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Olhar Olímpico

Compare as propostas de Covas e Boulos para o esporte de São Paulo

Debate SP com Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) - Arte/UOL
Debate SP com Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) Imagem: Arte/UOL

28/11/2020 04h00

A mais populosa das cidades brasileiras tem um cenário esportivo complexo, que vai muito além dos jogos de futebol profissional e das corridas de Fórmula 1. São dezenas de provas de rua todos os meses, 46 clubes desportivos geridos pela prefeitura, mais de 200 clubes desportivos da comunidade, centenas de quilômetros de ciclovias e dezenas de ruas que são fechadas aos finais de semana para lazer.

Pensar em tudo isso, na ampliação da prática de atividade física e da atração de mais eventos para a cidade de São Paulo são alguns dos desafios de Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), os dois candidatos que disputam o segundo turno da eleição municipal da capital paulista neste domingo (29).

O Olhar Olímpico enviou aos dois candidatos um questionário idêntico, com nove perguntas. Uma genérica e oito quanto os planos deles sobre questões pontuais da política pública paulistana relacionada aos esportes. Você pode ler as respostas na íntegra abaixo:

Quais são os seus projetos para o esporte de São Paulo?

Bruno Covas (PSDB) - O esporte pode ser um instrumento poderoso se aliado a outras ações e políticas sociais. Para os mais jovens, pode representar a chance de uma vida melhor. Para os mais velhos, melhora a saúde física e mental. Não importa a idade, a classe econômica, o tipo de esporte praticado, o impacto da prática esportiva é sempre positivo. É missão da Prefeitura realizar e apoiar projetos e ações que incorporem atividades físicas aos hábitos de vida dos paulistanos. Em 2019 fizemos a maior edição da Virada Esportiva da história: foram mais de 2 mil atrações em mil pontos em todas as regiões da cidade. Nessa linha, o projeto Mexa-se São Paulo, criado durante a pandemia, será transformado em programa, a fim de estimular que as atividades físicas passem a incorporar o dia a dia da população. Em parceria com organizações da sociedade civil e a iniciativa privada, a área de esportes passará a ser fomentada como atividade econômica

Guilherme Boulos (PSOL) - O esporte tem um papel fundamental na socialização da juventude, sobretudo nas periferias. Por isso, nossa primeira medida será instituir um Sistema Municipal de Esporte para articular a prática de esporte recreativo, de alto rendimento e lazer em programas intersetoriais, cuja formulação deve ser fruto de iniciativas da própria sociedade.

Uma das marcas da nossa gestão será a participação popular. Serão as pessoas dos bairros que ajudarão a definir e colocar em práticas as políticas públicas, incluindo às de esporte. Para viabilizar essa participação, organizaremos uma Conferência Municipal de Esportes e Lazer já no primeiro ano de gestão, reunindo atletas, treinadores, educadores, pesquisadores, jornalistas, entidades esportivas, lideranças comunitárias, associações de moradores e movimentos sociais.

Além disso, vamos criar um fórum permanente com lideranças do futebol de várzea, que é um bem cultural da cidade e precisa ser reconhecido e tratado como tal.

Também vamos readequar a acessibilidade dos espaços e praças esportivos já existentes para pessoas com deficiência, e criar academias populares, que serão instaladas em imóveis desocupados, com editais que priorizem associações de trabalhadores para a administração desses espaços.

No seu governo, o esporte seguirá tendo uma secretaria específica? E há muito tempo a secretaria não tem pessoas de efetivo histórico no esporte em seu comando, algo que não ocorre na Cultura, por exemplo, onde quase sempre as escolhas são de nomes do setor. O senhor pretende mudar esse cenário?

Bruno Covas (PSDB) - A Secretaria de Esportes será mantida. A escolha do titular da pasta ocorre por uma série de fatores, como conhecimento técnico, ficha limpa e capacidade de gestão. A definição de um nome só acontecerá depois do 2º turno.

