vários comentários sobre a falta de ultrapassagens. Mas é fato que ela serviu para misturar um pouco o grid para o GP", lembrou o australiano, referindo-se ao fato de os favoritos da Mercedes não terem fechado a primeira fila em Monza após a sprint, em um GP que teve a vitória de Daniel Ricciardo, da McLaren.

Na avaliação dos pilotos, uma corrida de 18 voltas (usando o exemplo de Monza, uma vez que o número de voltas varia, tendo como limite 100km de duração, ou seja, um terço de um GP normal) acaba não sendo suficiente para que oportunidades de ultrapassagem sejam geradas, pois elas dependem muito do desgaste de pneus. E eles também não se sentem estimulados a correr muitos riscos, temendo perder posições no grid da corrida principal.

"Minha sensação é de que a corrida é curta demais, então, todos estão pilotando sem poupar nada e isso não dá muita oportunidade de se ultrapassar. Normalmente, vemos ultrapassagens quando o desgaste entre o pneu de um e outro é diferente. Mas uma corrida de 100km não gera essa oportunidade", disse o piloto da Williams George Russell, que sugeriu uma mudança: obrigar todos a usarem os compostos mais macios, que se desgastam mais, na prova curta.

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Valtteri Bottas, com a medalha que conquistou pela vitória na minicorrida de Monza, neste sábado
Imagem: Reprodução/F1TV

Mas a F1 está estudando uma solução diferente, provavelmente para o ano que vem: tornar a sprint independente da corrida principal, ou seja, os pilotos levariam mais pontos pela prova rápida do sábado, e ela não serviria para formar o grid do domingo.

"Nós sabemos que às vezes temos corridas boas, às vezes não", ponderou o diretor técnico da F1, Ross Brawn. "Talvez a sprint seja fantástica no Brasil e queremos julgar o formato depois de três corridas. Mas há provavelmente um elemento neste evento: os pilotos assumem menos riscos porque querem se manter na prova."

A mudança no formato sprint ainda precisa ser totalmente preparada. Mas a ideia inicial é usar a classificação da sexta-feira para definir ambos os grids. O certo é que a F1 não desistirá desse formato de uma hora para a outra, pois foram mais de dois anos de negociação, no que começou como uma proposta de corrida com grid invertido, até que a categoria conseguisse convencer as equipes a fazerem o teste em três etapas neste ano.

A avaliação é que as sprints adicionam ação de pista à sexta-feira, que geralmente fica limitada a treinos livres, e é uma forma de testar a diminuição do tempo total das corridas, buscando alinhar a F1 a um público mais jovem. De fato, mesmo que a sprint do sábado não tenha sido das mais emocionantes, foi observado um aumento no número de espectadores nas plataformas digitais da categoria.

A próxima corrida da Fórmula 1, voltando ao formato normal, será na Rússia, dia 26 de setembro. Com dois pontos que conquistou no sábado, Max Verstappen ampliou sua vantagem na liderança do campeonato para cinco pontos em relação ao rival Lewis Hamilton.