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Pandemia interrompeu melhor ano de pilotos brasileiros dos últimos tempos

Sérgio Sette Câmara é um dos pilotos que aguardam a retomada das atividades - FIA Formula 2/Divulgação
Sérgio Sette Câmara é um dos pilotos que aguardam a retomada das atividades Imagem: FIA Formula 2/Divulgação

Colunista do UOL

07/04/2020 04h00

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Não é preciso voltar muito no tempo: há um mês, o ano do automobilismo brasileiro se desenhava como o mais promissor dos últimos tempos. Mesmo com as categorias de base em frangalhos no país, a aposta de alguns pilotos de tentar a sorte no exterior vinha gerando frutos importantes, e seis pilotos acompanhariam de perto a temporada da Fórmula 1 - competindo nas categorias de base que correm junto da categoria ou fazendo parte das equipes.

Isso porque Sergio Sette Camara (que vinha sendo, nos últimos anos, o único representante brasileiro na Fórmula 2) tinha conseguido a superlicença e voltado à Red Bull, agora no papel de piloto reserva e de testes, algo que foi uma reviravolta na carreira do mineiro de 21 anos.

Também era esperada - e acabou se confirmando semanas depois - a superlicença (espécie de carteira de motorista para pilotos de F-1) de Pietro Fittipaldi, o que também fez com que o piloto subisse de cargo na Haas, de piloto de testes a piloto reserva.

Ser piloto reserva na Fórmula 1 não é garantia nenhuma de entrar no grid, mas possibilita aos pilotos ter contato direto com os engenheiros, além de possibilitar colocar os patrocinadores em evidência, algo fundamental para a carreira de qualquer piloto.

E essa não era a única boa notícia: Pedro Piquet e Felipe Drugovich tinham subido da F-3 para a F-2, correndo na Charouz e MP Motorsport, respectivamente. Ambos vêm construindo suas carreiras de maneira independente, o que tem se mostrado um caminho mais árduo nos últimos anos.

E outros dois pilotos que juntariam à turma que segue o circo da Fórmula 1, entrando na Fórmula 3: são Igor Fraga, também pela Charouz, e Enzo Fittipaldi, pela HMA. Mais do que isso, ambos fazendo parte de programas de desenvolvimento - Igor da Red Bull e Enzo da Ferrari.

igor fraga - Divulgação  - Divulgação
Trajetória de Igor Fraga mudou após vitória no eSports
Imagem: Divulgação

Estes dois pilotos carregam uma grande expectativa: Enzo vem do título da F-4 italiana em 2018 e o vice na F-3 Regional ano passado, e Fraga foi campeão brasileiro de Fórmula 3, mas acabou focando mais no eSports para manter-se em atividade devido a dificuldades de financiar sua carreira. Depois que ganhou um concurso de simuladores da McLaren, no entanto, ele mostrou seu talento, ganhou a Toyota Racing Series 2020, e retomou o foco nas pistas, sendo recrutado pelo mesmo programa de jovens pilotos que revelou Vettel e Verstappen.

A expectativa era grande, mas agora há a possibilidade de que esses pilotos não possam mostrar muito serviço neste ano. Na Fórmula 2, cinco das 12 etapas programadas foram adiadas e, na na Fórmula 3, três das nove também estão sem data devido ao coronavírus, e acredita-se que este número possa aumentar, já que alguns organizadores pediram mais tempo à Fórmula 1, uma vez que seus países ainda não têm estimativas de quando vão voltar a permitir eventos que reúnam grandes concentrações de pessoas, como é o caso de França, Áustria e Inglaterra. No caso da F-2, para um campeonato ser válido, são necessárias cinco etapas (com rodadas duplas em todas elas).

Dentre as inúmeras indefinições que o cenário atual da pandemia está a situação dos contratos dos pilotos, ou seja, nunca a volta do Brasil ao grid da Fórmula 1 esteve tão perto e tão longe na mesma medida.