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Lula tem mais apoio em palanque no NE, e Bolsonaro, no Norte e Centro-Oeste

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

11/07/2022 04h00

A três meses da eleição, as equipes do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) correm para fechar acordos e definir todos os palanques estaduais. Considerando governadores e pré-candidatos aos executivos estaduais, até agora, o petista tem mais apoios no Nordeste, enquanto Bolsonaro tem um cardápio mais farto no Centro-Oeste e no Norte.

Entre os atuais governadores, Bolsonaro sai à frente. O presidente tem apoio de pelo menos dez nomes, candidatos ou não à reeleição, com simpatia de outros três. Já Lula angariou sete governantes, também com simpatia de outros três. Entre os restantes, há indefinidos e entusiastas de Ciro Gomes (PDT), da senadora Simone Tebet (MDB-MS), do deputado Luciano Bivar (União Brasil-PE) e de Luís Felipe D'Ávila (Novo).

O número relevante de acordos encobre, no entanto, dificuldades que os dois pré-candidatos mais bem cotados nas pesquisas eleitorais têm enfrentado nas negociações.

Nas diferentes regiões do país, os partidos têm feito alianças nem sempre reproduzidas pela coligação nacional.

As legendas devem realizar convenções entre 20 de julho e 5 de agosto para confirmar as candidaturas. A partir daí, os palanques estarão mais definidos para o início oficial da campanha eleitoral.

Lula tem vantagem no Nordeste

No Nordeste, Lula tem palanque direto de sete dos nove governadores, com exceção de Ceará e Sergipe.

No Ceará, berço político de Ciro, PT, PSB e PDT caminhavam juntos, com o ex-governador Camilo Santana (PT), agora pré-candidato ao Senado, e com a então vice e agora governadora, Izolda Cela (PDT). O PDT não definiu quem será o pré-candidato —pode ser ou não Cela, mas o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio é citado como um dos favoritos dentro do partido. De qualquer forma, Ciro considera impensável dar o palanque ao petista. A decisão deve sair ainda em julho.

Em Sergipe, o governador Belivaldo Chagas (PSD) lançou o deputado Fábio Mitidieri (PSD), que chegou a flertar com apoio do PT. Mas os petistas mantiveram a pré-candidatura do senador Rogério Carvalho (PT) em evento com participação de Lula.

Bolsonaro domina Centro-Oeste e Norte

Bolsonaro tem a maioria dos apoios dos governadores do Centro-Oeste e do Norte, ainda que informalmente. Mesmo com pré-candidaturas do PL em parte desses estados, alguns governantes já acenaram que o presidente tem espaço em seus palanques, se assim quiser.

No Centro-Oeste, é o caso de Mauro Mendes (União Brasil-MT) e Ronaldo Caiado (União-GO) e, no Norte, de Wilson Lima (União Brasil-AM), Marcos Rocha (União Brasil-RR) e Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO).

Já em Mato Grosso do Sul, no Acre e em Roraima, o presidente deverá ter o palanque exclusivo dos governadores Reinaldo Azambuja (PSDB), Gladson Cameli (PP) e Antonio Denarium (PP), respectivamente.

Em Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) segue flertando com Bolsonaro, mas diz que seu candidato é D'Ávila. Situação semelhante acontece com Helder Barbalho (MDB) no Pará, mas em relação a Lula. Ele promete palanque a Tebet, enquanto flerta com apoio petista.

Tebet também tem, teoricamente, o apoio de Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) no Rio Grande do Sul —com o reforço da campanha de reeleição de Eduardo Leite (PSDB) ao governo estadual. Ela tentou o palanque de Rodrigo Garcia (PSDB) em São Paulo, mas o ex-DEM preferiu fechar com o União Brasil e Bivar.

Palanques por partido

Considerando partidos, PL e PT também concentram os maiores números de palanques estaduais —ao menos por enquanto. A legenda de Bolsonaro terá palanque próprio em 15 estados enquanto a de Lula, em 11.

