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Olhar Olímpico

Riscos dos eventos esportivos de aglomeração pré-quarentena são incertos

João Doria na Corrida da Mulher - Divulgação/Governo de SP
João Doria na Corrida da Mulher Imagem: Divulgação/Governo de SP

18/06/2020 04h00Atualizada em 18/06/2020 18h10

O tamanho dos efeitos que eventos esportivos com aglomeração de pessoas podem ter causado na disseminação da Covid no período que antecedeu a quarentena no Estado de São Paulo ainda são incertos, mesmo que pessoas que estiveram em palcos como este possam preocupadas e fazerem questionamento sobre os mesmos.

O governo do Estado de São Paulo reconheceu a transmissão comunitária do vírus no dia 13 de março, mas alguns eventos com grande quantidade de público vinham ocorrendo antes de ser decretado o isolamento social -na semana anterior, por exemplo, Palmeiras e São Paulo jogaram contra Guaraní-PAR e LDU-EQU, respectivamente, em duelos na capital que tiveram entre 30 e 40 mil torcedores cada um.

Até uma corrida promovida pelo governo do Estado, a Corrida da Mulher, ocorreu no dia 8 e teve mais de 16 mil mulheres presentes. Algumas delas, inclusive, relataram nas redes sociais preocupação por terem participado do evento e ali poderem ocorrer contaminações múltiplas. Naquele momento, o governo ainda não cogitava implementar medidas restritivas.


Apesar das indagações, os riscos de eventos desse porte ainda são inconclusivos e não há base numérica que possa dar dados mais concretos. Sobre seu evento, por exemplo, o governo estadual disse que não havia nenhuma recomendação médica para que não fosse realizado esse tipo de evento.

Nesta prova, a estrutura contava com quatro carretas do Programa Mulheres de Peito; espaço para vacinação contra sarampo e febre amarela, uma delegacia da mulher e atendimento do Procon.

*Este texto foi alterado em relação à versão original

Veja abaixo contestações da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo depois da primeira versão.

A coluna "Relatos indicam que prova ligada a Doria pode ter ajudado a espalhar Covid" destoa do jornalismo responsável praticado pelo portal UOL. O texto fere a lógica temporal ao citar um estudo publicado neste mês para questionar uma decisão adotada em março. Além disso, se baseia em relatos sem nenhuma comprovação e presta um desserviço à saúde pública. O resultado é uma falsa polêmica que gerou busca pela publicação.

De três personagens "ouvidas" pela reportagem - destacando se tratar de 0,01% do público participante do evento -, não está claro se alguma tenha realizado testes confirmatórios para a COVID-19. Uma, inclusive, acredita que teria sido contaminada no estado do Rio de Janeiro e uma terceira personagem, justamente a que não quis conceder entrevista, não deixa claro que tenha realizado o teste. Considerando - o que a reportagem não fez - que os sintomas do novo coronavírus são semelhantes a outras enfermidades, podemos dizer que tais afirmações não passam de ilações.

Além disso, a coluna se baseia em um estudo que foi publicado três meses depois da Corrida da Mulher. Na época, não havia nenhuma indicação de qualquer autoridade sanitária brasileira para que eventos do gênero não fossem realizados, pois não havia a decretação de transmissão comunitária do vírus, mas apenas de casos importados. Fosse o estudo realizado em meses anteriores a março, poderia sim, servir de alerta à gestão para adoção de medidas para, inclusive, suspender este ou qualquer outro evento anterior a 13 de março, quando, de fato, havia estudos apontando o risco e, assim, a adoção de medidas restritivas pela gestão.

Além disso, a coluna erra ao informar que no evento "não houve qualquer ação contra o coronavírus". Justamente devido ao avanço da doença pelo mundo, a Secretaria de Estado da Saúde incrementou a programação da Corrida da Mulher com ações de orientação e prevenção, incluindo a participação das equipes de Vigilância Epidemiológica no evento para esclarecimentos à população e a distribuição de folhetos com recomendações para se proteger contra a doença.