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Bilhete de ajuda de aluno leva pedagoga a arrecadar doação para 40 famílias

Bilhete que Mari De Col recebeu de aluno do 9º ano - Arquivo pessoal
Bilhete que Mari De Col recebeu de aluno do 9º ano Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, do Recife (PE)

18/01/2022 06h00

A pedagoga de uma escola pública do Paraná se sensibilizou com o pedido de ajuda de um dos alunos e montou uma rede solidária que proveu alimentação para 40 famílias. O estudante de 14 anos deixou um bilhete na mesa da profissional. No texto, ele diz que não tem o que comer em casa e que implora a ela por ajuda. A pedagoga jogou o bilhete em um grupo profissional e conseguiu arrecadar alimentos para ele, cujo pai é pedreiro e está desempregado. A empatia dela reverberou tanto nas redes sociais, que provocou uma onda solidária.

Várias doações foram chegando e, como a quantidade superava a expectativa, foram distribuídas para outras famílias de alunos que também estavam em situação difícil.

A pedagoga Mari De Col carrega doações para famílias - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A pedagoga Mari De Col carrega doações para famílias
Imagem: Arquivo pessoal

Mari De Col faz um trabalho de orientação com os estudantes na Escola Estadual Curitiba. Nesses atendimentos, um aluno do nono ano escreveu um bilhete em sala de aula, pediu licença à professora e disse que precisava falar com a pedagoga.

"E ele foi até minha sala e disse o seguinte: 'Professora Mari De Col, preciso da sua ajuda'. O que aconteceu?, questionei. E ele me entregou o bilhete", relembrou.

Ao perceber o conteúdo do pedido, Mari disse que iria fazer de tudo para ajudá-lo. No mesmo momento, preparou um café da manhã para o adolescente tomar em sua sala e depois o devolveu à sala de aula.

"Foi então que liguei no abrigo onde ele e o pai já haviam passado um tempo, e que ajuda os dois com doações. A responsável relatou que realmente eles haviam procurado por alimentos, mas o espaço estava sem para doação. Imediatamente, entrei em contato com algumas pessoas da minha família e amigos pedindo ajuda. E assim, a solidariedade foi grande", contou a Ecoa.

Alimentos arrecadados por Mari De Col para famílias de Curitiba (PR) - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Alimentos arrecadados por Mari De Col para famílias de Curitiba (PR)
Imagem: Arquivo pessoal

A pedagoga explicou que, embora o aluno tenha tomado a atitude de pedir socorro, outras crianças também enfrentam dificuldades semelhantes. Como a rede solidária encabeçada por Mari arrecadou bem mais do que o esperado, as doações também foram repassadas a outras 40 famílias.

Ajudando outras famílias

A alegria do adolescente e das demais crianças ao saberem que seriam ajudadas emocionou a profissional. "Todas as crianças que conseguimos ajudar ficaram com um sentimento de alegria estampada nos rostos. Muitas crianças vieram até mim perguntar se ainda tinha cesta básica, pois a mãe estava desempregada. E assim descobrimos e ajudamos muitas famílias", ressaltou.

A arrecadação ganhou grande proporção porque muitas pessoas se dispuseram a ajudar. "A cidade se mobilizou e foi incrível. Os corações das pessoas foram tocados com a ação desse nosso aluno."

Todas as doações foram levadas porta a porta para as famílias dos estudantes. O planejamento e a execução desse trabalho foram todos produzidos por Mari De Col. Ela e uma colega separaram as doações e saíram de carro levando as cestas às famílias.

"Na verdade, eu não pensei que as pessoas fossem ser tocadas como eu fui ao ler o bilhete. Meu sentimento é de gratidão a Deus por me colocar perto de pessoas, principalmente crianças, e poder contribuir com a vida delas. Minha infância não foi nada fácil e também precisei de ajuda", destacou.

O autor do bilhete conversou com a reportagem. A Ecoa, ele explicou que a situação em sua casa, com seu pai desempregado e sem ter onde conseguir recursos, já estava insuportável.

"Eu resolvi buscar ajuda porque não dava para continuar naquela situação. Quando entreguei o bilhete, Mari respirou fundo. Ela segurou a emoção e disse que faria o possível para me ajudar", disse o adolescente.

O pedido foi atendido. "O que chegou na minha casa dá para a gente se manter por uns dois meses. Só tenho a agradecer muito a ela e desejar que Deus a ilumine muito na vida", ressaltou.