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Engrenagem perfeita de Hamilton e Mercedes e confiança de Max marcam GP

Equipe da Red Bull arruma carro de Max Verstappen após batida minutos antes do GP da Hungria - Mark Thompson/Getty Images
Equipe da Red Bull arruma carro de Max Verstappen após batida minutos antes do GP da Hungria Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

19/07/2020 17h19

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Nem mesmo quando fatores externos podem complicar uma corrida, a engrenagem perfeita de Lewis Hamilton, seu engenheiro Peter Bonnington, mais conhecido como Bono, e o W11 da Mercedes, deixa de funcionar à perfeição. No GP da Hungria, ele conquistou sua oitava vitória no Hungaroring dando volta em 14 pilotos, incluindo as duas Ferrari, mesmo tendo feito uma parada a mais que a grande maioria deles, e escreveu mais um capítulo da história que tem tudo para ser a mais dominadora de que se tem notícia.

Isso porque o carro parece andar em trilhos, e não em uma pista, o que é mais uma prova de quão bem a engrenagem funciona. Quando a F1 passou por uma mudança extensa de regras para deixar os carros mais rápidos, em 2017, a Mercedes, mesmo vencendo, sofria porque a janela em que o carro funcionava bem era pequena. E lá foram anos de feedback dos pilotos sendo traduzidos pelos engenheiros até chegar aos novos desenhos e resultar em corridas como a deste domingo. E em banhos de champanhe como ele mesmo, Bono, levou de Hamilton.

Com um carro bem menos na mão, ainda que rendendo muito mais do que na classificação, Max Verstappen quase jogou tudo fora ao bater antes de alinhar no grid, em um momento em que vários pilotos tinham dificuldade e a pista parecia estar um sabão. Mas seus mecânicos, aqueles mesmos que costumam fazer pit stops abaixo dos 2s, trabalharam com calma e basicamente reconstruíram a frente do carro, terminando 35s antes do limite para se mexer no carro no grid. E Max agradeceu ignorando qualquer temor tanto pela condição da pista, quanto do carro, indo para cima na largada e depois conseguindo fazer bons tempos com o asfalto pouco molhado com pneus intermediários. Foi um dos últimos a trocar para os pneus de pista seca e, ainda assim, voltou em segundo.

Outro acerto da equipe foi colocá-lo com pneus duros para a segunda parte da prova. Como tinha sido observado graining na sexta-feira, algo relacionado à baixa temperatura e que aflige mais os compostos macios, então os pneus de faixa branca eram a melhor opção, embora houvesse a preocupação com o aquecimento nas primeiras voltas.

Talvez por isso, a Mercedes tenha optado pelos médios, mas sua vantagem é tão grande que os dois pilotos chegaram ao pódio mesmo com um pit stop a mais. E a dobradinha só não saiu porque Bottas se confundiu com uma luz no seu painel e só não queimou a largada porque o movimento que seu carro fez antes de as luzes se apagarem ficou dentro da tolerância do sensor que cada carro carrega.

Falando em estratégia, a intenção da Haas chamando os dois pilotos para os boxes ainda na volta de apresentação foi excelente, não fosse algo fora das regras. Isso é algo a que o racing manager tem de ficar muito atento, pois é ele que, pelo menos em teoria, conhece as regras como ninguém. Ainda mais quando um time foi punido recentemente (Alemanha 2019) por algo tão semelhante. Essa regra de não poder dar instruções aos pilotos na volta de apresentação é focada na largada, mas a decisão foi por barrar qualquer instrução para evitar que os times usem códigos. Então eles poderiam ter combinado previamente com os pilotos que eles entrariam caso sentissem que a pista estava seca. Mas, mesmo com as punições, provavelmente Magnussen não pontuaria não fosse a tática.

Foi uma corrida com mais um protesto contra a Racing Point, algo que vai continuar acontecendo até que a FIA feche o caso. E foi mais uma corrida em que Sergio Perez errou, assim como fez passando do limite de velocidade no pit na Áustria e tocando em Albon (que hoje fez boa corrida, por sinal) no GP da Estíria. Agora foi a largada ruim, talvez atrapalhada por Bottas, já que ele estava logo atrás. De qualquer maneira, o quarto lugar de Stroll mostrou que o time é mesmo a terceira força na corrida, e talvez a segunda na classificação.

O GP da Hungria mostrou, também, a realidade do grupo que vem logo atrás. Vettel foi sexto mesmo perdendo bastante tempo na primeira parada, pois a Ferrari teve que esperar vários pilotos passarem para liberá-lo, a exemplo do que aconteceu na McLaren com Sainz. O time teve um ritmo melhor do que Renault e McLaren, seus rivais diretos, pelo menos com o alemão, já que Charles Leclerc disse que nem reconhecia seu carro, completamente diferente em comparação com a classificação. Seja como for, o fato é que a Scuderia já está a quase 100 pontos da Mercedes depois de apenas três corridas. E não é uma diferença que vai diminuir tão cedo.