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Mari Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quando uma pessoa trans morre, como ficamos?

Taya Carneiro - Reprodução/Instagram
Taya Carneiro Imagem: Reprodução/Instagram

20/06/2023 06h00

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Este final de semana, soube da notícia da morte da ativista e comunicadora Taya Carneiro, por amigas dos meus tempos de militância em Brasília. Tive muito pouco contato com ela, mas pelos relatos das pessoas próximas, era uma pessoa apaixonada pelo que fazia e estava em seu melhor momento na carreira: havia lançado um documentário sobre a atuação do SUS durante a tragédia da Boate Kiss.

Iluminava os ambientes por onde passava. Militava e não tinha medo disso. Sempre foi atuante na defesa dos direitos das pessoas trans, o que faz muito sentido especialmente num lugar a nós hostil como Brasília e que cria toda uma rede de apoio.

Fica sempre um gosto amargo na boca toda vez que uma de nós parte, qualquer que seja o motivo. Taya tinha apenas 30 anos e toda uma vida e carreira pela frente. Mais um sonho foi abortado pela hostilidade que insiste em querer nos matar de qualquer forma. Há quem resista e há quem não.

Fica essa vontade de que tudo fosse diferente para nós, mais tranquilo e menos hostil. O fantasma da morte ainda persegue brutalmente as pessoas trans. Ainda há um longo caminho pela frente na consolidação dos nossos direitos e isso passa pela discussão aberta e madura sobre a humanidade das pessoas trans. Sim, a humanidade, porque somos humanas, e isso por vezes é esquecido.

Só mesmo reconhecendo a humanidade das pessoas trans e suas potencialidades podemos pensar em estratégias de geração de respeito e tolerância à existência de pessoas trans na sociedade, e não apenas nos espaços historicamente empurrados para nós.

À família de Taya, minhas sinceras condolências. Ela será mais um ser de luz que estará nos corações das pessoas que com ela conviviam, e que serão mais fortes com seus ensinamentos em vida.

*

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