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Atletismo confirma Troféu Brasil no Nilton Santos e aguarda Paulo André

Paulo André posa com a medalha dos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019 - Gustavo Garello/Jam Media/Getty Images
Paulo André posa com a medalha dos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019 Imagem: Gustavo Garello/Jam Media/Getty Images

03/06/2022 04h00

Mesmo sem ter conseguido o patrocínio prometido pelo governo do Rio, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) confirmou que o Troféu Brasil de Atletismo vai acontecer no Estádio Nilton Santos. O evento vai marcar o retorno da modalidade para a casa do Botafogo seis anos depois dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio. Desde então, nenhuma competição foi realizada ali.

Em fevereiro, a CBAt anunciou, em evento com a participação dos governos estadual e municipal do Rio, que faria três torneios no Nilton Santos: o GP Brasil, meeting de um dia com atletas brasileiros e estrangeiros, no feriado de 1º de maio, o Campeonato Pan-Americano Sub-20, que deveria estar acontecendo de hoje (3) até domingo, e o Troféu Brasil, de quatro dias, entre 23 e 26 de junho.

O Nilton Santos é uma concessão pública e, no contrato entre prefeitura e Botafogo, há a exigência de o clube ceder o estádio para eventos de atletismo promovidos pelo município. Pelo combinado, a prefeitura acionaria essa cláusula e o governo estadual aprovaria três projetos para captação de recursos via lei estadual de incentivo ao esporte. O estado ainda intermediaria as conversas entre CBAt e um patrocinador.

Os projetos até foram aprovados, mas o patrocínio não saiu. Por isso, a CBAt já levou o GP Brasil para São Paulo, realizando-o no Centro Olímpico, e cancelou o Pan Sub-20 em cima da hora, a duas semanas do seu início. A alegação oficial foi que a confederação "não obteve os recursos necessários" para fazer o evento e havia poucos países interessados em competir.

O cancelamento gerou reclamações e preocupações por parte de atletas e equipes, que temiam comprar passagens e reservar hospedagem no Rio para o Troféu Brasil e o evento acabar sendo levado a São Paulo ou Bragança Paulista (SP), casa da confederação. A entidade, porém, garante que vai fazer o Troféu Brasil de 22 a 25 de junho (de quarta a sábado) no estádio do Botafogo, sem pagar aluguel, apenas as despesas operacionais (luz, água, funcionários, etc).

O evento tem oficialmente o nome de "Troféu Brasil Caixa de Atletismo", apesar de o contrato com a Caixa estar vencido desde terça-feira (31). É que a entrega do campeonato fazia parte do último contrato, de um ano, que venceu no fim de maio. De acordo com a CBAt, o patrocínio será renovado por mais um ano — antes, até 2020, os contratos eram sempre de quatro anos.

Como a última parcela do contrato ainda não caiu na conta da CBAt, a confederação avisou árbitros que trabalharam em eventos dela em abril que vai atrasar os pagamentos. Segundo a CBAt, os compromissos serão honrados quando a verba da Caixa entrar nos cofres da entidade.

A CBAt diz que o Troféu Brasil sai com ou sem dinheiro extra, mas está atrás de apoio. Pediu verba à Secretaria Especial do Esporte, do governo federal, e ainda busca patrocinadores que queiram doar para o projeto aprovado pela lei estadual de incentivo ao esporte.

Paulo André compete?

O Troféu Brasil pode marcar o retorno de Paulo André Camilo ao atletismo depois do BBB. O velocista voltou a treinar "bem de leve", segundo relatos, na semana passada, no Espírito Santo. Nesta semana, já estava em São Paulo, onde não consta que tenha treinado.

O pai e treinador dele, Carlos Camilo, confiava que podia colocá-lo em forma em dois meses, mas um mês já se passou e nada de Paulo André voltar a rotina de atleta. Agora faltam só três semanas para o Troféu Brasil e, como ele ainda não iniciou sequer o trabalho progressivo, tudo indica que ele não competirá.

Todos no atletismo sabem que é um enorme risco voltar a treinar na intensidade necessária para correr um Troféu Brasil sem ter feito corretamente o trabalho de base. Uma lesão passaria a ser provável, e quem Paulo André consultar lhe dirá que não vale a pena o risco.

É quase impossível fazer índice para correr os 100m no Mundial (10s07) e a chance, tangível, é conseguir um top-5 no Troféu Brasil para entrar no revezamento. Mas, sem Paulo André em ótima forma, o 4x100m do Brasil não iria ao Mundial dos EUA, em julho, como candidato a medalha. E, se não dá tempo de ele entrar em forma até lá, não vale a pena o risco de se machucar para cumprir tabela.

Paulo André, porém, agora é embaixador da Nike e vende a imagem de um atleta que tem uma vida social ativa. Anunciar que ele não correrá o Troféu Brasil seria desinteressante do ponto de vista comercial, porque na prática confirmaria que ele não irá atuar como atleta até o fim do ano. Ele só tem dado entrevistas para veículos do grupo Globo.