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Olhar Olímpico

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Estratégia da Rio-2016 não dá certo e Thiago Braz é 4º no Mundial

Thiago Braz na final do Mundial de Atletismo de 2022 - Carol Coelho/CBAt
Thiago Braz na final do Mundial de Atletismo de 2022 Imagem: Carol Coelho/CBAt

24/07/2022 23h33

Thiago Braz até tentou repetir o feito dos Jogos Olímpicos do Rio, mas errou sua única tentativa com o sarrafo a 6,00m e terminou sem medalha, na quarta colocação, a final do salto com vara do Mundial do Oregon, na cidade de Eugene, nos Estados Unidos, neste domingo (24). Mondo Duplantis foi o campeão, batendo, de novo, o recorde mundial.

Sem o esperado pódio de Thiago, o Brasil encerra sua campanha com duas medalhas: o ouro de Alison 'Piu' dos Santos nos 400m com barreiras e o surpreendente bronze de Letícia Oro Melo no salto em distância, em prova concomitante à de Thiago. O campeão olímpico segue sem ter medalhas em Mundiais de Atletismo, os disputados a céu aberto. Ele foi prata no Mundial Indoor desde ano, em Belgrado, e bronze em Tóquio-2020.

O brasileiro entrou na final acertando de primeiro o salto com o sarrafo a 5,50m. Acostumado a grandes competições e sabendo da necessidade de errar pouco, também passou direto em 5,70m, mas errou a primeira tentativa de 5,80m. Concentrado, passou na segunda e continuou na prova junto com outros oito saltadores, o que é bastante para o sarrafo tão alto.

Sob pressão, o brasileiro cresceu. Sabendo que a altura de 5,87m poderia definir a medalha e que passar de cara é critério de desempate, ele fez um salto preciso e caiu sem tocar no sarrafo.

Com o sarrafo a 5,94m, porém, a coisa desandou. Thiago não acertou seus dois primeiros saltos, mas tanto os dois favoritos, o sueco Mondo Duplantis e o americano Christopher Nilsen, quanto o filipino Ernest Obiena, seu colega de treino, passaram o sarrafo a 5,94m.

Não adiantaria Thiago também passar, na terceira tentativa, que mesmo assim ele chegaria a 6,00m em desvantagem. Assim como no Rio, ele foi para o tudo ou nada. Abriu mão de tentar mais uma vez 5,94m e foi direto para 6,00m, com uma única chance. Com o sarrafo a uma altura que ele só ultrapassou uma vez na vida, exatamente na Rio-2016, dessa vez ele não chegou nem perto de passar.

O resultado é frustrante quando se leva em conta que Thiago, que tem tradição de crescer nas grandes provas, vinha de uma boa apresentação em Estocolmo (Suécia), de 5,93m. Mas, por conta das alturas estipuladas pelos árbitros do Mundial, ele só ganharia medalha se saltasse 5,94m. E aí vem o problema: ele só saltou tão alto, na vida, em prova outdoor, na Rio-2016.

Nem Obiena nem Nilsen acertaram o salto a 6,00m, também, mas eles já tinham o bronze e a prata garantidos. O ouro ficou, claro, com Duplantis, que passou 6,00m, depois subiu para 6,06m para bater o recorde do campeonato, e fechou o Mundial com um salto de 6,21m, novo recorde mundial. Detalhe: ele passou com certa facilidade, deixando claro que, no futuro breve, esse recorde ainda será melhorado mais algumas vezes.