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Danilo Lavieri

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

São Paulo desafia histórico ruim de "chineses" e se arrisca financeiramente

Miranda, zagueiro que deixou o futebol chinês para voltar ao São Paulo - Divulgação/São Paulo
Miranda, zagueiro que deixou o futebol chinês para voltar ao São Paulo Imagem: Divulgação/São Paulo

Colunista do UOL

17/03/2021 12h08Atualizada em 18/03/2021 14h52

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O São Paulo oficializou hoje (17) a chegada de Miranda, 36 anos, que estava na China há duas temporadas e jogou pela última vez em novembro. O time do Morumbi também encaminhou a contratação de Éder, 34 anos, que atuava por lá desde 2018 e também entrou em campo pela última vez em novembro. Os dois enfrentarão na sua readaptação ao Brasil algumas dificuldades que não foram vencidas pela maioria dos atletas que voltou.

No próprio Tricolor, a história tem dois grandes exemplos de jogadores que não deram certo: Hernanes e Alexandre Pato. Os dois voltaram sob a justificativa de identificação, com altos salários e acabaram encostados e sendo um peso na folha salarial. Isso para nem falar de Jucilei, que também virou um problema. Tanto Eder quanto Miranda chegam sem o peso do pagamento para a aquisição, mas receberão altos salários para um time que ainda tem atrasos referentes a 2020. Apesar das cláusulas de produtividade, a grana não é pouca.

Mesmo com uma dívida que chega perto dos R$ 600 milhões, tendo que renegociar atrasos com todos do elenco, e com impasse com Daniel Alves, e com um discurso de valorizar as categorias de base para evitar gastos desnecessários, a equipe do Morumbi é a que mais contrata no cenário do futebol nacional, ao lado do Atlético-MG. Além da questão financeira e de apostar em atletas que têm mais de 30 anos, ainda há o risco de apostas no futebol chinês.

Pensando fora do São Paulo, há vários outros exemplos de atletas que enfrentaram dificuldades no aspecto técnico ou no aspecto físico na hora de voltar da China e se adaptar novamente ao Brasil. Ricardo Goulart e Ramires são exemplos de apostas que não deram certo no Palmeiras. Diego Tardelli não voltou a atingir o seu auge passando por Grêmio ou Atlético-MG. Ralf sofreu para recuperar seu espaço no Corinthians. Montillo não deu certo no Botafogo, e Conca ficou encostado no Flamengo.

A maior exceção desta regra é Gil. O zagueiro voltou ao Alvinegro e conseguiu repetir o nível que o consagrou como um dos melhores zagueiros do país, apesar de hoje em dia não estar em seus melhores momentos técnicos. O segredo neste caso é que ele teve acompanhamento especial de preparador físico e fisioterapeuta, para ter treinos e tratamento extra em relação ao que é oferecido pelos times chineses.

Foi assim também que Renato Augusto e Paulinho conseguiram continuar na mira de Tite para a seleção brasileira mesmo após terem fechado com times chineses. Na época, o técnico alertou a todos que quem optasse por atuar do outro lado do mundo precisaria suar o triplo para manter o espaço com a Amarelinha.

Esse é um problema antigo para os atletas. Em outubro de 2019, eu participei da apuração para uma reportagem especial do UOL Esporte sobre "O Negócio da China" que deixou bem claro com a palavra de especialistas todos os riscos que um time assume ao repatriar um atleta que atua por lá.