A base de apoio ao presidente também é mais pulverizada, com sete partidos, enquanto Lula tem apoio massivo de sua aliança nacional. Como já foi dito, em ambos os casos, no entanto, é esperado que essa configuração mude até o início da campanha, com a saída tanto de petistas quanto de liberais da disputa.

As negociações em cada estado

Com coligação já fechada, a equipe de Lula tem endossado pré-candidatos próprios e aderido a outros partidos pelo país. Em alguns locais, precisa ainda resolver impasses. Já o PL de Bolsonaro tem corrido para conseguir nomes viáveis nos estados onde não tem apoio do governo.

Mapa dos apoios eleitorais centro oeste - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

O polo do agronegócio, onde Bolsonaro leva a melhor nas pesquisas de intenção de voto em relação a Lula, é também o local onde tem os palanques mais solidificados.

Em Mato Grosso, o PL lançou, com apoio de Bolsonaro, o nome do deputado José Medeiros (PL-MT) ao governo —ele é um dos seus principais defensores na Câmara, e tem também a chancela do governador Mendes, enquanto a coligação de Lula ainda não fechou uma indicação, mas está em tratativas com o PP, base de apoio de Bolsonaro.

No Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) já declarou que deve "caminhar com Bolsonaro", mas o presidente acabou não embarcando por preferir lançar o ex-governador José Roberto Arruda (PL), que deixou de ser inelegível na última quinta (7), de quem é mais próximo.

Em Mato Grosso do Sul, Bolsonaro subirá no palanque do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) junto ao pré-candidato Eduardo Reidel (PSDB), ex-secretário, numa costura da ex-ministra Tereza Cristina (PP). Bolsonaro tem ainda o apoio do deputado estadual Capitão Contar (PRTB-MS).

Em Goiás, o presidente também tem a candidatura do deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), com a retaguarda de Caiado. Os dois chegaram a se estranhar durante a pandemia, mas está havendo um movimento de reaproximação.

O PT deve bater o martelo em torno do professor Wolmir Amado (PT), ex-reitor da PUC-GO.

Mapa dos apoios eleitorais - Nordeste - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

No Nordeste a situação se inverte: como mostrado anteriormente, Lula tem quase todos os palanques fechados enquanto o presidente ainda patina.

Em Alagoas, o petista está com o governador Paulo Dantas (MDB), numa aliança costurada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-governador Renan Filho (MDB), pré-candidato ao Senado. Bolsonaro ganhou o apoio do senador Fernando Collor (PTB-AL). Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e aliado de primeira ordem do presidente, preferiu não interferir.

Em Sergipe, o PL queria lançar o ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, que acabou inelegível, enquanto, no Maranhão, onde Lula estará com Carlos Brandão (PSB) e o ex-governador Flávio Dino (PSB), o partido de Bolsonaro está coligado com o PDT de Ciro. O ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim (PSC), pode se tornar uma opção.

Na Bahia, PT e PL deverão disputar diretamente, com o ex-secretário Jerônimo Rodrigues (PT) contra o ex-ministro João Roma (PL), e no Piauí, com o professor Rafael Fonteles (PT) e o ex-policial Major Diego Melo (PL). O piauiense Ciro Nogueira (PP), ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro, também decidiu não interferir.

Lula tem ainda a possibilidade de dois palanques em Pernambuco, com Danilo Cabral (PSB) e a deputada Marília Arraes (SD), ex-petista, e na Paraíba, com o senador Veneziano do Rêgo (MDB) e o governador João Azevêdo (PSB). Com disputas internas, ele só subirá nos palanques de Cabral e Veneziano.

Já Bolsonaro lançou o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), para ser seu nome em Pernambuco e o jornalista Nilvan Ferreira (PL) na Paraíba.

Só no Ceará ambos enfrentam impasse. Com Lula ainda sem definição, Bolsonaro tem a simpatia do Capitão Wagner (Pros), que não quis fechar exclusividade e afirmou dar palanque a mais de um candidato.

