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Olhar Olímpico

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Os países da Copa que são um fracasso nas Olimpíadas, e vice-versa

Seleção do Uruguai, a Celeste Olímpica, bicampeã nos Jogos de Paris-1924 e Amsterdã-1928 - Visionhaus/Getty Images
Seleção do Uruguai, a Celeste Olímpica, bicampeã nos Jogos de Paris-1924 e Amsterdã-1928 Imagem: Visionhaus/Getty Images

Colunista do UOL

28/11/2022 13h00

Esta é parte da versão online da newsletter Olhar Olímpico, enviada hoje (28). A newsletter completa traz um exercício de imaginação: como seria a Copa do Qatar, de acordo com os resultados olímpicos dos países? Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, na semana que vem? Clique aqui. Para conhecer outros boletins exclusivos, assine o UOL.

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Os dois títulos de Copa do Mundo, um deles deixando uma cicatriz enorme na memória do brasileiro, fazem com que o Uruguai esteja no nosso imaginário como uma potência do futebol. Nem sempre nos lembramos que nossos vizinhos têm uma população de pouco mais de 3 milhões de habitantes, mais ou menos o tamanho do Qatar. É o equivalente à região metropolitana de Fortaleza.

Um olhar sobre a história esportiva do Uruguai (com exceção ao futebol) nos ajuda a lembrar desse fenômeno. Nos últimos 50 anos, o país ganhou só uma medalha nos Jogos Olímpicos, no ciclismo. Em Tóquio-2020, a delegação inteira tinha só 11 atletas, o tamanho de um time de futebol. Uma delegação maior que um elenco de Copa do Mundo não acontece há 54 anos.

Pensando nisso, fiz uma lista de países que vão bem em Copas, mas mal em Olimpíadas. E o oposto também.

Uruguai - O fracasso dos uruguaios em Jogos Olímpicos, curiosamente, tem incluído o futebol. A Celeste Olímpica (que ganhou esse apelido pelos ouros conquistados em Paris-1924 e Amsterdã-1928, antes da primeira Copa) ficou mais de 80 anos sem ir a uma Olimpíada. Foi a Londres-2012, perdeu de Senegal e Grã-Bretanha, e só. São incríveis 94 anos sem uma vitória olímpica do futebol do Uruguai.

Paraguai - Os paraguaios têm situação parecida com a do Uruguai, mas sem o passado glorioso. Já jogaram oito Copas, foram a quatro seguidas entre França-1998 e África do Sul-2010, chegando a terminar entre os oito primeiros. Mas na Olimpíada só ganharam uma medalha de bronze, exatamente no futebol, em Atenas-2004. Exceto as duas vezes em que classificou sua seleção masculina, só conseguiu juntar 11 atletas em uma Olimpíada de uma só vez.

Portugal - Não que os portugueses façam tão feio como os sul-americanos citados, mas, nos Jogos Olímpicos, eles passam longe de rivalizar com europeus de tamanho equivalente. A Bélgica tem 157 medalhas olímpicas. A República Tcheca, 67, só nas sete edições que competiu de forma independente. Já os portugueses têm apenas 28. A boa notícia é que os resultados têm melhorado. Foram quatro pódios em Tóquio-2020, melhor campanha da história, em três modalidades diferentes. A tendência é de evolução nos próximos anos.

Camarões - Referência quando o assunto é futebol africano, Camarões é figurante nos Jogos Olímpicos. São só três ouros na história. Um do time de futebol, campeão em Sydney-2000, e outros dois da triplista Françoise Mbango Etone, em Atenas-2004 e Pequim-2008. De resto, são só mais três medalhas.

Costa Rica - Principal força do futebol da América Central, com cinco participações em Copas e uma campanha de quartas de final no Brasil, a Costa Rica não está nem entre os 10 países mais fortes da região em Jogos Olímpicos. A Costa Rica só não está completamente zerada em Olimpíadas graças às irmãs Claudia e Silvia Poll, que ganharam quatro medalhas na natação entre Seul-1988 e Sydney-2000.

Pelo outro lado...

China - Nada melhor do que começar a lista oposta pelo exemplo clássico. Via de regra, quando quer se tornar forte em algum esporte, a China consegue. Investe um caminhão de dinheiro, contrata técnicos, seleciona jovens atletas... Mas, no futebol, nunca deu certo. Dividindo com os EUA o posto de maior força do esporte olímpico da atualidade, os chineses só jogaram uma Copa, em 2002, na Coreia do Sul e Japão. Nas Eliminatórias para o Qatar, terminaram atrás de Omã.

Hungria - Os húngaros têm tido desempenho semelhante ao do Brasil em Jogos Olímpicos. Se houvesse proximidade geográfica, poderíamos dizer que eles seriam nossos rivais. Os húngaros, porém, têm histórico mais sólido, que data de antes da Segunda Guerra. Em Tóquio-2020, ganharam medalha em nove modalidades. Mas, no futebol, nunca mais repetiram o time de Puskás. Fora das Copas desde o México-1986, até que vivem boa fase atualmente. Na primeira divisão da Liga das Nações, venceram Inglaterra e Alemanha fora de casa. Nas Eliminatórias, ficaram atrás da Albânia, mas a três pontos da Polônia.

Jamaica - Igual aos húngaros, está sempre dentro do top 20 olímpico. Mas, diferentemente dos europeus, muito graças a uma só modalidade, o atletismo. Todas as nove medalhas de Tóquio-2020 foram no atletismo, assim como no Rio-2016, em Londres-2012, em Pequim-2008, etc. Na história, só uma medalha veio de outra origem, o ciclismo. Já no futebol o time só jogou uma Copa, em 1998, na França. A seleção jamaicana até é uma força regional (chegou a todas as semifinais de Copa Ouro da década passada), mas vai mal em Eliminatórias. Desta vez, ficou em sexto.

Romênia - Os romenos foram a pedra no sapato do esporte olímpico do Brasil em 2022. Isaquias Queiroz foi superado por um romeno no Mundial, e Cesar Cielo perdeu seu recorde mundial dos 100 m livre para o fenômeno David Popovic. Foram só quatro medalhas em Tóquio-2020, mas a tendência é de crescimento para Paris-2024, especialmente por causa de Popovic. Nas Eliminatórias da Copa, os romenos, que não jogam o Mundial desde os EUA-1994, até terminaram em terceiro do grupo, a um ponto da repescagem. Mas ficar atrás da Macedônia do Norte não é algo a se comemorar.

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