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GP de primeiras vezes deu "paz" para Perez e dor de cabeça para a Mercedes

Sergio Pérez comemora vitória no GP de Sakhir - Divulgação/Formula 1
Sergio Pérez comemora vitória no GP de Sakhir Imagem: Divulgação/Formula 1

Colunista do UOL

06/12/2020 20h08

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Foi um domingo de primeiras vezes no que também era a estreia de um traçado diferente no anel externo do circuito do Bahrein. A primeira vitória de Sergio Perez veio para coroar a melhor temporada da carreira do mexicano, que ainda está a pé para o ano que vem. O primeiro pódio de Esteban Ocon vem num momento importante para o francês, que busca se firmar em um time que terá Fernando Alonso na próxima temporada dando as cartas. A primeira corrida dominante, até a confusão da Mercedes no pit stop, de George Russell, um piloto de que se espera muito. E a estreia do brasileiro Pietro Fittipaldi na Fórmula 1.

Essa vitória de Perez veio com mais de oito anos de "atraso" e deixou o piloto, em suas próprias palavras, em paz consigo mesmo. Perez chegou muito perto de vencer o GP da Malásia de 2012, quando corria pela Sauber, que usava motores Ferrari. Nas voltas finais, ele vinha muito mais rápido que o líder Fernando Alonso, então na Ferrari, e a ultrapassagem parecia uma questão de tempo. Até que ele se desconcentrou e errou. Pouco antes, tinha recebido uma mensagem via rádio para que pensasse no pódio ("precisamos dessa posição"), o que foi interpretado na época como uma tentativa de ordem para não passar Alonso.

Porém, como Perez já tinha mostrado, desde sua estreia, na Austrália em 2011, que cuidava muito bem dos pneus Pirelli, sua primeira vitória era tida como uma questão de tempo. Ainda mais quando ele substituiu Lewis Hamilton na McLaren em 2013. Mas o time caiu de produção, Perez foi muito mal durante aquele ano e perdeu o que seria sua grande chance em um time grande, não tendo o contrato renovado ao final do ano. Voltou ao meio do pelotão, pela Force India, que hoje é a Racing Point, e conquistou seis pódios para o time antes da vitória em Sakhir.

Na verdade, seriam três pódios seguidos, não fosse o estouro de motor nas voltas finais da corrida do último domingo, o GP do Bahrein, quando ele era terceiro. Se a Racing Point recuperou o terceiro lugar no mundial de construtores e vai para a etapa final com 10 pontos de vantagem para a McLaren, deve muito ao piloto que dispensou para dar lugar a Sebastian Vettel ano que vem.

Ironicamente, Perez se colocou em posição de aproveitar a lambança da Mercedes depois de um toque que o jogou para o fundo do pelotão na primeira volta, mas que tirou dois rivais - Max Verstappen e Charles Leclerc - do caminho e permitiu que ele colocasse os pneus médios e otimizasse sua estratégia de uma parada. Assim, ele escalou todo o pelotão e era o terceiro quando Jack Aitken causou um Safety Car na volta 54.

O cartão de visitas de Russell

Até ali, a corrida era, pela primeira vez, de George Russell. Acostumado às vitórias nas categorias de base, o britânico amargara a rabeira do grid por quase duas temporadas inteiras na Williams, ou pelo menos até ter a chance de pilotar o carro de Lewis Hamilton no Sakhir. Largou bem e tomou a ponta, controlou o ritmo e parecia fazer o mesmo que Max Verstappen: vencer na estreia por um time grande, mesmo com o campeonato em andamento.

Mas uma parada desastrada da Mercedes, cujos mecânicos não perceberam que os pneus de Russell não estavam preparados e calçaram os de Bottas no lugar, começou a complicar sua tarde. Ele caiu para quinto, mas vinha escalando o pelotão quando teve um furo no pneu e teve de parar pela quarta vez. Ainda assim, conquistou seus primeiros pontos na F1, com o nono posto e o ponto extra pela volta mais rápida.

Deu seu cartão de visitas para a Mercedes e, perguntado se achava que tinha causado um problema para Toto Wolff definir sua dupla de pilotos em 2022, respondeu. "Ou talvez até mais cedo". O obstinado britânico de 22 anos quer a vaga de Valtteri Bottas já para o ano que vem, ainda que a Mercedes garanta que não vai mudar.

Foi a primeira vez, também, de Esteban Ocon no pódio. Ele vem perdendo nas classificações para o companheiro Daniel Ricciardo por muito pouco, e desta vez essa foi sua sorte: fora do Q3 e se classificando em 11º, ele teve a chance de escolher o pneu com que largaria, fez a primeira parte da prova com os médios, e conseguiu fazer uma parada a menos que os rivais. Foi um pódio, inclusive, no estilo Sergio Perez, e que lhe dá confiança para enfrentar Fernando Alonso na Renault em 2021.

Aprendizado para Fittipaldi

pietro - Rudy Carezzevoli/Getty Images - Rudy Carezzevoli/Getty Images
O brasileiro Pietro Fittipaldi correu na Fórmula 1 com o número 51 no seu carro, homenageando o Mundial do Palmeiras
Imagem: Rudy Carezzevoli/Getty Images

E também foi uma boa estreia para Pietro Fittipaldi. Ele sentiu na pele algo sobre o que ouviu os pilotos titulares da Haas reclamarem o ano todo: o carro sofre demais com a turbulência de outros carros, fica muito instável nas freadas. Largado em último, ele conseguiu acompanhar Kimi Raikkonen na primeira parte da corrida, e depois que começou a levar uma volta dos líderes, se distanciou um pouco do pelotão com a outra Haas, as Alfa Romeo e as Williams.

No final, com o Safety Car, teve outra chance de encostar e ficou em uma briga com Aitken, mas faltou velocidade ao motor Ferrari. No geral, uma estreia do jeito que ele queria: chegando até o final, sem erros, e com muito aprendizado para ser usado na segunda chance, em Abu Dhabi, já no próximo final de semana.