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Tarcísio diz que coloca a cara no fogo por Bolsonaro e o exime de culpas

Ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) - Alan Santos/PR
Ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo*

27/06/2022 22h31Atualizada em 27/06/2022 23h59

Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL), disse hoje que "põe" a cara no fogo pelo aliado e o eximiu de culpas pelo escândalo do MEC (Ministério da Educação). A declaração foi concedida no Roda Viva, da TV Cultura, após pergunta da jornalista Cátia Seabra, da Folha de S.Paulo.

Segundo o MPF (Ministério Público Federal) há suspeitas de interferência do presidente nas investigações referentes ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, na Operação da Polícia Federal Acesso Pago. A informação consta em uma manifestação assinada pelo procurador Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, que pede o envio de parte das investigações ao STF (Supremo Tribunal Federal), segundo documento obtido pelo UOL.

Não acredito que ele [Bolsonaro] tenha qualquer interferência, qualquer vínculo, qualquer ligação com esse problema do MEC. [O senhor põe a cara no fogo pelo presidente, não pelo ex-ministro (Milton Ribeiro)?] Pelo presidente eu ponho, claro. Sem sombra de dúvidas, sem sombra de dúvidas. Tarcísio Gomes de Freitas ao Roda Viva

A pergunta da jornalista fez referência à declaração de Bolsonaro, em março, ao afirmar que "botava a cara no fogo" por Ribeiro. Em live na última semana, o presidente chegou a falar que "exagerou" pela frase, mas minimizou o caso e disse que "bota a mão no fogo" não só pelo ex-ministro da Educação como por outros ministros do governo. O mandatário mudou o tom na live sendo que no dia anterior, quando Ribeiro ainda estava preso, comentou que "se a PF prendeu, tem um motivo".

Presos na última semana, Milton Ribeiro, os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, o advogado Luciano Musse e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu tiveram a soltura decretada pelo TRF-1 na quinta-feira (23). Todos são investigados pelo "gabinete paralelo" instalado no MEC, com indícios de pagamento de propina e atuação de lobistas no processo de liberação de verbas do ministério a municípios.

Candidatura

Aparecendo em segundo lugar nas pesquisas, com 17% dos votos, atrás apenas de Fernando Haddad (PT), Tarcísio disse acreditar que o escândalo do MEC, investigações sobre família Bolsonaro no Rio de Janeiro e denúncias envolvendo o ministério da Saúde não irão afetar a sua candidatura.

"Tem muitas questões que acabaram não chegando a lugar nenhum, ou seja, as investigações não foram conclusivas. Eu não acredito em um impacto na minha candidatura aqui porque, no final das contas, eu acredito em um bom projeto. A gente está procurando mostrar e construir esse bom projeto."

Tarcísio admitiu que o presidente é "uma figura importante" na sua campanha e rasgou elogios ao aliado. Ele ainda apontou que a campanha vem crescendo bastante no estado.

"O presidente é uma figura importante na minha campanha, sem dúvida, porque ele manteve ao longo desse tempo um eleitorado fiel. Então, o poder de transferência de votos dele é muito grande. Não acredito que isso [o caso do MEC] vá trazer grande abalo na figura dele. Não acredito, sinceramente".

No início do programa, o político chegou a falar que Bolsonaro lhe "orienta" e destacou: "Minha lealdade e meu alinhamento com o presidente Bolsonaro é total".

Risco à democracia

O candidato também voltou a afirmar que não acredita que a democracia está em risco e minimizou os ataques frequentes do presidente às instituições.

"Isso [uma tentativa de golpe] não vai acontecer no Brasil. [O senhor põe a cara no fogo?] Não vai acontecer. Confio plenamente. O presidente é fruto, produto da democracia."

Tarcísio disse não vê o presidente "fazer defesa da ditadura militar", apesar das declarações do mandatário, e apontou que o nosso sistema democrático é "maduro, barulhento, e que não corre risco de ruptura".

"Acho que a gente vai ter um processo democrático agora final do ano. Vão ter eleições, essas eleições vão transcorrer tranquilamente e nós vamos ter os resultados proclamados e os seus vencedores tomando posse. [Está seguro que Bolsonaro não vai questionar o resultado da eleição?] Eu estou seguro que a eleição vai transcorrer normalmente e não vai haver questionamento", concluiu.

*Com Camila Turtelli, Eduardo Militão e Gabriela Vinhal, do UOL, em Brasília