Stroll surpreende e garante pole no GP da Turquia; Hamilton larga em 6º

Em uma classificação muito complicada com pouca aderência em um asfalto novo e chuva, Lance Stroll, da Racing Point, surpreendeu e garantiu a pole position e vai largar na frente no GP da Turquia. O piloto fez o tempo de 1min47s765 e se disse "chocado" por ter conquistado a primeira pole da carreira. Max Verstappen vai largar em segundo e Sérgio Pérez em terceiro, na corrida que pode decidir o heptacampeonato de Lewis Hamilton. Para ser campeão com três etapas de antecipação, o inglês precisa chegar na frente de Valtteri Bottas.

O inglês larga em sexto, sua pior posição de classificação desde o GP da Alemanha de 2018, quando foi o 14º e acabou vencendo a corrida. Ele se disse satisfeito com sua classificação. "Cheguei ao final com as quatro rodas ainda no meu carro, não rodei, não bati. Acho que fiz o máximo que podia com o equipamento que tinha em mãos. Outros carros pareciam ter mais aderência que nós." Hamilton foi sete décimos mais rápido que Bottas, que vai largar em nono. Foi a primeira vez na temporada que a Mercedes não conseguiu a pole.

Relacionadas

Hamilton detona asfalto do GP da Turquia: 'Uma m... com M maiúsculo'

Chuva forte interrompe treino classificatório do GP da Turquia no Q1

O bom resultado obtido pelos pilotos da Racing Point veio pelo desempenho de seu carro com o pneu intermediário. Max Verstappen havia sobrado no Q2 com os pneus de chuva, mas ao trocar para o intermediário no Q3 ele não conseguiu manter o ritmo e chegou a reclamar com a equipe de que não tinha a aderência necessária para ser mais rápido.

Stroll e Pérez aproveitaram a queda de rendimento do holandês e, com o pneu intermediário, subiram posições e chegaram a sonhar com uma dobradinha na primeira fila. No entanto, Verstappen se recuperou na parte final e alcançou a segunda melhor volta.

Há previsão de chuva também para a corrida, que começa às 7h10 da manhã, pelo horário de Brasília.

Horas após a classificação, o espanhol Carlos Sainz foi punido com três posições após comissários identificarem que ele prejudicou a volta de Sérgio Pérez durante o treino. Ele havia conquistado o 13º lugar, mas largará em 15º. Isso porque, posteriormente, o piloto da McLaren Lando Norris foi punido com cinco posições no grid por ignorar uma bandeira amarela dupla no Q1. O piloto conquistou a 11ª posição, mas largará na 16ª.

Sainz recebeu, ainda, um ponto de penalidade em sua superlicença. Ainda assim, como não tinha um ponto de punição sequer, soma apenas um ponto de penalidade até o momento.

Top 10 do GP da Turquia:

1 - Lance Stroll/CAN - Racing Point - 1min47s765
2 - Max Verstappen/HOL - Red Bull - 1min48s055
3 - Sergio Perez/MEX - Racing Point - 1min49s321
4 - Alexander Albon/TAI - Red Bull - 1min50s448
5 - Daniel Ricciardo/AUS - Renault - 1min51s595
6 - Lewis Hamilton/ING - Mercedes - 1min52s560
7 - Esteban Ocon/FRA - Renault - 1min52s622
8 - Kimi Raikkonen/FIN - Alfa Romeo Racing - 1 min52s745
9 - Valteri Bottas/FIN - Mercedes - 1min53s258
10 - Antonio Giovinazzi/ITA - Alfa Romeo Racing - 1min57s226

Q1 com duas bandeiras vermelhas

Logo que foi à pista, quando ainda preparava os pneus para sua primeira volta rápida, o líder de todas as sessões de treinos livres, Max Verstappen, quase rodou. E todos os pilotos reportavam o mesmo para seus engenheiros: "Não há aderência". Para conseguir se manter na pista, os pilotos estavam adotando um ritmo muito lento, andando em mais de 2min em uma pista em que os tempos de volta, sob condições normais, deveriam estar por volta de 1min24 e, mesmo com a chuva, deveria estar por volta de 1min50.

Com a piora da chuva, o Q1 acabou sendo interrompido com 6min56 para o final, quando Esteban Ocon liderava à frente de Bottas e Stroll, e Charles Leclerc estava na zona de eliminação com a Ferrari, em 16º. Grosjean, Glasy, Russell e Latifi também estavam entre os eliminados nesse momento.