Guilherme Boulos (PSOL) - Sim, seguirá. É importante que a cidade de São Paulo tenha uma secretaria específica para o Esporte, com gestores ligados ao esporte, legitimidade na área e compromisso no combate à desigualdade social.

Os programas Rua de Lazer e a Ciclofaixa serão ampliados e/ou remodelados? Se sim, como se dará essa modificação?

Bruno Covas (PSDB) - O Programa Ruas de Lazer Itinerantes/Ruas da Gente será mantido e ampliado. A perspectiva em 2020 era de realização de 320 edições. Até março haviam sido promovidas 198, no momento em que todos os eventos públicos foram suspensos por conta da pandemia da covid-19. O plano Cicloviário prevê implantação de 173,5 km de conexão e 310 km de requalificação da rede, dando funcionalidade e integração com o transporte público. As ciclovias e ciclofaixas passaram a fazer parte de uma rede conectada e não apenas segmentada em pequenos trechos. A gestão valoriza a intermodalidade levando a malha cicloviária até terminais de ônibus e estações de trem e metrô, permitindo formas múltiplas e seguras de deslocamento.

Guilherme Boulos (PSOL) - As Ruas de Lazer e Ciclofaixas serão ampliadas. Vamos ouvir os moradores das comunidades e bairros em que elas estão inseridas, para que esse processo atenda as reivindicações locais e se dê em benefício de toda a população.

O senhor tem um plano de reforma dos CDC's e clubes municipais? Como essas estruturas serão utilizadas durante a sua administração?

Bruno Covas (PSDB) - Durante nossa gestão, 34 desses equipamentos públicos já foram revitalizados ou estão em reforma, com verbas próprias ou provenientes de emendas parlamentares, um investimento total de R$ 14,4 milhões. Já são 31 reformados, dois em reforma e um em licitação. Os 46 centros esportivos são gerenciados diretamente pela prefeitura e oferecem atividades esportivas para saúde, bem-estar e lazer. Além deles, há mais 215 CDC, geridos por entidades das comunidades locais. Em relação aos CDCs, foram 65 foram reformados.

Guilherme Boulos (PSOL) - Os cerca de 250 CDCs estarão integrados ao Sistema Municipal de Esportes e Lazer. Vamos ampliar a participação popular nos CDCs, democratizando sua utilização e capacitando agentes e entidades para aperfeiçoar a gestão e promover a organização de projetos inclusivos.

São Paulo hoje tem poucos eventos do calendário internacional de esportes olímpicos, muito porque os entes públicos (estado, município, união) deixaram de financiar estes eventos. O senhor pretende reverter esse cenário? Se sim, como?

Bruno Covas (PSDB) - Sim. Agora com a pista nova de atletismo do centro olímpico a ideia é receber eventos internacionais. Vai ser uma das melhores, se não a melhor pista de atletismo do País. Com a concessão do Pacaembu, as reformas dos clubes, a existência de arenas como as do Corinthians e Palmeiras, o Morumbi reformado, todos tem condições de receber eventos de grande porte.

Guilherme Boulos (PSOL) - Questões como essa surgirão na Conferência Municipal de Esportes, a partir das entidades esportivas, atletas e jornalistas. É importante que a cidade de São Paulo esteja conectada ao calendário internacional. Mas é fundamental que haja sempre a participação da população.

Como ampliar a prática esportiva para a população mais jovem e mais carente?

Bruno Covas (PSDB) - Um dos focos de nossa próxima gestão será a economia criativa, que envolve não apenas o esporte, mas também, a cultura, a moda, a gastronomia. Além de ser uma opção econômica de baixo carbono, é uma excelente alternativa de inclusão social dos jovens da periferia. Investimos também na formação de atletas de alto rendimento, por meio de nosso Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP). Na temporada de 2019, os atletas formados pelo COTP conquistaram 86 medalhas, sendo 31 de ouro, 32 de prata e 23 de bronze, em competições nacionais e internacionais.

