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André Rocha

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Seleção segue evoluindo, mas "crise" (ou delírio) da vez é Vinicius Júnior

Lucas Paquetá, Neymar e Raphinha dançam em comemoração de gol da seleção brasileira contra a Coreia do Sul - Chung Sung-Jun/Getty Images
Lucas Paquetá, Neymar e Raphinha dançam em comemoração de gol da seleção brasileira contra a Coreia do Sul Imagem: Chung Sung-Jun/Getty Images

Colunista do UOL Esporte

02/06/2022 10h48

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A Coreia do Sul não é uma seleção top europeia, mas conta com Son, estrela do Tottenham e artilheiro da Premier League, e mostrou um nível competitivo de quem pode dar trabalho a Portugal, Uruguai e Gana no Grupo H da Copa do Mundo.

O time de Tite segue evoluindo coletivamente. A mesma organização defensiva, apesar dos espaços às costas de Daniel Alves e o pivô de Hwang sobre Thiago Silva no gol único dos asiáticos nos 5 a 1 impostos pela seleção brasileira.

Mas boas inversões de bola, integração cada vez maior de Fred ao quarteto ofensivo, participação ativa de Alex Sandro pela esquerda, no corredor deixado pela movimentação de Paquetá e Neymar, este autor de dois gols de pênalti.

Mais a velocidade e os dribles de Raphinha e a mobilidade e a presença de área de Richarlison, que abriu o placar. Bem longe daquela equipe estática e dependente de seu camisa dez de tempos atrás. Ainda mostrou novas/velhas opções, como Coutinho e Gabriel Jesus, que completaram a goleada na segunda etapa.

Só que o tema seleção sempre precisa de um "problema", até para que os elogios não sejam confundidos com ufanismo ou oba oba.

Agora é Vinicius Júnior. Sim, a nossa melhor solução atual. Que decidiu uma Liga dos Campeões no sábado, comemorou a temporada perfeita no fim de semana e simplesmente cruzou o mundo para se apresentar a Tite. Lógico que chegaria cansado, dormiria mal com o fuso horário e não haveria razão para escalá-lo de início. A Copa é em novembro, não agora em junho.

Pronto. Virou um problema. "Como encaixar Vinicius Junior?"

Como se o jovem atacante do Real Madrid não tivesse sido titular nos 4 a 0 sobre Paraguai e Chile, com gol de Vinicius neste último em jogo no Maracanã que sinalizou a formação do ataque com dois pontas - Antony entrou pela direita no Rio de Janeiro - e Neymar e Paquetá alternando por dentro. Atuação muito elogiada, principalmente pela solução encontrada por Tite. Será que houve um surto de perda de memória?

Agora, por uma questão de logística, o treinador precisa mudar a formação e uma dúvida é plantada onde simplesmente não existe. E que bom que Tite segue buscando alternativas para que o coletivo forte potencialize as individualidades. Ou querem que o time deixe de depender de Neymar para viver dos dribles de Vinicius?

Parece delírio, porém é apenas aquela vontade de colocar uma "ressalva" para não parecer iludido. Mas não é pecado dizer que o trabalho segue um bom caminho, mesmo sem garantia de hexa no final.