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Julio Gomes

Sincerão: Van Dijk já está entre os grandes defensores da história?

11/05/2020 04h00

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Eu não sei vocês, mas quando penso em goleiros, penso em alemães. Quando penso em zagueiros, penso em italianos. Quando penso em laterais, penso em brasileiros. Quando penso em holandeses... me vem a escola à cabeça. Um jeito de jogar que é, na minha visão, o mais influente no futebol de alto nível pós-1970 (futebol em expansão, globalizado). Não, não penso em zagueiros quando penso na camisa laranja.

Mas, na lista dos cinco melhores defensores que vi jogar (meu ano zero está ali em algum lugar do fim da década de 1980), coloquei dois zagueiros italianos, dois laterais brasileiros e... um zagueiro holandês. Virgil Van Dijk. Que nem está perto de parar de jogar, tem uma carreira ainda com muitas coisas a serem escritas. Mas as que já foram escritas me convenceram. Talvez, claro, eu esteja sendo influenciado demais pelo presente.

Com o que fez até agora, em que lugar da história está Van Dijk?

Ele vai do Groningen ao Celtic, da Escócia, então ao Southampton antes de chegar ao Liverpool, em janeiro de 2018, pela maior transação da história de um defensor: 75 milhões de libras. Na época, o número foi considerado uma loucura.

Mas Van Dijk caiu com uma luva no time de Klopp - que era muito bom atacando, mas uma peneira lá atrás. Já em 2018, chegou à final da Liga dos Campeões. Aí chegou Alisson. E, em 2019, veio o título europeu. Em 2020, viria (virá?) o título inglês, após 30 anos de fila. As contratações do holandês e do brasileiro foram o "clique" que faltava para o Liverpool subir de foguete a outro patamar.

Eu teria dado a Bola de Ouro a Alisson. Foi Lionel Messi quem levou. E foi Van Dijk quem chegou em segundo. Para a Uefa, foi o melhor da temporada. E a Holanda, fora da Euro-16 e da Copa-18, já dá uma renascida com uma geração liderada pelo zagueiro - que não é novinho, diga-se, e fará 29 anos logo mais.

Van Dijk é alto, rápido, forte, tem uma perfeita leitura de jogo, não leva drible, é uma baita arma ofensiva, tem um ótimo pé direito, não briga com a bola. E é um líder em campo e fora. Não dá para pedir nada mais a um zagueiro. Não há falhas no jogo dele. E uma coisa que considero essencial: ao contrário de outros grandes defensores da história, Van Dijk não se destaca em um ambiente ideal para ele. Pode ser um pouco precoce, mas está no meu top 5. Aos outros:

BARESI

Decidi montar uma linha de defesa nesse top 5 e, como já falei, não há zagueiros como os italianos. Baresi, digamos, representa a classe. Uma instituição, uma lenda milanista. Foram 20 anos no clube, títulos e mais títulos, e ele era a definição do líbero perfeito. Um jogador de potência e velocidade para os trabalhos defensivos, mas a visão de jogo e o passe necessários para chegar à frente e construir. Talvez a peça mais importante do histórico e revolucionário Milan de Sacchi. Mister elegância. Um craque.

MALDINI

É verdade que Maldini jogou como lateral por muito tempo, mas creio que seus melhores anos foram os últimos, atuando na zaga. Inteligentíssimo, com um domínio perfeito do espaço, classe, técnica. E olhos bonitos ainda por cima! Foram 25 anos de Milan, quase 15 de seleção, altíssimo nível o tempo todo, cinco Ligas dos Campeões. Outra instituição.

ROBERTO CARLOS

Lembrando que minha lista não tem quem eu não vi jogar. Para mim, não houve lateral como Roberto. Um trator, capaz de percorrer o campo inteiro e botar medo com suas patadas impressionantes. Talvez tenha havido algum lateral melhor para defender, algum melhor para cruzar, algum mais talentoso, mas ninguém se impôs na posição como ele. Absoluto na maior das seleções, absoluto no maior dos clubes, Roberto era o pacote completo. Um monstro.

DANIEL ALVES

Já sei que aqui vai gerar debate. Daniel Alves ainda está jogando, defende uma camisa importante do nosso futebol (o que gera simpatia de alguns, antipatia de muitos) e só foi ser destaque na seleção brasileira nesta última Copa América. Mas eu me apego mais à carreira absurda dele nos clubes por onde passou, somada à liderança e importância fora de campo. Ele era uma das peças fundamentais do que foi, para mim, o melhor de todos os times: Barcelona de Messi e Guardiola. A definição do lateral ofensivo, construtor, passador, finalizador e capaz de se adaptar em várias posições do campo. Daniel Alves jogou muito mais bola do que muita gente pensa.