Guilherme Boulos (PSOL) - Em primeiro lugar, com a utilização articulada dos equipamentos da Secretaria de Esportes e Lazer e das demais secretarias, de maneira a superar a ausência de espaços e programas de esportes e lazer em determinadas regiões periféricas de São Paulo. A inversão de prioridades significa desenvolver projetos na periferia e com a periferia. Em segundo lugar, estabelecendo um programa amplo de bolsas esportivas da prefeitura, denominado Bolsa Atleta Municipal, que promova uma maior inclusão social pelo esporte. São Paulo tem condições de se tornar um centro de referência para a promoção do atletismo e dos esportes olímpicos.

É crescente o número de corridas de rua e outros eventos de participação na cidade de São Paulo. Como a cidade pode se aproveitar desses eventos?

Bruno Covas (PSDB) - São Paulo está hoje no mapa das cidades mais amigas da corrida de rua. São, em média, cinco eventos do tipo por final de semana, durante o ano todo. Hoje temos oito pontos tradicionais para esses eventos, mas a intenção é ampliar isso. São Paulo já tem duas maratonas, a Maratona de São Paulo e a São Paulo City. Queremos voltar com o Circuito Popular de Corridas de Rua. Temos o Iron Man também. Existe uma comissão multidisciplinar de corridas de rua, que trata desde a liberação até a realização das provas. O Sambódromo está entrando como mais um espaço para esse tipo de evento.

Guilherme Boulos (PSOL) - A cidade não só pode como deve promover corridas de rua, que vem ganhando cada vez mais popularidade. A tradicional São Silvestre, por exemplo, deve ser valorizada, de modo a entrar no circuito internacional de corridas de rua. Essas definições, porém, devem estar em sintonia com as diretrizes estabelecidas pela futura Conferência Municipal de Esporte, além de integrada ao Sistema de Esporte Municipal que será criado no ano que vem.

Boa parte do orçamento da Seme é utilizado, há anos, para pagar por eventos pontuais de entidades de artes marciais, a partir de emendas parlamentares. Esses eventos não fazem parte de calendário esportivo, porque são realizados quando a Seme libera a verba. Existe uma vontade política de reverter esse cenário?

Bruno Covas (PSDB) - A ideia é que esses eventos passem a ser incluídos no calendário oficial. Existe demanda por competições de artes marciais, por isso os pedidos são feitos. E as atividades são todas fiscalizadas pela Prefeitura.

Guilherme Boulos (PSOL) - É preciso haver contrapartidas claras e prestação de contas detalhada de todas as ações realizadas por agentes privados e custeados com dinheiro público. É isso que faremos.

Os planos de privatizar o autódromo de São Paulo serão mantidos? Além disso, a prefeitura vai incentivar a privatização de espaços de prática esportiva? Se sim, quais?

Bruno Covas (PSDB) - A concessão do Complexo de Interlagos será feita por meio de concorrência internacional, com maior oferta de outorga fixa para reforma, gestão, manutenção, operação e exploração do Complexo, que conta com 900 mil m². A futura concessionária deverá realizar a modernização, recuperação, revisão e reconfiguração de todos os sistemas integrantes do Autódromo, incluindo os sistemas elétrico, hidráulico, de esgotamento sanitário, drenagem, telecomunicações, tecnologia da informação e ar-condicionado. Também estão previstas melhorias quanto à segurança, com a implantação de câmeras integradas a um Centro de Comando e Controle. Os investimentos chegam a aproximadamente R$ 466,4 milhões. Sempre que a avaliação dos setores técnicos apontarem que a gestão de espaços públicos por meio de concessões seja mais vantajosa para a Prefeitura e a população isso será colocado em prática.

Guilherme Boulos (PSOL) - De maneira alguma. Erundina foi responsável pela reforma do Autódromo que trouxe de volta a Fórmula 1 para São Paulo. Fez isso incluindo no projeto a proposta de um Centro de Capacitação de Jovens em mecânica, demonstrando que é possível desenvolver um projeto para o autódromo que alie a manutenção dos eventos que trazem recursos para a cidade com o atendimento à comunidade.