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Ciclismo rediscute autorização a atletas trans após título de americana
A União Ciclística Internacional (UCI) vai voltar a discutir as regras para a participação de atletas transgêneros no esporte depois que a norte-americana Austin Killips, 27, ganhou o Tour de Gila, encerrado no fim de semana passado, nos Estados Unidos.
Tem sido comum, ao longo dos últimos anos, que o tema da permissão a atletas trans no esporte volte à tona sempre que uma mulher trans vence uma competição. Mas a grande maioria dos casos envolviam torneios amadores, sem impacto direto no esporte de alto rendimento.
No caso de Killips, a discussão é mais complexa porque o episódio se encaixa no principal argumento apresentado pela extrema-direita conservadora: ela "tira espaço" de atletas cisgênero, uma vez que a competição distribui pontos para o ranking olímpico.
A UCI há anos é pressionada por permitir a Rachel McKinnon, uma ciclista canadense de 40 anos, competir (e vencer) competições relevantes da categoria master. Em junho do ano passado, a entidade, que é uma das gigantes do esporte mundial, mudou suas regras para restringir ainda mais as regras para participação de mulheres trans, aumentando o tempo de carência para 24 meses e reduzindo os limites de testosterona no sangue.
Mesmo assim, Killips conquistou bons resultados, primeiro no ciclocross, uma espécie de moutain bike disputada no barro, e agora na estrada, modalidade olímpica. Foi top10 no Campeonato Norte-Americano tanto na prova de resistência quanto no contrarrelógio e, no Tour de Gila, venceu tanto na classificação geral quanto a de montanha, depois de ter sido terceira colocada no ano passado.
Logo após a competição, e a repercussão dos resultados, a UCI informou que vai analisar a situação atual, "reabrindo a consulta aos atletas e às Federações Nacionais". A programação é que uma decisão seja anunciada na véspera do Campeonato Mundial, no fim de julho.
As outras duas grandes federações internacionais de esportes individuais, de atletismo e natação, recentemente anunciaram regras que, na prática, impedem que mulheres trans participem de competições de alto rendimento. A regra é que a transição ocorra antes da puberdade, algo raríssimo no mundo.
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