Mapa dos apoios eleitorais norte - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

No Norte, o presidente também conta com apoio ou simpatia de parte dos governadores que buscam reeleição, a maioria eleita na onda bolsonarista de 2018. Palanque direto, até então, ele tem no Acre, no Amazonas e em Roraima.

Em Rondônia, o PL lançou o senador Marcos Rogério, e no Tocantins, o ex-deputado Ronaldo Dimas, mas os governadores Marcos Rocha (União Brasil) e Wanderlei Barbosa (Republicanos) também devem apoiar o presidente. O partido também terá candidato próprio no Pará, com o senador Zequinha Marinho.

Já Lula praticamente fechou o palanque no Acre em torno do deputado estadual Jenilson Leite (PSB), com o ex-governador Jorge Viana (PT) ao Senado. No Amapá, único estado da região em que Bolsonaro não tem candidato, estará com Lucas Abrahão (Rede), nome do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Em Roraima, a aliança de Lula deverá estar com o ex-secretário Vinicius Miguel (PSB) e no Tocantins com o ex-deputado Paulo Mourão (PT). Na segunda semana de julho, fechou com o senador Eduardo Braga (MDB-AM) numa aliança junto ao também senador Omar Aziz (PSD-AM), que concorrerá pela reeleição. Falta um palanque oficial para Lula tanto no Pará, onde sonda Barbalho.

Mapa dos apoios eleitorais sudeste - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

No Sudeste, os dois pré-candidatos que lideram as pesquisas enfrentam situações semelhantes. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, na disputa ao governo Lula está com o ex-ministro Fernando Haddad (PT) — Márcio França (PSB), parte da chapa, desistiu na última sexta (8) —, e Bolsonaro, com o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos).

No Rio, Bolsonaro tem apoio da máquina de Cláudio Castro (PL) enquanto Lula está com o deputado Marcelo Freixo (PSB).

Em Minas, Lula conseguiu fechar aliança com o PSD do ex-prefeito Alexandre Kalil e Bolsonaro lançou o senador Carlos Viana (PL), o que irritou Zema, apoiador antigo que agora se afasta.

No Espírito Santo, depois de uma desavença ao lançar o senador Fabiano Contarato (PT-ES), o PT desistiu da candidatura e apoiará a reeleição de Renato Casagrande (PSB). No estado, o PL lançou o ex-deputado Carlos Manato (PL).

Mapa dos apoios eleitorais - matéria - sul - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

No Sul, os palanques de Bolsonaro também estão mais bem resolvidos que os de Lula.

No Rio Grande do Sul, onde o PT lançou o deputado estadual Edegar Pretto (PT), o presidente estará com o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) e ainda terá pedido de votos do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS).

No estado, a coligação de Lula tem ainda o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB), mas que não aceita a pré-candidatura petista e promete apoio a Ciro Gomes.

Em Santa Catarina, Lula também tem os palanques do ex-deputado Décio Lima (PT) e do senador Dário Berger (PSB), mas, mais uma vez, a chapa espera chegar com um só nome à campanha. Bolsonaro estará com o senador Jorginho Mello (PL-SC) e tem a simpatia do governador Carlos Moisés (Republicanos), com quem também chegou a romper —mas há espaço para reaproximação.

No Paraná, o PT filiou o ex-governador Roberto Requião, figura histórica do MDB, para enfrentar a reeleição de Ratinho Jr. (PSD), que estará com Bolsonaro, embora o PL tenha a pré-candidatura do deputado Filipe Barros.

Errata: este conteúdo foi atualizado
No mapa do Brasil que acompanha esta reportagem, o nome do governador de Minas Gerias, Romeu Zema, estava errado. No infográfico do Nordeste, as fotos de Jerônimo Rodrigues (PT) e João Roma (PL) estavam invertidas na Bahia. Já o Rio Grande do Norte, foi grafado erroneamente como Rio Grande do Sul. Os erros foram corrigidos.