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Enciclopédia sobre povos indígenas para crianças ganha versão para celular

Site sobre povos indígenas para crianças PIB Mirim ganha versão para celular - Paula Mendonça/ISA
Site sobre povos indígenas para crianças PIB Mirim ganha versão para celular Imagem: Paula Mendonça/ISA

Lígia Nogueira

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

21/10/2020 12h00

Primeiro site a falar de povos indígenas para crianças e adolescentes, o Povos Indígenas do Brasil Mirim acaba de ganhar uma versão para celular. Com conteúdo didático em forma de fotos, vídeos, jogos e informações para o público infantojuvenil aprofundar os conhecimentos a respeito dos povos originários do país, o "Pibinho", como ficou conhecido, contribui para o ensino virtual durante a pandemia, mas não só.

A plataforma criada em 2009 pelo Instituto Socioambiental (ISA) está ajudando a mudar a forma como os povos indígenas são tratados nas escolas e joga luz sobre o fato de que os povos originários são nossos contemporâneos e representam uma diversidade desconhecida pela maioria da população. Vale lembrar que estamos falando de quase um milhão de pessoas e mais de 250 povos que falam 180 línguas atualmente.

"Por isso é tão importante entender as diferenças culturais entre esses povos e ter elementos para compreender a história de uma outra forma", destaca Paula Mendonça, educadora com pesquisa em cultura da criança e infâncias indígenas e codiretora do curta-metragem "Waapa", sobre as brincadeiras das crianças do povo Yudja.

O ensino sobre a questão indígena nas escolas historicamente era realizado por meio de uma certa sequência apresentada nos livros didáticos que contava o surgimento do índio a partir do evento do descobrimento do Brasil, em seguida como aqueles que serviram como mão de obra escrava e, em um terceiro momento, como povos catequizados.

"Houve um investimento por parte do projeto de colonização para que os índios deixassem suas culturas e suas línguas para se tornar parte da sociedade nacional. Mais recentemente, principalmente depois da constituição de 1988, houve um movimento para que se mudasse a forma como a narrativa era contada nas escolas, incluindo as múltiplas visões sobre essa história, porque a forma como a gente aprendia antigamente considerava o índio genérico, não se falava da diversidade de povos, eles eram vistos como algo do passado. Isso gerou muitos estereótipos e preconceitos", diz a educadora.

Desfazendo estereótipos

A Lei 11.645, de 2008, busca mudar a forma como os povos indígenas são tratados nas escolas. "O site PIB Mirim é importante como apoio aos estudantes para que acessem essas informações de uma outra forma. Ele está organizado por seções e lá é possível encontrar a diversidade de povos indígenas que vivem hoje no Brasil, entender um pouco melhor as diferenças culturais entre esses povos e poder ter elementos para compreender a história a partir de uma outra visão", diz Paula.

Poty Poran, professora guarani da rede estadual de ensino de São Paulo há 19 anos, reforça a importância da plataforma. "Fico feliz que uma ferramenta como esta esteja ao alcance de quem tenha internet para ajudar a democratizar o conhecimento e, principalmente, desfazer estereótipos e pré-conceitos."