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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Governo quer abolir o ponto no trabalho: novo paradigma para velhas mentes

Ponto eletrônico - Getty Images/iStockphoto
Ponto eletrônico Imagem: Getty Images/iStockphoto

02/08/2023 06h00

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Na segunda-feira, o governo federal anunciou as novas regras do chamado programa de gestão por resultados, uma prática que troca o controle de ponto tradicional por um sistema de entregas que em tese foca no resultado do serviço entregue à população.

Estive analisando o material divulgado e a transmissão ocorrida no mesmo dia da publicação da norma e tenho alguns pontos que gostaria de compartilhar com vocês sobre essa nova dinâmica trazida.

Controlar folha de ponto deixou de fazer sentido. Isso já era falado há muito tempo; o típico controle de ponto que só mensura o quanto você está num mesmo recinto e não o quanto você está rendendo nesse período é algo que só se usa por comodidade. Naturalmente, há ofícios que exigem um horário fixo para sua realização, e para eles é necessária uma boa sinergia entre a equipe, mas controlar ferrenhamente o horário com desconto de ponto só parece fazer sentido para um tipo de gestor: aquele que não gerencia bem sua equipe.

Mais uma vez: o gestor precisa fazer gestão. Aquele gestor que acha que ser gestor é apenas mandar e delegar deveria estar com os dias contados; infelizmente, não é esta a realidade no mundo corporativo e muito menos no governo. Mas a mudança de paradigma causada com a troca de horas pela entrega à sociedade não recomenda, mas EXIGE gestores melhor preparados para algumas coisas: entender o que está fazendo; entender o que o seu trabalho traz de benéfico para a sociedade; entender como a equipe pode contribuir com o seu melhor na execução do serviço; entender como valorizar o bom funcionário e lidar com o mau.

O home office não pode escravizar o trabalhador. Trabalhar de casa foi um avanço e deve ser incentivado sempre que possível, mas muitas mentalidades paradas no tempo acham que quem faz isso é vagabundo e por isso precisa trabalhar mais, até se esgotar. Metas absurdas, falta de horários para passar demandas, desconfiança... A mentalidade inflexível acaba por tornar o home office inflexível; é a mentalidade que precisa ser combatida e não o novo arranjo de trabalho.

Mudanças de cultura exigem preparação. É necessário que toda a organização esteja envolvida na construção de um novo arranjo e busque se informar sobre as implicações desse novo paradigma. Apenas implantar sem conversa, sem capacitação e sem convencimento, é a chave para o fracasso, e só um gestor mal-intencionado faz esse tipo de mudança sem envolver os afetados.

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