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Lula encontra Renan Calheiros e Eunício para selar apoio de parte do MDB

Lula posa com Renan Calheiros e Renan Filho após reunião em São Paulo - Divulgação/Ricardo Stuckert
Lula posa com Renan Calheiros e Renan Filho após reunião em São Paulo Imagem: Divulgação/Ricardo Stuckert

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

18/07/2022 04h00

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne hoje (18) com pelo menos dez diretórios do MDB para selar apoio à sua chapa à Presidência da República. O encontro ocorrerá em São Paulo, com a presença de senadores e figurões dos dois partidos.

Os detalhes foram acertados na visita de Lula a Brasília na semana passada. Mesmo com a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) pelo partido, o apoio deste grupo já estava claro em viagens do ex-presidente.

Até agora, os diretórios do MDB que fecharam acordo com o PT são de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. A articulação é feita pelo deputado José Guimarães (PT-CE), um dos coordenadores da campanha no Nordeste.

Deverão participar da reunião desta segunda os senadores Ranan Calheiros (MDB-AL), que sempre foi próximo de Lula; Eduardo Braga (MDB-AM); e Marcelo Castro (MDB-PI), além do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), que havia se distanciado do PT durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

O encontro terá um perfil mais simbólico. Em parte desses estados, os acordos já estão consolidados. Em Alagoas, Lula já subiu no palanque junto a Renan e com o ex-governador Renan Filho (MDB), pré-candidato ao Senado, em torno do governador Paulo Dantas (MDB), pré-candidato à reeleição.

Na Bahia, o MDB indicou o vereador Geraldo Jr. (MDB), presidente da Câmara Municipal de Salvador, para vice na chapa de Jerônimo Rodrigues (PT) ao governo estadual.

O mesmo movimento ocorreu no Piauí, com o deputado estadual Themístocles Filho (MDB), presidente da Assembleia Legislativa piauiense, como vice na chapa de Rafael Fonteles (PT); e no Rio Grande do Norte, com o deputado Walter Alves (MDB-RN) como vice pela reeleição de Fátima Bezerra (PT).

Em outros estados, os apoios foram consolidados mais recentemente. No Amazonas, Lula deverá subir no palanque de Braga, com acordo costurado pelo senador Omar Aziz (PSD), que busca reeleição.

Já havia a expectativa de que os três se unissem no estado, embora Aziz e Braga não sejam exatamente próximos, mas o martelo foi batido na viagem a Brasília, na última semana.

O diretório do Pará também se uniu ao grupo, embora ainda não esteja fechado o palanque do governador Helder Barbalho (MDB) com Lula. Helder sempre foi mais próximo do PT e apoiou o ex-candidato Fernando Haddad (PT) em 2018, mas não tem se envolvido nacionalmente até então. A expectativa é que, agora, isso mude.

Rusgas e constrangimentos

A união mostra também a reaproximação de uma ala do MDB que, antes próxima do PT durante os governos Lula e Dilma, se distanciou durante o processo do impechment.

Eunício, um dos fiadores da queda de Dilma, já havia comandado um jantar para Lula com figurões do MDB em abril. Uma foto dos dois tocando os punhos, gesto popularizado na pandemia de covid-19 que virou marca da pré-campanha de Lula, foi divulgada para mostrar que está tudo resolvido —só não contem com a simpatia de Dilma.

Lula e o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE) durante encontro em Brasília - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Lula e o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE) durante encontro em Brasília
Imagem: Reprodução/Twitter

O mal-estar com a ex-presidente lembra que acordos como esses trazem, também, alguns incômodos. Na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) segue como uma das lideranças do partido e faz parte do grupo de apoio a Lula.

Condenado por lavagem de dinheiro e organização criminosa, ele está em liberdade condicional desde fevereiro deste ano, mas seu nome segue sendo associado ao caso do bunker com R$ 51 milhões encontrado em um apartamento em Salvador, em 2017.

Lula tem evitado fotos públicas com o ex-ministro, mas Geddel já avisou que vão "ter de engoli-lo".

E Tebet?

Dentro do MDB, que oficialmente segue com Tebet como pré-candidata, o encontro é visto com indiferença. As lideranças que apoiam a senadora argumentam que este grupo sempre foi próximo a Lula e, na prática, já apoiariam o ex-presidente de qualquer jeito.

Renan chegou a fazer uma cruzada pública contra o lançamento de Tebet sob o argumento de que lançar mais um nome sem chance de vitória só enfraqueceria o partido. Em 2018, o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) acabou em sétimo lugar com 1,2% dos votos.

Tebet, nome alçado pela chamada terceira via, não decolou nas pesquisas e têm perdido apoios antes dados como certos. Ela tem 3,3% das intenções de voto, de acordo com o agregador de pesquisas do UOL, e quase nenhum palanque estadual forte.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) dará palanque ao deputado Luciano Bivar (União-PE), pré-candidato ao Planalto, embora o MDB também componha a chapa. É esperado que no Rio Grande do Sul, onde o MDB lutou por apoio o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), a situação seja semelhante.

Sobraria, entre os executivos estaduais, Barbalho no Pará e Ibaneis Rocha (MDB) no Distrito Federal. O primeiro, no entanto, está muito mais próximo de Lula e o segundo, do presidente Jair Bolsonaro (PL).