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Olhar Olímpico

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Falta de espaço em Los Angeles faz Olimpíada encurtar provas de remo

Sverri Nielsen em treino no Sea Forest Waterway, local de competições do remo na Tóquio-2020 - Naomi Baker/Getty Images
Sverri Nielsen em treino no Sea Forest Waterway, local de competições do remo na Tóquio-2020 Imagem: Naomi Baker/Getty Images

02/09/2022 12h04

Imagine se, alegando que a piscina disponível é menor do que a usual, as competições de natação de uma Olimpíada tivessem provas de 35m livre, 70m peito ou 140m medley. Bizarro, né? É o que vai acontecer com o remo nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.

A alternativa foi proposta pelo Comitê Organizador de Los Angeles e aceita pela World Rowing, a federação internacional de remo, para colocar a modalidade em uma área mais nobre da região de Los Angeles, conforme publicou hoje o Inside The Games.

No remo, as provas são conhecidas pelo tipo de barco: single skiff, double skiff, dois sem, etc. Não é citada a distância porque todas as provas acontecem em raias de 2.000 metros. É assim desde as Olimpíadas de Estocolmo, em 1912. Portanto, há 110 anos.

Até aquela competição na Suécia, cada competição de remo acontecia no espaço disponível — em Paris-1900 a raia tinha 1.750 metros, em Londres-1908 tinha 2.414 metros, por exemplo. No último século, houve apenas uma exceção: uma raia 150 metros menor em Londres-1948, no pós-Guerra, em uma Olimpíada bastante improvisada.

Agora não falta dinheiro para os Jogos de Los Angeles, pelo contrário. E todo mundo quer aproveitar essa oportunidade. No caso do remo, as provas inicialmente estavam previstas para acontecerem em um lago no condado de Riverside. Mas o comitê organizador ofereceu a oportunidade de uma mudança para Long Beach, no mesmo local onde as competições aconteceram em 1932, mas com largada em uma instalação construída depois.

O problema é que, com toda a estrutura necessária, não há espaço para uma prova de 2.000m em Long Beach, só de 1.500m. Entre ficar longe do "coração" dos Jogos com uma prova tradicional e mais perto dele com uma prova mais curta, o remo está escolhendo a segunda opção.

"Há algum tempo eu compartilho amplamente nossa análise sobre a oportunidade de organizar as regatas olímpicas e paralímpicas em Long Beach, em vez de no Lago Perris como inicialmente proposto no arquivo de candidatura, a fim de se adaptar ao contexto e estar em perfeita harmonia com a Agenda Olímpica 2020", explicou Jean-Christophe Rolland, presidente da World Rowing.

A entidade já aprovou oficialmente a proposta do comitê organizador, mas agora precisa submeter sua decisão à assembleia de federações. "Consideramos que reduzir para 1.500m, adaptando-se às condições técnicas e ambientais, foi um esforço significativo e justificado, mas que naturalmente continuará a ser excecional e único", disse ele.

Como remo e canoagem velocidade são sempre realizados nas mesmas instalações, a tendência é que as competições de canoagem velocidade também ocorram em Long Beach. Mas essa mudança não afetaria as provas, que têm no máximo 1.000m.

Ao aceitar fazer sua principal competição em um percurso menor, o remo dá um agrado ao comitê organizador, e pode receber outro de volta. O esporte tenta a inclusão do remo de águas abertas ou remo costeiro, realizado no mar, com influência da maré. O comitê organizador inicialmente tem se mostrado contra, porque isso demandaria novos custos para os organizadores. Não haveria aumento no número de provas ou atletas, porque as provas de peso leve seriam retiradas do programa.