Havia muita pressão na direção de prova, porque a classificação começou às 15h locais, e o pôr do sol estava marcado para 17h45, e era preciso conseguir terminar a definição do grid antes disso. A sessão foi reiniciada quase 50 minutos depois, quando já não chovia, mas a aderência ainda era muito baixa e não demorou muito para a bandeira vermelha reaparecer, após Romain Grosjean ficar preso na brita. Desta vez, contudo, a interrupção foi rápida, e logo os pilotos voltaram para a pista para tentar terminar, mais de uma hora depois do início da sessão, a primeira parte do classificatório.

No final, Verstappen acabou fazendo o melhor tempo, com Albon em segundo. Hamilton conseguiu fazer uma volta no final, mas ela acabou sendo deletada porque ele saiu da pista mas, mesmo assim, ele conseguiu passar para a segunda fase por pouco mais de quatro décimos, mas com uma volta 10 segundos mais lenta que Verstappen. Os eliminados foram Magnussen, Kvyat (que também escapou na última volta), Russell, Grosjean e Latifi, que ficou preso na caixa de brita. Foi a primeira vez no ano que as duas Alfa Romeo passaram para o Q2.

Eliminados no Q1
17º Daniil Kvyat (RUS/AlphaTauri) - 2min09s070
18º George Russell (ING/Williams) - 2min10s017
19º Romain Grosjean (FRA/Haas) - 2min12s909
20º Nicholas Latifi (CAN/Williams) - 2min21s611

Q2: Verstappen 2s mais rápido que todo mundo

As Mercedes continuaram tendo dificuldade em gerar temperatura nos seus pneus mesmo quando a pista melhorou na segunda parte do treino e, novamente, Verstappen parecia correr em outra liga, três segundos mais rápido que todos os outros. Com quatro minutos para o fim, as duas Ferrari, que tinham ido bem nos treinos livres, estavam fora do top 10 e sendo eliminadas do classificatório, assim como as McLaren, que optaram pelos pneus intermediários enquanto todos os outros pilotos iam para a pista com o pneu de chuva.

Era uma situação curiosa: os pneus de chuva não estavam sendo usados porque havia muita água para dissipar, o que é sua função normal. Mas porque eles precisam de menos temperatura que os intermediários para funcionar.

No final, o companheiro de Verstappen, Alex Albon, conseguiu chegar mais perto do holandês mas, ainda assim, ficou 2s atrás. Hamilton fez o terceiro tempo e a grande surpresa foi Antonio Giovinazzi colocando a Alfa Romeo em quinto. Os dois carros do time, que costuma ser eliminado no Q1, passaram para a definição do top 10.

Já as Ferrari acabaram eliminadas, com Charles Leclerc saindo da pista na primeira curva. E o mesmo aconteceu com os dois pilotos da McLaren e com Pierre Gasly.

https://www.uol.com.br/esporte/colunas/pole-position/2020/11/14/sonhamos-com-esses-momentos-desde-a-infancia-diz-um-chocado-stroll.htm

Eliminados no Q2

11º Sebastian Vettel (ALE/Ferrari) - 1min55s169
12º Charles Leclerc (MON/Ferrari) - 1min56s696
13º Pierre Gasly (FRA/AlphaTauri) - 1min58s556
14º Kevin Magnussen (DIN/Haas) - 2min08s007 (eliminado no Q1, mas ganhou posições com punições da McLaren)
15º Carlos Sainz (ESP/McLaren) - 1min55s410* (punido)
16º Lando Norris (ING/McLaren) - 1min54s945* (punido)

Por que está tão difícil segurar o carro na pista?

O circuito da Turquia não era usado pela Fórmula 1 desde 2011, e foi colocada no calendário como reposição das provas que foram canceladas devido ao coronavírus. Controlada pela Intercity, empresa que aluga e vende, carros, desde 2013, ela foi reasfaltada semanas antes do GP, depois que a Pirelli já tinha selecionado pneus conservadores para a etapa tendo como base o asfalto antigo.

Além dos pneus errados, o asfalto novo solta óleos durante a sua maturação que também tiram a aderência da pista, o que já um problema quando o mesmo foi feito em Portimão, outra corrida que entrou no calendário por conta dos cancelamentos. Para piorar, as temperaturas estão por volta de 15ºC e não há categorias de acesso para ajudar a emborrachar a pista.

Mas mesmo o trabalho feito pelos pilotos nos treinos de sexta-feira e também por uma medida desesperada dos promotores, colocando os carros que alugam para rodar na pista tentando aumentar a borracha foram jogados fora devido à chuva, que limpou a borracha e trouxe ainda mais óleo, que naturalmente sai de asfaltos novos, para a superfície.

É um ciclo vicioso: sem aderência, o piloto não consegue forçar o ritmo, e assim os pneus ficam frios e a aderência é menor ainda. Quando ele consegue aquecer os pneus e começa a arriscar, sai da pista e volta a esfriar os pneus.