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Olhar Olímpico

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Ingrid é 4ª no Mundial e alcança melhor resultado da história nos saltos

Ingrid Oliveira, saltadora brasileira - CBDA
Ingrid Oliveira, saltadora brasileira Imagem: CBDA

27/06/2022 15h10

Ingrid Oliveira alcançou nesta segunda-feira (27) a melhor campanha de um atleta brasileiro em Campeonatos Mundiais nos saltos ornamentais. Mesmo sem conseguir repetir as apresentações da eliminatória e da semifinal, a carioca ficou na quarta colocação na plataforma de 10 metros no Mundial de Budapeste, na Hungria.

Em toda a história das participações do Brasil em Mundiais nos saltos, o país nunca havia conseguido um resultado tão bom em provas olímpicas. Cesar Castro foi quinto no trampolim de 3 metros em 2009 e, no feminino, a melhor participação havia sido de Juliana Veloso, 10ª colocada na plataforma em 2001.

Ingrid chegou à final de hoje cotada para o bronze, já que ouro e prata dificilmente não iriam para as chinesas, muito melhores do que todo o resto. Mas as chances dela passavam por acertar o terceiro salto, do qual ela salta a partir de uma parada de mão. A brasileira, porém, teve notas baixas nesta apresentação, entre 5,0 e 6,0. Depois, também fez uma exibição pior do que nas eliminatórias no quarto salto.

Depois, no quinto, fez um salto quase perfeito, chegando a receber uma nota 9. Só as chinesas fizeram saltos melhores. Mas era tarde demais para uma medalha. A brasileira somou 327,10 pontos, contra 338,85 de sua rival direta, a malaia Pandelela Pamg, que ficou com o bronze. Se tivesse repetido o que fez nas eliminatórias, ela seria bronze.

Ingrid participa de Campeonatos Mundiais desde 2015, quando foi 27ª colocada nesta mesma prova de plataforma. Na época, com 19 anos, ela já era apontada como uma atleta de nível acima do que o Brasil estava acostumado a produzir nos saltos ornamentais.

Mas, a repercussão de uma foto dela no Pan de 2015, que acabou levando parte da imprensa a passar a tratá-la com o termo machista de "musa", deu visibilidade a ela, e colocou pressão sobre seu desempenho, e sobre eventuais erros. E ela demorou a conseguir reagir psicologicamente a essa pressão, falhando em conseguir fazer uma competição limpa, entregando o que sabia fazer. Em 2017, foi última colocada do Mundial.

Além disso, ela precisou lidar com lesões, com a que a tirou do Mundial de 2019. Ela conseguiu se recuperar graças ao adiamento dos Jogos de Tóquio e se classificou para competir no Japão, ficando em 24º na Olimpíada. No fim do ano passado, ela deixou o Fluminense, clube da vida toda, passou a defender o Instituto Pro Brasil, e mudou de treinador. Agora treina com Alexander Ferrer.

Os resultados vieram. Há duas semanas, ela venceu a etapa do Canadá do Grand Prix de Saltos Ornamentais, com nota que já indicava que ela disputaria medalha neste Mundial. Já em Budapeste, confirmou esse potencial. Ontem, ela foi terceira nas eliminatórias, com 340,70, e quarta nas semifinais, com 334,30.

O Brasil tem grande expectativa sobre o desempenho nos saltos ornamentais neste Mundial, com possibilidade de várias finais e disputa de mais medalhas. No trampolim masculino, Rafael Fogaça, estreante de apenas 19 anos, foi sétimo hoje nas eliminatórias, com nota 397,30, e passou para a final da prova com o décimo lugar nas semifinais, com 383,35.

Ele ainda não deve brigar por medalha na final marcada para amanhã às 11h, pelo horário de Brasília, mas já garantiu um resultado histórico. Em todos os tempos, só em 2009, com Cesar Castro, o Brasil foi finalista nesta prova, terminando em quinto.