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F1 luta para evitar "tragédia" de perder equipes pós-coronavírus, diz Brawn

Saúde financeira da Fórmula 1 depende das corridas serem realizadas em 2020 - Andrej ISAKOVIC / AFP
Saúde financeira da Fórmula 1 depende das corridas serem realizadas em 2020 Imagem: Andrej ISAKOVIC / AFP

Colunista do UOL

04/05/2020 11h58

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O diretor-técnico da Fórmula 1, Ross Brawn, disse que a prioridade da categoria no momento é assegurar que todas as equipes consigam seguir no grid depois da passagem da pandemia do coronavírus. E, para isso, é importante que duas coisas aconteçam: que seja possível manter ao menos parte da receita, realizando corridas neste ano, e que os times grandes aceitem uma redução do teto de gastos. "Queremos manter os times vivos. Se perdêssemos duas equipes neste momento, seria uma tragédia. Estamos trabalhando muito duro nesse sentido", disse em entrevista ao canal britânico Sky Sports.

Como adiantado pelo UOL Esporte no final de abril, o plano da Fórmula 1 é iniciar o campeonato dia 5 de julho, na Áustria. A categoria segue com o objetivo de fazer até 18 corridas e, assim, proteger suas contas: a maior parcela do faturamento vem da realização das provas, e a segunda grande fonte de receita são os contratos de TV, que teriam de ser revistos caso forem realizadas menos de 15 provas.

"Precisamos ver como será o calendário e quanto dinheiro haverá para ser distribuído. E então sentar com as equipes para encontrar uma forma de nos certificar que todos sigamos juntos nesta jornada. Porque o futuro parece ser muito bom. Temos 10 equipes muito boas no grid e queremos mantê-las assim."

Sobre o teto, Brawn disse que falta fechar alguns detalhes, como o valor que será adotado a partir de 2022, quando a F1 passará por uma grande reformulação. "O objetivo inicial do teto de gastos era fazer com que o grid ficasse mais competitivo, mas com a atual situação, a prioridade se tornou a sustentabilidade econômica da F1. E isso conta tanto para as equipes grandes, quanto para as pequenas. E acho que está ficando muito claro que a mensagem é essa: precisamos cortar gastos. Vamos começar com 145 milhões de dólares e a discussão é o quanto será possível diminuir essa quantia nos próximos anos."

Tal valor já representa um passo significativo em relação aos 175 milhões de dólares inicialmente propostos, e só foi conseguido devido ao baque financeiro causado pela pandemia.

Divisão mais igualitária e times médios ganhando

Além da questão do teto, Brawn salientou que os times médios conseguiram ter uma parcela muito mais justa na divisão do dinheiro vindo dos direitos comerciais. "Estamos trabalhando em todas as direções, limitando os gastos e melhorando a distribuição do dinheiro. Então uma boa equipe do meio de pelotão deveria conseguir pódios e até uma vitória."

Tanto o teto, quanto essa divisão entram em vigor somente em 2021, o que faz com que seja importante para a sobrevivência dos times na pandemia que a F1 consiga voltar às pistas ainda neste ano.

A ideia é que um mesmo grupo limitado de pessoas (pouco mais de 1000 no total) viaje para as provas e seja testada repetidamente para evitar a contaminação. "Todos passarão por teste e, a cada dois dias, serão testados novamente dentro do paddock e de acordo com as diretrizes do país: pelo menos na Europa, vamos nos certificar que sempre a mesma empresa seja responsável e que os profissionais sejam testados repetidamente. E haverá muitas restrições para o movimento destas pessoas. Não dá para manter o distanciamento social dentro de uma equipe, então temos de criar uma pequena bolha de isolamento. Há um enorme trabalho sendo feito e tenho confiança de que podemos ter um ambiente seguro e voltar a correr."

Brawn disse ainda que alguns pilotos entraram em contato para tentar entender melhor qual o plano de iniciar o campeonato e um encontro com a GPDA (associação dos pilotos, que os representa oficialmente) será feito em breve.